quinta-feira, 22 de julho de 2010

ERNESTO E A GLETTE

Palacete Jorge Street, em 1926, pouco antes das reformas que sofreu para abrigar a Faculdade.

Uma das ruas mais nobres da cidade de São Paulo na virada do século XX, a alameda Glette foi perdendo aos poucos seu casario e se transformando em rua de pequenas lojas de negócios e bares. Hoje, apenas algumas das construções que ela tinha ainda sobrevivem, algumas em más condições.

Começando na rua das Palmeiras, como continuação da rua Martim Francisco, a alameda Glette tem seu nome dado em homenagem ao alemão do mesmo nome, um dos loteadores do bairro de Higienópolis, este situado muito próximo ao início da rua. Termina em frente ao pátio da Sorocabana, na alameda Cleveland.
Era na Glette que ficava uma das garagens de bondes da Light e mais tarde da CMTC. A rua também abrigou os dois prédios da antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo até o final dos anos 1960. Uma das casas, a mais antiga, era o Palacete Jorge Street. Estas construções não mais existem. Da última, sobrou apenas uma enorme figueira, esta tombada pelo patrimônio dentro do terreno - hoje um estacionamento - onde as construções existiram um dia, chamada hoje de "Figueira da Glette".

Ainda se preservam em pé algumas casas do final do século XIX, bem como o antigo Palácio do Governo, hoje sede de uma secretaria estadual, entre a rua Guaianases e a avenida Rio Branco. Um belo palacete também está ainda de pé na esquina da Rio Branco, do outro lado da avenida em relação ao ex-Palácio.

Meu pai, Ernesto Giesbrecht, morou, estudou e trabalhou na alameda Glette. Residiu ali numa casa dessas casas com janelas para a calçada, vários quartos, térrea, de mais ou menos 1940 até 1948, aqui, quando já estava casado. Ia estudar e depois trabalhar a pé, pois a Faculdade - ele fez Química - ficava no quarteirão ao lado. Também estudou, de 1934 a 1941, no Liceu Coração de Jesus - que também ficava na Glette, próxima ao seu final. Ernesto não era daqui, nasceu em Ponta Grossa e veio com os pais, aos treze anos de idade, no início de 1934.

Depois de 1967, quando a Faculdade foi transferida para a Cidade Universitária, ele, que já morava no Sumaré desde 1950, nunca mais voltou para a Glette, depois de trinta e três anos seguidos passados nela. Não havia mais nada a fazer ali. Sua antiga casa já havia sido demolida. O Liceu, ele havia terminado. O Liceu ainda está ali até hoje, sofrendo com os "nóias" que ficam vagando em volta dele, assustando alunos, professores e pais todos os dias. A Glette, quem diria, acabou no meio dos drogados.

4 comentários:

  1. Muito legal esse registro. Na minha adolescência (déc. de 1970) a Glette era sinônimo de zona promíscua. Ou era a Nothmann, agora me confundo. O prédio do Liceu coração de Jesus é uma maravilha que não pode desaparecer. O ensino no colégio está nas últimas. Sabe se é tombado? Valeu.

    ResponderExcluir
  2. Olá,
    Parabéns pelo Blog. Sou do depto de Química da USP de Rib. reto. Conheci seu Pai no IQ USP de São Paulo e convivi com ele por vários anos. Era uma pessoa fantástica. Você sabia que há uma rua do nosso campus com o nome dele?
    Abraço

    ResponderExcluir
  3. Sim, eu soube, e há pouco tempo, através de uma prima minha que se mudou para a cidade recentemente. Abraços

    ResponderExcluir
  4. eu passava perto do Liceu para ir á escola joão kopke,como eu morava na São João,era um passeio ir até a minha escola,isso em meados de 1987 até 1989, adorava esse lugar que hoje infelizmente está se degradando pouco á pouco.Hoje moro no interior,mas foi uma época muito feliz e que eu tenho muitas saudades...

    ResponderExcluir