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sexta-feira, 21 de julho de 2017

TROQUE SUA LOCOMOTIVA POR UMA BICICLETA


Trilhos no ex-pátio ferroviário de Angra dos Reis.
Os prefeitos das cidades da região por onde passa um trecho da ferrovia que era chamada de linha-tronco da Rede Mineira de Viação (RMV), a parte que liga Barra Mansa a Angra dos Reis, que está desativada desde pelo menos dez anos, decidiram que a ferrovia dará lugar a uma pista para bicicletas.

Desça a serra com a sua bicicleta, que, para esses prefeitos, representa muito mais para o Brasil do que uma linha férrea exportando e importando mercadorias e que está ali desde 1928 (nota: a ferrovia toda ligou Angra dos Reis a Goiandira, no sul de Goiás, cortando três estados. Parte do trecho de Minas ainda funciona para a exportação de minérios, mas agora desaguam o produto por outros portos.)

Você dirá que os prefeitos não são os donos da ferrovia e que portanto nada podem fazer para reativá-la. Porém, há o que fazer, sim. Uma das armas é pressionar o governo federal, donos do espólio da antiga RFFSA, a obrigarem a concessionária da linha, que o é desde 1998, a reutilizar o trecho, coisa que esta não quer fazer, pois, depois de um desabamento na serra há mais de dez anos, não quis pagar para o conserto da linha... embora seja obrigada a isto por contrato.

Contratos de concessões ferroviárias no Brasil têm se mostrado inúteis. Não haveria muita diferença se nenhum contrato houvesse sido assinado e "a operadora que quiser usar os trilhos, que o faça e não encham o saco". Os três governos que ocuparam o cargo de Presidente no país desde 1998 nunca se importaram em fiscalizar com rigor o que estava sendo feito nas ferrovias brasileiras.

O resultado: de 28 mil quilômetros de ferrovias que existiam em operação em 1996, apenas (e com favor) metade está em condições de tráfego. Outros exemplos de deterioração vêm sendo seguidamente noticiados aqui neste modesto blog por anos, sem que nada tenha se alterado. Há outros interessados no assunto que também protestam, por diversas formas. Nada acontece.

As fotografias - várias que seguem - foram-me enviadas por Antonio Pastori, do Rio de Janeiro, outro eterno lutador da causa ferroviária. As fotos não têm o autor aqui colocado, pois, por descuido, acabei não anotando o seu nome. Falha nossa, mas acho que as fotos são importantes para se ver o descaso. Seguem todas elas, que mostram vários pontos do trecho citado.







quinta-feira, 25 de maio de 2017

OS TRILHOS DO MAL - AGORA CONTRA AS BICICLETAS

Uma das estações do trecho, Antonio Rocha: foto de Eliezer Magliano
O artigo abaixo afirma que o fim da ferrovia Barra Mansa - Angra dos Reis, construída em 1928 e utilizada até o início dos anos 2000, está para ser erradicada dos mapas.

Para que? Para se fazer pista de bicicletas, que poderão subir e descer a Serra do Mar naquele ponto.

O que se gastou para construir aquela linha não importa - nem o que seria benéfica ao país caso fosse restaurada. Não falo de trens turísticos, não: falo de de trens cargueiros, que já a utilizaram muito, e, num atrevimento de minha parte, trens de passageiros também, extintos no início dos anos 1980.

Acabar com uma estrada de ferro para construir pista de bicicletas, para mim, é caçoar da inteligência dos brasileiros.

Já os poucos ciclistas que vão achar isso uma maravilha, aí não sei.

A pintegra da reportagem segue abaixo: Caso alguém queira ler o artigo na Internet, clique aqui.

Antes, algumas correções no trecho que segue: 1) trens de passageiros pararam mesmo no início dos anos 1980; depois, só trens turísticos em algumas (poucas) oportunidades, até 1996. A linha que transportou passageiros, entre Ribeirão Vermelho e Barra Mansa, esta sim teve passageiros até 1996. O restante, de Ribeirão Vermelho até Goiandira, parou parte no final dos anos 1970, parte no início dos 1980. A linha entre Barra Mansa e próximo a Monte Carmelo, MG, próximo à divisa MG/GO, ainda tem trens cargueiros. Esta linha foi abandonada pela concessionária quando, na primeira metade dos anos 2000 (2000-2005), um temporal varreu e soterrou alguns trechos, que o governo e a concessionária nunca se dignaram a consertar.

