domingo, 30 de abril de 2023

SÃO JOÃO DAS DUAS PONTES (2022)

 


ACIMA: Placa num dos limites da cidade. Não é um exemplo do que é a cidade, que tem casas e pequenos prédios de vários estilos e cores, bem como as cidades de hoje. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht

Tenho viajado muito pouco pelo Estado de São Paulo, infelizmente. 

Porém, deixo as lamúrias de lado e lembro-me de uma das últimas viagens de carro, em agosto do ano passado, que fiz levaram-me a Floreal, no noroeste do estado, onde tenho um amigo.

Eu e ele pegamos o carro e fomos até a cidade de Estrela do Oeste, para dar uma olhada na ferrovia que passa por lá, a antiga Estrada de Ferro de Araraquara. Ali também se entronca a muito mais recente ferrovia Norte-Sul, que hoje liga Estrela a Marabá, no Pará. Estrela era a opção mais próxima para quem queria, até 2001, tomar o trem na estação mais próxima de São João.

Nenhuma destas ferrovias tem hoje trens de passageiros. A E. F. A. teve-os até 2001. Hoje, só trens de carga, principalmente soja matogrossense.

No caminho para chegar a Estrela, passamos praticamente dentro de uma cidade bem pequena, que foi fundada em 1947 e que ganhou autonomia como município em 1964.

ACIMA: Fotografia mostra uma cidade arborizada e agradável e foi extraída
do site da Prefeitura em 30/4/2023


ACIMA: Árvores vistas a partir da estrada no meio de plantação próxima a Duas Pontes. Foto Ralph Mennucci Giesbrecht

O tempo nos impediu de entrar na cidade e explorá-la mais. As cidades dessa região são pequenas e muitas delas têm geralmente menos de 10 mil habitantes, como São João, que tem cerca de 2.600 habitantes. 

A cerca de cem quilômetros a oeste dela, fica a cidade de Sud Mennucci, que leva o nome de meu avô e foi fundada em 1948. 

domingo, 23 de abril de 2023

RUA QUINTINO BOCAIÚVA, SÃO PAULO (1958-2023)

 



ACIMA: Obras interrompem parte do tráfego de automóveis no local que parece ser a esquina com a rua Barão de Paranapiacaba (foto Folha da Noite, 1958).

As fotografias, extraídas do jornal Folha da Noite em 20/4/1958, mostra as obras na rua Quintino Bocaiuva (originalmente, rua da Cruz Preta e rua do Príncipe) na época. 


 ACIMA: O mesmo ponto de obras da fotografia atual que foi colocada mais abaixo neste texto (Folha da Noite)

Buscava-se alargar parte da rua do centro velho paulistano, onde alguns casarões antigos ainda avançavam sobre o alinhamento juntamente com calçadas e o leito carroçável. O artigo do jornal diz que as obras se iniciaram quase vinte anos antes, em 1939, mas estas se arrastaram por quase vinte anos, por causa de pendengas judiciais. A Repartição de Águas e Esgotos (AE - hoje Sabesp) e a Cia. Telefônica (CTB) também relocaram seus dutos e fiações sob e acima dos antigos restos dos sobrados, em alguna casos, totalmente derrubados.

Uma pena que a qualidade das fotos reproduzidas sejam de tão má qualidade, mas dá para ver que ainda havia obras ali.


ACIMA: A rua em 2023 (Google Maps).

A um quarteirão da Praça da Sé, a rua hoje tenta recordar seus tempos de fausto.


segunda-feira, 17 de abril de 2023

CARTA DE MAMÃE (COLINA, 1944)

 


ACIMA: Vista aérea da fazenda Nossa Senhora de Aparecida, extraída do Blog Nestor OF, de Colina, SP, em 17/04/2023. .

Em 1944, Astrea, que viria a ser minha mãe em 1951, estava de férias numa fazenda em Colina e dali escreveu uma carta para a mãe dela, Maria, que permanecera em São Paulo.

Colina é uma cidade próxima a Barretos, SP, e que nasceu de uma estação ferroviária da Paulista em 1909.

Segue a transcrição da carta: 

"14-1-1944.

Querida Mamãe

Como vão todos aí? Eu vou indo muito bem. Fiz boa viagem e estou gostando bastante daqui.

Tomo leite tirado na hora todas as manhãs, às 6 horas. Hontem choveu, mas hoje fez um dia lindo e de manhã andamos a cavalo. Em virtude de as aulas só começarem dia 7, Olga vai ficar até dia 30 e eu também.

A turma aqui é muito alegre e camarada. Hebe também é muito boazinha. Eu e ela estamos dormindo no mesmo quarto e à noite em vez de dormirmos, ficamos conversando e rindo até tarde, isto é, até a hora em que a Olga xinga, do quarto pegado.

O dono da fazenda, "seu" Plinio, está aqui, mas sozinho. A senhora dele não está. Ele é muito gentil.

Aqui no dia não se faz outra coisa senão comer o dia inteiro. Sérgio, principalmente, não para um instante de "moer".

