sexta-feira, 26 de junho de 2015

ATUALIDADE FERROVIÁRIA BRASILEIRA - NADA DE NOVO NO FRONT

Trilhos abandonados em Uberlândia. Há 30 anos os moradores pedem sua erradicação, sem atentarem que iso poderia ser uma solução para o transporte público deles mesmos (Foto enviada por Glaucio Henrique Chaves).

Estive dando uma olhada nas últimas notícias sobre nossa sofrida rede ferroviária - tanto da parte que já existe quanto na que ainda não existe - e talvez nunca exista.

Primeiro, é a ferrovia chamada de "interoceânica", ou seja, para ligar o Atlântico e o Pacífico via Brasil e Peru, já sofre bombardeios de várias entidades que afirmam categoricamente que a ferrovia destruirá a Selva Amazônica.

Bom, supondo que algum dia essa ferrovia esteja construída e funcionando (hoje em dia sou extremamente cético quanto às velhas bravatas dos governos brasileiros) alguém tem de me explicar por que uma ferrovia cargueira e não de passageiros pode influir tanto assim num enorme desmatamento. Não está nem um pouco claro para mim. É só ter regras claras. Coisa que, aqui na terrinha, nunca funciona.


Segundo a entidade Survival, esta ferrovia atravessaria territórios de povos indígenas e causaria enormes danos à biodiversidade da Amazônia. A construção desse projeto "causaria estragos nas terras e vidas" de seus habitantes, pois "exporia seu território ao desmatamento indiscriminado de árvores, à exploração industrial, à mineração e à invasão de colonos". Em um país decente, isto seria facilmente contornável. Enfim, como essa ferrovia jamais deverá sair... Deixo os comentários para os próximos meses.

Segundo da lista: seguindo o tema "os trilhos do mal", Juiz de Fora quer retirar os seus da cidade - onde estão há exatos 140 anos. Contorno ferroviário é a solução, de acordo com eles. Só que neste caso se fala em deixar a linha atual no leito, para servir como leito de um VLT. O problema é que não se acredita muito nisso, pois esse fato sempre vai contra o ávido desejo dos prefeitos, que é a construção de avenidas - que vão na contramão do mundo atual, pois geram o aumento da circulação de automóveis e não de veículos de transporte coletivo.

Terceiro: Metrô do Rio, linha 3, que basicamente deveria seguir a antiga linha da Leopoldina entre o centro de Niterói e o município de Visconde de Itaboraí, volta a ser cogitada, depois de ter sido engavetada. Bom? Por enquanto, sim - resta saber se realmente será construída, depois de todas as enrolações que a travaram e das que ainda vão surgir para que seja efetivamente construída.

Quarto: linha abandonada da Mogiana em Uberlândia, na zona norte da cidade. Abandonada porque há anos foi feita uma variante por ali (trilhos do mal) e sobraram trilhos sem uso, que no entando estão na concessão da FCA. Esta não tem a menor intenção de mexer neles, claro. E o município está babando para fazer "parques públicos e avenidas", como sempre. Uso para transporte sobre trilhos, como trens metropolitanos ou VLTs? Nem se fala.

Quinto: Cuiabá já gastou uma fortuna com seu VLT, mas ele teve as obras interditadas há meses por má administração da verba, atraso nas obras... o de sempre. Porém, precisam terminar, que sempre será melhor do que abandonar. E está difícil, pois desde janeiro que se discute a reativação e o TCU não autoriza, pedindo um monte de condições que... bem, nem adianta entrar em detalhes. Resta somente adicionar que o VLT deveria estar funcionando antes do início da Copa do Mundo do ano passado.

Finalmente, devemos lembrar que o VLT de Santos está sendo efetivamente construído, a parte de São Vicente já funciona, a de Santos vai indo lentamente, mas vai indo... um milagre neste país.

Este é apenas um resumo bastante superficial da situação de seis projetos para a construção ou destruição de ferrovias brasileiras. Imprima em seu computador e, daqui a dez anos, pegue o papel amarelado e veja como tudo isto evoluiu (ou involuiu).

E olhem que nem falei aqui da Norte-Sul e da Transnordestina, verdadeiras obras de Santa Ingrácia.

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