quinta-feira, 12 de novembro de 2015

FOLCLORE DA FEPASA: O ACIDENTE DE ITATINGA EM 1990

Esta era a estação de Itatinga em 1998, quando o prédio de alvenaria da estação, que existia em 1990, quando houve o acidente abaixo relatado, já havia sido demolido. Esse prédio havia substituído a estação de madeira que pegou fogo dois anos antes. Não tenho foto do prédio de alvenaria que pouco durou. (Foto minha).

O faxineiro morava e trabalhava em Botucatu. Num belo dia do mês de junho de 1990, tomou o trem na cidade e foi visitar o filho que morava na vizinha cidade de Itatinga.

Depois da visita, retornou à estação para tomar o trem de volta (não é mentira: ainda existiam trens de passageiros em São Paulo). Como o trem não parava na estação de Itatinga, apenas reduzia sua velocidade para que passageiros descessem e embarcassem (caso houvessem), ele escorregou e caiu da plataforma. As rodas do trem passaram sobre uma de suas mãos. O faxineiro perdeu três dedos. Ele teria de ficar seis meses afastado do emprego.

Só que pouco depois a FEPASA resolveu cobrar de Claro (o faxineiro) a quantia de Cr$ 5.622,72 (moeda da época: o cruzeiro, que havia sido implantado no começo deste mesmo anos, um ano depois da implantação do cruzado novo e quatro depois da do cruzado. Cada moeda significava a perda de três zeros da moeda anterior). Não era pouco dinheiro.

A FEPASA alegou que ele fora imprudente e por isso atrasara o trem por duas horas. Um dos seus filhos perguntou: como podiam culpá-lo pelo atraso de um trem que vivia atrasado?

E o presidente do sindicato dos ferroviários da região achou normal a multa, defendendo a FEPASA: "quando um funcionário provocava o atraso era punido. Quando o atraso for provocado por terceiros, como o passageiro, ele teria de assumir a responsabilidade".

Não sabemos se Claro pagou a multa e nem como se desenrolou o fato. Porém, se alguém não acredita, que leia a Folha de S. Paulo de 5 de setembro de 1990. A notícia está lá e pode ser lid na íntegra.

Um comentário:

  1. Era assim mesmo Sr. Ralph.
    Eu paguei inúmeras multas para a Sorocabana e para a Fepasa.
    Algumas por esquecer de bater o carimbo no passe do passageiro ou por não bater o carimbo do prefixo do trem na passagem.
    Hoje, passado tanto tempo, parece até brincadeira....
    Tinha multa e suspensão do serviço por dias...
    E ganhávamos uma miséria !!!
    Um dia se suspensão "quebrava" toda a rotina do mês, que era tudo controladinho.
    Imagine, então, vários dias ...
    Quando um trem descarrilava, coitado do Feitor e dos trabalhadores das Turmas de Conserva, coitados !
    Sr. Ralph, queira desculpar-me, mas FDPs existem de longa data..

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