terça-feira, 22 de novembro de 2011

MEMÓRIA EM PEDAÇOS (OU CENAS DE HORROR FERROVIÁRIO)

Estação da Sorocabana em Bauru, com 107 anos de existência (Foto Mario Favaretto)

Pela enésima vez, apresento provas da destruição do patrimônio ferroviário paulista neste blog. Nenhuma surpresa para ninguém que acompanhe minimamente o que se passa nessa área.

O que me irrita, no entanto, são determinados detalhes que são vistos em meio a esse abandono.
Carros de passageiros enferrujando em Iperó (Foto Tiago Amato)

Somente nos últimos dois dias, chegaram-me às mãos fotografias de três locais diferentes em terras bandeirantes, onde são mostradas cenas de horror ferroviário.

Na primeira, Bauru: a estação da antiga Sorocabana, pequeno prédio bem no estilo da empresa no início do século XX, construída em 1904 para receber a primeira ferrovia que na cidade se instalou e que dois anos depois serviu de ponto de partida para as linhas da Noroeste, que na sua inauguração nem estação própria tinha.
Vagão tombado em Iperó (Foto Tiago Amato)

Este pequeno prédio foi desativado como estação em 1939, pois o governo federal construiu a estação da Noroeste que abrigaria a partir de então as três ferrovias da cidade (Noroeste, Paulista e Sorocabana). A partir de então, foi utilizado para outros usos, e nos últimos tempos serviu de depósito e escritório para fins não ferroviários, embora os trilhos se mantivessem junto a ela.

Agora, uma boa parte do trecho do pátio utilizado pelas três antigas ferrovias e hoje apenas em pequeno trecho pela ALL, foi entregue como pagamento de dívida trabalhista. E foi vendido para uma construtora que vai encher de prédios a região junto à avenida até o grande viaduto. O prediozinho histórico vai ficar, perdido no meio de grandes torres de apartamentos. Triste fim. Quase tão ruim quanto uma demolição.
Oficinas de soldagem de veículos de Iperó em ruínas (Foto Tiago Amato)

Em outro pátio não tão próximo, o de Iperó, vagões e carros enferrujam no tempo - e isso há anos. Alguns vão sendo removidos aos poucos. Ninguém parece se importar com eles lá. O problema é que, enquanto inúmeras associações de preservação ferroviária lutam ingloriamente tentando conseguir carros de passageiros para possíveis trens ou até para exposição e não conseguem, carros deste tipo estão jogados ali sem que ninguém possa ou queira fazer nada.

Da mesma forma, existe outro solitário jogado num canto do pátio de Paraitinga, na baixada santista.
Carro de passageiros tomado em Paraitinga (Foto Thomas Correa)

Isso tudo, fora o que não sabemos ou não temos notícias pelo resto do Estado... e do Brasil. Em Bauru ainda, o pátio de Triagem, embora sem fotos ontem, conserva suas assombrações. Idem Presidente Altino, em Osasco. E por aí vai.

4 comentários:

  1. NOSSA TENHO ATÉ VONTADE DE CHORAR COM ESSAS CENAS,UM CARRO RESTAURANTE JOGADO NO LIXO,NOSSA NEM QUIS MAIS VER ESSA FOTO,ESTOU MUITO TRISTE,POIS VIAJEI DURANTE 13 ANOS NESSES TRENS,DE 1987 ATE O SEU FINAL LAMENTÁVEL NA DECADA DE 90,UM ABRAÇO VOCE SENHOR RALPH POR LUTAR POR ESSA DAUSA QUE COM CERTEZA VC Ñ ESTARÁ SOZINHO E VAI CONSEGUIR VENCER.

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  2. qual a localização do vagão?

    Denuncia pro DNIT e ABPF

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    1. Denunciar para que? A ABPF já sabe e o DNIT, mesmo que saiba, nada vai fazer, como sempre.

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  3. Pais de corruptos é assim mesmo e pior o dinheiro de estadios poderia ter ido para.as ferrovias.

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