Barra Mansa, Angra dos Reis e Rio Claro se unem para criar a CicloAtlântica

Trecho da antiga ferrovia que ligava Angra dos Reis, Rio Claro e Barra Mansa, pode dar lugar a mais importante ciclovia do país
Os prefeitos de Barra Mansa, Rodrigo Drable; de Angra dos Reis, Fernando Jordão; e de Rio Claro, José Osmar, se reuniram nesta segunda-feira, dia 22, com o diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, Charles Magno Moreira e dirigentes da VLi-FCA, para dar início, oficialmente, ao processo de construção de uma das mais importantes ciclovias do país: a CicloAtlântica.  Com pouco mais de 108 quilômetros, o projeto de construção ganha força depois que os três prefeitos se uniram para criação do Consórcio Intermunicipal da Ciclovia do Atlântico.  O projeto envolve desenvolvimento econômico, fomento ao turismo e a preservação de um dos trechos mais importantes do Bioma Mata Atlântica, entre os três municípios.
Para o prefeito Rodrigo Drable, um dos idealizadores do projeto e que também é ciclista, transformar uma ferrovia desativada em uma ciclovia nos moldes e nos padrões internacionais, como a Via Cláudia Augusta, na Alemanha; Caminho Francês e Português a Santiago de Compostela e as famosas rotas dos Países Baixos cria uma nova forma de aquecimento econômico, geração de emprego e renda para as cidades da região Sul Fluminense. “Temos que buscar soluções práticas, modernas e que tragam resultados econômicos para a região e para o Estado do Rio. O ciclismo é o esporte que mais cresce no Brasil e não podemos perder esta oportunidade de atrair turistas de várias partes do país e do mundo”, explica o prefeito Rodrigo Drable.
O DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) já iniciou as negociações com a concessionária VLi-FCA, que detém a exploração do trecho, para que seja feito a devolução da área, que já não é utilizada desde o início dos anos 90. Os próximos passos serão dados a partir da transmissão patrimonial, que será feita pela SPU (Secretaria de Patrimônio da União)/DNIT aos municípios do consórcio.
No documento assinado pelos prefeitos e entregue ao diretor do DNIT foi abordado que em anos anteriores tentaram transformar a ferrovia desativada em nova rota de cargas e passageiros e, até mesmo, numa rodovia como rota alternativa a RJ-155. Os prefeitos defendem que a ocupação alternativa seja utilizada por modal de transporte sustentável, com potencial para geração de emprego e renda, com fomento ao turismo, com infraestrutura hospedeira e alimentação.   
Um pouco de história

De Goiás a Angra dos Reis. A linha-tronco da RMV foi construída originalmente pela E. F. Oeste de Minas a partir da estação de Ribeirão Vermelho, onde a linha de bitola de 0,76 chegou em 1888. A partir daí, a EFOM iniciou seu projeto de ligar o sul de Goiás a Angra dos Reis, passando por Barra Mansa por bitola métrica: construída em trechos, somente em 1928 a EFOM chegou a Angra dos Reis, na ponta sul, e no início dos anos 1940 a Goiandira, em Goiás, na ponta norte, e já agora como Rede Mineira de Viação. A linha chegou a ser eletrificada entre Barra Mansa e Ribeirão Vermelho, e transportou passageiros até o início dos anos 1990. Nos anos 1970, o trecho final norte entre Monte Carmelo e Goiandira foi erradicado devido à construção de uma represa no rio Paranaíba, e a linha foi desviada para oeste encontrando Araguari. A linha, já não mais eletrificada, é operada pela concessionária VLi-FCA

segunda-feira, 6 de julho de 2015

FERROVIAS BRASILEIRAS: DESTRUIÇÃO SEM NENHUMA FISCALIZAÇÃO

Três fotografias tomadas por Alex Rossi alguns dias atrás e que mostram o estado da linha férrea entre Barra Mansa e Angra dos Reis. Uma vergonha, um desperdício de dinheiro e de infraestrutura num país tão necessitado.
O Facebook é uma mina de informações atualizadas (e não-atualizadas também, claro) sobre tudo. Inclusive sobre as ferrovias brasileiras.