Aécio, se estivesse aqui, haveria de gostar. Há 3 rapazes da idade dele: Sérgio, Helio e Gilberto (de Mogi) e outros menores. Brincam o dia inteiro, jogam bola e ficam vermelhos da terra. Aqui veste-se roupa um dia e já fica imunda.

Quando eu me habituar a montar, vamos visitar umas fazendas vizinhas que dizem ser umas maravilhas.

Olga quer saber se é possível mandar a máquina fotográfica e filme. Mas creio que é difícil, não?

A casa aqui é muito antiga, creio que tem uns 200 anos, mas é enorme e tem muito conforto.

Diga à Mévia que se eu seguir a regra, vou fazer concorrência a ela. Sérgio engordou 4 quilos em 15 dias. Hebe também. Ela é mesmo filha do dono da casa.

Mamãe, espero que você mande ao menos um bilhete em resposta.

Lélia já começou a fazer ginástica? E Mévia e Aécio, como vão? Papai sempre cheio de serviço, não?

Bom, mamãe, o assunto acabou. Meu endereço é: Fazenda Nossa Senhora da Aparecida, Linha Paulista, Colina.

Bom, aqui fico esperançosa de uma resposta sua.

Beijos nas crianças e abraços da sua filha, Astrea".

E agora, algumas explicações sobre a carta:

Astrea, na época, tinha 21 anos e ainda morava com seus pais na Vila Mariana, em São Paulo. É praticamente certo que tivesse ido de trem, pois Colina fica a 489 por trem da estação da Luz, na Capital e o acesso por automóvel na época seria impensável. A via Anhanguera estava no início de suas obras e as estradas seguintes eram péssimas, todas em terra.

Ainda havia resquícios da ortografia antiga no que Astrea escreveu: A palavra "ontem/' foi escrita por ela com "h", o que já era errado na época. Além disto, seu pai e sua mãe corrigiram diversos acentos mal colocados. Na carta existem as correções deles (chato, não?). Ela de estava de férias na faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da USP, no primeiro ano.

Muito provavelmente os amigos dela citados na carta embarcaram em Rio Claro no mesmo trem, já que moravam lá. Olga era prima de minha mãe pelo lado materno. Olga, Sergio e Plinio eram da família Passafaro,;pelo que me recordo, Olga (Fontes) casou-se com Sergio Passafaro.

Filmes e máquina fotográfica? Bem século XX, mesmo. Será que minha avó Maria mandou a máquina posteriormente, como pedido? Não encontrei fotos de lá, o que não é conclusivo.

Casa de 200 anos? Pouco provável, naquela região.

Notar o enedereço para correspondência: somente o nome da fazenda e a linha da Cia. Paulista e a cidade. Para que mais, todo mundo na região sabia onde ficava.

Aécio, Lélia, Mévia, irmãos de Astrea. Astrea era a mais velha deles. Todos filhos de Sud Mennucci e Maria, que faleceram respectivamente em 1948 e em 1987.

Astrea, minha mãe, ainda está viva, com 99 anos.


sexta-feira, 14 de abril de 2023

UMA MENNUCCI GIESBRECHT NA MARATONA DE ROMA (2023)

 

O Forum Romano em foto de 2022, por Christoph Keplinger

Depois de algumas semanas de atraso, transcrevo neste blog a aventura de minha filha com sua família, moradores da cidade de Pistoia, em texto escrito por minha esposa Ana Maria Giesbrecht, logo depois de receber as novidades de além-mar.

Com o Coliseu aguardando o retorno após 42.195 km em uma Roma que transporta você aos mais diversos períodos de uma cultura inigualável, a empresa ACEA Run Roma The Marathon foi a escolhida para um programa familiar de nossa filha Veronica e genro Alberto no início de abril deste mês, junto com nosso neto Massimo, de (quase) oito anos.

O percurso principal (normalmente escolhido pelos atletas, como Alberto) parte e chega ao Fórum Romano, passando em frente ao Vittoriano, na Piazza Venezia, com direito a contemplar o Circus Maximus, sentir a brisa do Lungotevere, passar em frente ao Castel Sant'Angelo, na Viale della Conciliazione com a Basílica de São Pedro, o Foro Italico e a Mesquita, Piazza del Popolo, Piazza di Spagna com a famosa Escadaria Espanhola, Piazza Navona, Via del Corso... como não podia deixar de ser, este foi o percurso escolhido pelo nosso genro italiano Alberto, que é atleta assíduo de Maratonas e Triatlo.

Há ainda a escolha de fazer um percurso menor, com cerca de 4,5km, caminhando e respirando todo aquele ambiente histórico. Este percurso foi o escolhido pela Veronica e o Massimo e, apesar de ser um evento internacional, minha filha correu com a bandeira italiana, sua segunda nacionalidade.

Correr ou andar em Roma é como estar em uma rua do século XV ou à época dos romanos antes de Cristo e depois voltar à vibrante cidade contemporânea com o contraste dos dias atuais e toda cultura milenar misturada!

