quinta-feira, 14 de agosto de 2014

AS RODOVIAS NO VALE DO RIBEIRA DE 1935


Assim eram as estradas de rodagem no Vale do Ribeira por volta de 1935. A imagem chegou a mim, já recortada dessa forma, nos arquivos de meu avô Sud Mennucci. Não há menção de que jornal seja, nem a data exata.

O mais curioso é que, do outro lado desta imagem, há outro mapa. Qual mapa interessava a meu avô? Os dois? Seria uma coincidência terem publicado um atrás do outro na mesma folha do jornal? O outro era de Ribeirão Preto e será mostrado em outra oportunidade.

Adoro mapas, especialmente antigos e especialmente bem feitos e desenhados, como este. Obviamente as estradas não eram retas como aí é mostrado. A região é montanhosa em boa parte. Notar que nessa época geralmente se mostravam também as estradas de ferro, quando havia. Neste caso, não mostram.

Existiam ferrovias a serem mostradas. Ao norte, a linha-tronco da Sorocabana, de São Paulo a Sorocaba, e o ramal de Itararé, também da EFS, de Santo Antonio (hoje Iperó e não mostrado no mapa) a Itapetininga, daí seguindo para longe de Capão Bonito. E ainda a Santos-Juquiá, que seguia praticamente paralela ao eixo (neste mapa) Santos a Juquiá, via Itanhaém, Peruíbe, Alecrim (Pedro de Toledo), Bigué e Juquiá.

Nenhuma das rodovias aí desenhadas era asfaltada. Algumas estavam sendo construídas e outras eram "necessárias", ou seja, julgava que seria importante fazê-las, mas não existiam.

O grande eixo dessa região, hoje, é a BR-116, a Regis Bittencourt, que não existia. A estrada que ligava São Paulo a Curitiba era a que é chamada de "estrada estadual" no mapa, linha vermelha em traço grosso. Essa estrada ainda existe e parte de seu trecho entre Capão Bonito e Apiaí foi asfaltada somente em 2006, acreditem ou não. Existia a alternativa, bem mais longa, que seguir, a partir de Capão Bonito, para oeste até Itapeva e Itararé, depois Ponta Grossa e finalmente Curitiba. A atual BR-116, com 400 quilômetros e aberta somente em 1961, era bem mais curta que as duas citadas.

No mapa, podemos verificar que o único trecho que já existia dela era a ligação entre Biguá, Juquiá e Registro. A descida da serra do Mar seria feita pela estrada Piedade-Juquiá, hoje uma alternativa para a Regis, mas não muito segura. E não estava pronta na época do mapa. Porém, depois de Registro, que hoje é ligada a Jacupiranga e depois sobe a serra na divisa com o Paraná, não havia estrada alguma. De Registro somente se podia chegar, no máximo, a Cananeia.

Tempos de estradas ruins e transporte lento. Como a ferrovia que ligava São Paulo a Curitiba era praticamente tão longa quanto a alternativa rodoviária acima citada, por Ponta Grossa, era comum ir da capital paulista à paranaense por navio, tomando-se o trem em Paranaguá para chegar a Curitiba. Meu avô fez esta viagem pelo menos duas vezes; além disto, teve a coragem de fazer a viagem de automóvel, em 1935, pelo percurso que na época era o mais curto, ou seja, via Apiaí. Viagem esta que foi devidamente reportada por ele na época.

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