quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

ALGUNS RESQUÍCIOS DE UMA HISTÓRICA VILA MARIANA (2022)

Sobrados geminados construídos provavelmente nos anos 1920 ou 1930 na rua Pelotas.

Pois é, eu não tenho saído muito de casa ultimamente, mas ontem eu e minha esposa conseguimos uma escapadinha  até o bairro de Vila Mariana.

Para mim, uma das mais bonitas regiões da cidade de São Paulo e que, como outras, está sofrendo nas mãos das construtoras de apartamentos.

Casas de diversos tipos preservadas na rua Pelotas, defronte so Shopping Center Pelotas

Estivemos na região da rua José Antonio Coelho, talvez uma das regiões mais antigas do bairro. No final do século XX, o senhor citado acima loteou o enorme terreno que possuía às margens do então chamado Caminho do Carro para Santo Amaro, que ligava o ponto extremo da rua da Liberdade ao centro do bairro de Santo Amaro (que, na época, era um município não pertencente à Capital do Estado).

Este "caminho" teria parte de seu trecho coberto por uma linha férrea (o lendário Tramway de Santo Amaro) a partir de 1886, trem este que era puxado por burros e logo depois por uma locomotiva a vapor.

O Caminho, renomeado como rua Domingos de Moraes em 1886, e a ferrovia seguiam juntas até o ponto onde se separavam no cruzamento com a atual rua Luis Goes. Ali, a ferrovia seguia então pela estrada do Jabaquara, passava por onde depois seria construído o Aeroporto de Congonhas; já o Caminho foi mais tarde renomeado como rua Senador Casemiro da Rocha a partir da rua Luis Goes. Ambos se encontravam no centro de Santa Amaro por dois trajetos não tão óbvios nos dias de hoje.

Casas originalmente de uso residencial na rua Humberto Primo, quase em frente à rua Pelotas

Enfim, com as novas perspectivas de comunicações e novos caminhos, a venda de terrenos principalmente com lotes para a construção de chácaras prosperaram por décadas.

Primeiro, as chácaras; depois, as residências assobradadas ou com chalés, formaram-se em área muito maior do que a original vendida por Coelho. As construções de um ou dois andares viraram maioria no bairro.

Ainda pode se encontrar em suas ruas casarões desta época, que por um motivo ou outro, tornaram-se residenciais e ou comerciais. Desde os anos 1970, no entanto, os edifícios de mais de dez andares foram dominando a paisagem e o preço pago por isto foi a demolição de inúmeras casas que deixaram delas somente a sua história, isto, quando conseguiram. Eu conheci muitas delas, tanto internamente quando esternamente. Monumentos de imensuravelmente foram arrasados com os prédios de concreto que se instalaram por ali.

Acrescento a este relato algumas fotografias, tomadas por mim nesta terça-feira, de casas sobreviventes dessa época, hoje já centenária. 


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