O percurso incluiu o Fórum Romano, passando em frente ao Vittoriano, na Piazza Venezia, o Circus Massimus,  Castel Sant'Angelo, na Viale della Conciliazione com a Basílica de São Pedro, o Foro Italico e a Mesquita, Piazza del Popolo, Piazza di Spagna, Piazza Navona, Via del Corso… Que experiência!

A aventura começara um dia antes, com a viagem de trem da Toscana para Roma. Depois de um passeio pela cidade e a tradicional visita à Fontana di Trevi, esta última a primeira vez para o menino Massimo, foram para o hotel descansar para o grande evento.

Tudo isto feito por eles junto a um casal amigo, cujo filho é o melhor amigo do Massimo. Certamente, uma memória que guardarão para sempre!


sexta-feira, 7 de abril de 2023

ESTAÇÕES FERROVIÁRIAS DE FERNANDÓPOLIS E CERRO LARGO: UMA RESTAURADA, OUTRA AMEAÇADA (2023)

 


A estação de Fernandópolis, em abril de 2023, após o restauro (Foto da Prefeitura Municipal da cidade)

Duas notícias recebidas por mim por leitores de minhas postagens, um da cidade gaúcha de Cerro Largo e outro da cidade paulista de Fernandópolis, dão conta de como se tratam as estações ferroviárias desativadas nas ferrovias do Brasil. 

Em Fernandópolis, a antiga estação da E. F. Araraquara, inaugurda em 1949, estava fechada e abandonada já havia muitos anos. No início de abril deste ano, a prefeitura reinaugurou o prédio totalmente restaurado. Segundo a notícia, ela vai sediar um museu ferroviário.

Já na cidade gaúcha de Cerro Largo, a estação estava em mau estado e servindo de abrigo para indigentes e sendo palco de crimes. Originalmente, a estação havia sido inaugurada próxima da data de  elevação da cidade a município (1957), no ramal da Rede de Viação Férrea do Rio Grande do Sul (VFRGS). A população vinha pedindo providências. A Câmara de Vereadores se reuniu para discutir a sua demolição. O prédio ainda pertence à União.


A estação de Cerro Largo em 2023 (prédio à esquerda), vista aérea (Google Maps).

Dois tratamentos diferentes para duas construções com o mesma função original. Pergunto: se uma pôde restaurar a sua, por que a outra tem de ser demolida?

Estações ferroviárias, especialmente as que são as principais dos municípios, sempre foram um símbolo nas cidades, com sua constante manutenção obrigatória para a história da região e do Brasil. Não há como mantê-las íntegras para sempre?

Esperamos que os vereadores de Cerro Largo atentem para este fato. 

Cabe ressaltar que por Fernandópolis ainda passam trens cargueiros. Já a linha que passa por Cerro Largo foi abandonada já há vários anos.

Porém, linhas abandonadas para linhas cargueiras ou de passageiros não justificam o descaso com a estação.

quarta-feira, 5 de abril de 2023

MUNICÍPIOS DE SÃO PAULO E DE SANTO AMARO - MAPAS (1934 E 1935)

 

Mapa do município de São Paulo, Capital, logo após a absorsão do município de Santo Amaro, 1934.

Os mapas neste postageem foram encontrados no acervo de meu avô Sud Mennucci. Não é tanta gente assim hoje em dia que sabe que o município de Santo Amaro, existente desde o século XIX, foi anexado ao de São Paulo em 1934 (ver os dois mapas, desenhados pelo professor Moura Campos).

No mapa maior, vê-se como era a extensão da Capital paulista às vésperas da anexação do de Santo Amaro. O que delimita o município de São Paulo no desenho é a linha intermitente (._._.) que se vê nas divisas com outros municípios, na época Parnaíba, Juqueri (atual Mairiporã), Cotia, Santo Amaro, São Bernardo, Mogi das Cruzes, Guarulhos e Juqueri.

Com outros desmembramentos que houve nos anos seguintes, as fronteiras mudaram. Surgiram outros municípios em volta do de São Paulo, como Osasco, Santo André, Itaquaquecetuba, Cajamar e outros mais afastados ainda.

Fora outros detalhes, as divisas de São Paulo foram extendidas até o sul alcançando os municípios de São Bernardo, Itanhaém e São Vicente, desaparecendo o de Santo Amaro. 

Mapa do município de S. Paulo, em 1934, antes da absorção do município de Santo Amaro

No mapa menor, pode-se ver que a antiga divisa com Santo Amaro começava como uma linha reta intermitente que vinha de um ponto em Cotia e terminava na foz do córrego da Traição no rio Pinheiros (mais ou menos onde hoje é a barragem da Traição na avenida Marginal do rio Pinheiros). Depois, subia pelo córrego citado até oa região onde hoje está o Aeroporto de Congonhas.

O texto serve para mostrar os mapas dos anos 1930; possivelmente houve também pequenas correções na hora da união.

É interessante também notar as ferrovias existentes na época: SPR - Santos-Jundiaí (hoje linhas 1 e 11 da CPTM); EFS - Sorocabana (hoje linhas 8 e 9 da CPTM); EFCB - Central do Brasil, hoje variante de Poá e tronco; E. F. da Cantareira, parte dela, hoje linha 1 do Metrô).