Mapa publicado pela Sorocabana no início dos anos 1920
Desde pelo menos os anos 1920, quando já havia chegado ao rio Paraná com uma linha-tronco de 903 quilômetros de extensão, a Estrada de Ferro Sorocabana pensava em melhorias na suas linhas. E havia uma escolha a ser feita: deveria ela melhorar o trecho entre Santo Antonio (hoje Iperó) e Avaré, ou construir uma variante unindo as cidades de Tatuí (ou mesmo de Itapetininga), estas duas já situadas no ramal de Itararé, e a de Avaré, na linha-tronco?
Pelo que se lê em alguns documentos e na imprensa durante os anos 1920 e 30, e mesmo nos 1950, a intenção era fazer a variante mantendo-se a linha já existente entre Iperó e Avaré que passa (até hoje) por cidades como Cerquilho, Laranjal, Conchas e a rica Botucatu.
A entrega da via férrea duplicada até Iperó, exatamente o ponto de bifurcação entre a linha-tronco e o ramal de Itararé, no final da 1928, dava mais força ao projeto, principalmente quando essa duplicação foi efetivamente construída também no ramal, até Itapetininga, passando por Tatuí.
Uma notícia de dezembro de 1938, publicada em jornais de Avaré e da Capital (O Estado de S. Paulo, 21/12/1938) afirmava que as obras começariam trinta dias depois. Porém, nada aconteceu.
E, em 1951, quando a linha foi eletrificada até Itapetininga, voltariam as perguntas: "quando será feito o resto? Para Avaré ou para o sul"? Mas nunca sairia a duplicação ou eletrificação da via além de Itapetininga, nem para Avaré, nem para o sul.
No entanto, uma análise superficial leva a crer que, se isso tivesse sido feito, a manutenção do tráfego na linha antiga seria extinta em pouco tempo. Esta linha foi realmente extinta em 1954, mas depois da entrega da variante que mudava seu traçado mais para o sul, mas ainda passando pela Serra de Borucatu. Esta era uma linha melhor.
Por que, então, não se construiu a variante Tatuí-Avaré, mesmo com esta continuar sendo citada nos anos 1950?
Esta, em teoria, reduziria bastante a extensão da linha - mais até do que a variante terminada em 1954 e que continuou a seguir por Botucatu. Porém, a região por onde ela deveria passar é até hoje uma região de matas. Além disso, até hoje, a única cidade que seria beneficiada com a linha seria as pequenas cidades de Guareí e de Itatinga. Entre Tatuí e Avaré, em linha quase reta, só existem Guareí, Itatinga e as matas - estas, em boa parte pelo menos nos dias de hoje continuam sendo matas, passando pelo sul das atuais rodovia Castelo Branco e ao norte da represa de Jurumirim, no rio Paranapanema.
Entretanto, se ela houvesse sido construída, muito provavelmente o trecho Iperó-Avaré, ou, talvez, dependendo do traçado, Iperó-Itatinga, teria sido eliminado em pouco tempo. Analisando também a grosso modo, poderia ser mantida por algum tempo a linha entre Avaré (ou Itatinga) e Botucatu como um ramal; o restante, entre Botucatu e Iperó, boa parte dele trecho de serra, poderia também ser erradicado, talvez mantendo-se o trecho menos acidentado, entre Conchas e Iperó.
São meras considerações que mereceriam um estudo mais profundo e que são sujeitas a controvérsias. Enfim, uma curiosidade histórica, desde os anos 1950. Hoje, provavelmente tudo estaria na mesma situação: pouco tráfego e, com a atual política de ferrovias no Brasil - esta, próxima a nenhuma - em vias de extinção, como está hoje a grande parte do tronco da velha e desaparecida Sorocabana.
(Texto atualizado em 28 de abril de 2017 pelo autor).
quinta-feira, 16 de março de 2017
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Ralf, grande parte do trecho entre Itapetininga e Avare, seria cortado dentro e Angatuba, próximo a sede do município, passando pela antiga fazenda Aterradinho, até a década de 40 era uma grande fábrica de algodão, tanto fibra como óleo! Fora que havia muita madeira disponível! ANGATUBA era uma cidade grande para a época, mais de 15 mil habitantes, tinha influência junto com Itapetininga! Infelizmente depois da derrubada de Júlio Prestes, a região padeceu de investimentos e até hoje é abandonada pelo governo estadual!
ResponderExcluirIa me esquecendo, havia solicitações da Câmara Municipal desde 1915 para a EFS fizesse um acesso a sede, já que a ferrovia passa 14 km ao sul! Era mais fácil ir até Itapetininga, 40 km do que na estação, o acesso era impraticável! ANGATUBA só saiu do isolamento em 1968 quando asfaltaram o acesso da cidade até a Raposo Tavares, concluída 10 anos antes e desviada do centro da cidade devido a obra da Represa Jurumirim!
ResponderExcluirParabéns pelo esmerado trecho escrito não só da história ,mas porVivenciar uma época gloriosa da EFS. Saúde ePaz.
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