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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

A REGIÃO DE BAURU EM 1934

Acervo Sud Mennucci/Ralph Mennucci Giesbrecht
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No mapa acima, feito para o Recenseamento Escolar de 1934, aparece a então Região de Itapetininga. Linhas pretas são ferrovias. Vermelhas grossas, rodovias (nenhuma pavimentada). Vermelhas finas, "caminhos". Pontos pretos dentro de círculos, sede de municípios. Pontos pretos isolados, sede de distritos.

Naquela época, as cidades ainda eram muito novas. Basicamente, eram cidades do final do século XIX, e, no caso de Marília, então o maior dos municípios, a cidade em si tinha menos de seis anos de idade, mas o município havia sido instalado poucos meses depois dos primeiros assentamentos. Com essa idade, já era uma cidade de grande importância. Embora a linha férrea do então ainda chamado de "Ramal de Agudos" tivesse bitola métrica ainda - a larga somente seria instalada vinte anos mais tarde - o movimento de trens já era grande. A linha terminava logo depois de Marilia, no distrito de Oriente.

Nenhum dos municípios mudou de nome, mas mudaram, bastante, de forma. Hoje, Oriente e Pompeia (Este último receberia trilhos já em 1935) tornaram-se municípios. E a linha da Paulista seguiria em frente, chegando em 1962 a Panorama, toda já então em bitola larga.

Outras linhas férreas aparecem no mapa, como o ramal de Bauru da Paulista (Pederneiras e Bauru) e o ramal de Bauru da Sorocabana (que vinha de Rubião Junior, em Botucatu - aliás, ainda vem). A Noroest do Brasil começava em Bauru como uma continuação do ramal da Sorocabana. Na época, já se podia ir muito longe de Bauru, até a Porto Esperança, no longínquo pantanal. De lá se tomava um barco pelo rio Paraguai para se chegar a Corumbá - que só teria seus trilhos em 1952.

Ainda se pode ver o ramal de Pirahuhy, da Noroeste. Quatorze anos depois, a cidade seria incorporada à linha tronco, desaparecendo o curto ramal. Guarantã e Pongaí tornar-se-iam municípios também. Fernão, formada em volta da estação ferroviária de Fernão Dias, separou-se como município do de Galia - e só Deus sabe como, com o tamanho e a economia desprezível que tem (não faz mal, quem paga é o bolso do contribuinte, mesmo).

E, por fim, vê-se mal e mal no mapa a ponta do ramal de Borebi, da Sorocabana, fora do município de Agudos (mas no município de Borebi, que estava fora dessa região) e que terminava próximo à divisa. Nos anos 1940 seria prolongado até Santa Flora, um esquecido local dentro do município de Agudos e que era a ponta de uma linha lenheira. Durou pouco essa extensão. Nos anos 1950, já não mais existia.

As mudanças em São Paulo foram muitas desde então. Desde a criação de inúmeros e pobres municípios desmembrados de outros até a decadência de boa parte dessa região. Mais para o oeste de Marília, que continuou crescendo, a decadência ainda é, infelizmente, uma realidade.

As ferrovias da região foram bastante modificadas desde então e, hoje, com exceção da Noroeste e do ramal de Bauru da Sorocabana, o movimento no que sobrou inteiro é praticamente nulo. Só se pode chegar a essas cidades hoje por rodovias, em geral boas, ou por aviões, em viagens bastante caras.

terça-feira, 27 de julho de 2010

BOREBI E SANTA FLORA

Estação de Borebi em foto de 25/7/2010 por Adriano Martins - ela pode ou não ter sido a estação. Há dúvidas e ninguém na cidade sabe...

Borebi é um município do Estado de São Paulo, na região de Lençóis Paulista e de Agudos. Emancipada como tal em 1990, tinha, em 2000, menos de 2 mil habitantes, segundo dados da Wikipedia.

Ainda não entendo como pode uma cidade com um número desses de habitantes tornar-se município, com os mesmos direitos de cidades com 100, 500 mil, 1 milhão ou mesmo 10 milhões de pessoas. Desperdício de dinheiro: tem-se de remunerar pelo menos um prefeito, nove vereadores e ainda secretários e assessores. É muito dinheiro para 2 mil pessoas apenas.

Assessores que, aliás, não trabalham muito bem: no site da prefeitura da cidade, colocaram quatro fotografias extraídas do meu site de estações ferroviárias - o ramal de Borebi, da Sorocabana, saía de Lencóis Paulista (da estação rural de Virgílio Rocha) e prolongava-se até a estação também rural de Santa Flora, esta no município de Agudos -, sem dar quaisquer créditos: nem para mim, nem para o site em si nem para os autores das fotografias. Um descaso total, que está se tornando cada vez mais comum. Vergonhoso para uma prefeitura.

Ali perto de Borebi, a estação terminal de Santa Flora foi ativada para levar trabalhadores para a extração de madeira no local. Na segunda metade dos anos 1950, a estação e o trecho do ramal entre as estações de Coronel Leite e Santa Flora foi desativado, pois a exploração da madeira acabou ali. O trecho e as terras por onde ele passava, além dos imóveis e propriedades, foi devolvida pelo Governo do Estado (a Sorocabana era estatal) aos antigos proprietários.

Hoje, o nome de Santa Flora é praticamente desconhecido na região. Em Borebi e em Agudos, todas as pessoas que consultei - eu e o Adriano, que me ajuda na busca - jamais ouviram falar dele. O acesso para o local onde ela estava - difícil acreditar que ainda exista algo no local depois de mais de 50 anos - é bastante difícil, as estradas rurais são ruins.

Os mapas não mostram nenhum local com esse nome - nem os da época, nem os atuais. O nome e o local somente teve citações encontradas nos relatórios da Sorocabana e na lei que autorizou o desmonte do trecho final do ramal, em 1958.

Santa Flora simplesmente desapareceu. Curioso caso, em que um local que existia até pelo menos 1958, portanto 52 anos atrás - tenha sido esquecido por todos. Enfim: procura-se alguém que tenha conhecido ou ouvido falar da estação de Santa Flora, onde, além da estação, havia pelo menos um armazém de mercadorias para os funcionários da ferrovia e os lenheiros.

Procura-se também alguém que ponha na cabeça dos governantes de Borebi alguma ideia sobre como respeitar direitos de autores.