sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

BRASIL: ENCHENTES URBANAS HÁ 500 ANOS

Uma das inundações recentes no Jardim Rochedale, em Osasco, SP (Jornal Pagina Zero)

O ano novo começou com muita chuva no sul do País. Em muitos dos locais atingidos por elas isto significa tragédia.

Em muitas das inundações causadas por elas nos últimos dias, não houve mortes. No entanto, houve-algumas, o que já é suficiente para enlutar brasileiros que, para piorar a coisa, perdem muitas vezes a quase totalidade dos seus bens.

A quem culpar por tudo isto? Os governos? Bom, sempre há sua parcela de culpa, mas, em muitas das situações, esta culpa pode remontar há décadas. Estes culpados já estão, em muitos casos, mortos. Culpados de terem aprovado (ou de nada terem feito para impedir) loteamentos legalmente constituídos ou clandestinos em áreas que já sofriam alagamentos constantes.

Algumas das inundações são inevitáveis. Algumas podem ser raras onde apareceram, mas nada poderia evitá-las.

Em outros casos, no entanto, e aí se incluem geralmente as áreas urbanas no meio de cidades grandes, esses alagamentos são evitáveis. Ou melhor, teriam sido, se as áreas não estivessem em áreas que se tornaram alagadas por causa da imensa impermeabilização do solo em volta, da mal-feita canalização de córregos e rios na região e da quantidade de lixo amontoada nas ruas e em áreas públicas, que incluem lixo jogado nas ruas e córregos e lixo que ainda não havia sido recolhido pelos caminhões da Prefeitura.

Esqueci de algo?

O fato é que, em muitas situações, não há outra solução, além de se evacuar o bairro e reflorestá-lo, deixando ali um mínimo de impermeabilização, para constituir um parque, por exemplo. Se isto não for feito, o sofrimento constante continuará. Piscinões podem ser a solução, mas não em todos os casos. Mais: o equipamento precisa passar por manutenção constante, o que não é um procedimento comum em terras brasileiras.

Apesar de tudo o que tem ocorrido desde tempos coloniais e imperiais, povo e governantes não aprenderam.

Um exemplo muito recente: o tal Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, inaugurado nos últimos dias de 2015. Sem entrar na existência do museu em si, há uma série de erros que foram feitos em sua construção, sendo o principal deles, o concretamento do piso entre ele e o prédio do antigo jornal "A Noite", uma vasta área que, de verde, tem apenas uma ou outra árvore plantada no meio de pequenos círculos no concreto. O correto, e mais que óbvio tendo em vista os problemas citados mais acima neste artigo, seria deixar a área gramada e bastante arborizada. Claro que não seria fácil manter a grama; porém, ainda assim, seria melhor arriscar ter esse terreno apenas com terra (e as árvores) a céu aberto, por mais absurdo que isso possa parecer.

Vemos que nossos governantes não aprendem, mesmo.

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