Ontem ou anteontem, alguém postou fotografias sobre o estado de uma linha que, até um passado não tão remoto, ainda permitia a passagem de alguns cargueiros e até de trens turísticos de passageiros. Esta linha fazia parte da antiga linha-tronco da Rede Mineira de Viação e ligava Angra dos Reis a Goiandira.

Os trens de passageiros de linha do trecho Barra Mansa a Angra acabaram ainda nos anos 1980. A linha-tronco citada teve, entretanto, trens de passageiros até o início dos anos 1990 - sendo que o que sobrou acabou em 1996, pouco antes da privatização. Era o famoso trem mineiro, que saía de Barra Mansa e seguia até Ribeirão Vermelho, em Minas Gerais. Excelente passeio, que inadvertidamente perdi. Afinal, no início dos anos 1990 eu estava ainda completando quarenta anos de idade.

Mas o tempo passou e a linha férrea foi privatizada. Quem teve a feliz ideia e recebeu-a a concessão foi a Ferrovia Centro-Atlântico, FCA, hoje chamada de VL! - com interjeição, mesmo. Difícil de pronunciar, então se fala e até se escreve VLI mesmo, na intimidade.

A FCA utilizou a linha em toda sua extensão. Linha que, afinal, desde o final dos anos 1970, ligava Angra a Araguari, pois o trecho final que a ligava a Goiandira foi inundado por uma represa. Fato, que, aliás, alagou muitas ferrovias pelo Brasil inteiro e, na maioria das vezes, sem a construção de uma alternativa ferroviária.

Pouco antes da privatização em 1997 ainda rodava, sob os auspícios da "suicidada" RFFSA, um trem turístico entre Barra Mansa e Lídice, no planalto. Um pouco depois desta estação, a estrada descia a serra para chegar a Angra.

A FCA foi usando a linha toda, mas o trecho Brra Mansa-Angra era trafegado cada vez menos, até que, há uns dez anos mais ou menos, veio a chuva, que destruiu parte da linha na serra. oi a desculpa ideal para os cessionários. Em vez de consertar (muito caro, não?), deixaram-na como estava. Outra vez o tempo passou (ele sempre passa, e rápido!) e, hoje, a ferrovia está como se vê nas fotografias do topo da página.

Isso aconteceu com outras ferrovias concessionadas - e, na mioria, nem precisou que o tempo se manifestasse. As concessionárias simplesmente as abandonaram à sanha das intempéries.

Pergunto: porque a União, dona de quase todo o patrimônio ferroviário, não pressiona as concessionárias para consertarem os inúmeros trechos abandonados e colocarem-nos novamente disponíveis ao tráfego? Se as ferrovias não se interessam por elas, poder-se-ia cedê-las para outros interessados, ou, mesmo, vendê-los (meu Deus, este verbo assusta o governo que nos desgoverna há treze anos!). Que não se diga que "não sabiam": basta ler meia dúzia de grupos no Facebook...

E, se o governo não age, por que nós, interessados no assunto e, em última análise, em nosso dinheiro que está se afundando em lama - afinal, não é o povo brasileiro o principal acionista de tudo isso? - não agimos? Sim, nós! Deveríamos fazer denúncias atrás de denúncias ao Ministério Público e, até, colocar ações conjuntas, sem envolver o MP, para processar o governo. É evidente, porém, que, neste último caso, incorreremos em custos os quais muito de nós não poderemos arcar, o que é, efetivamente, um problema.

O que os brasileiros não podem é ficar passivos, olhando tudo escorrer entre nossos dedos.

terça-feira, 24 de maio de 2011

CONCESSÕES FERROVIÁRIAS À DERIVA

O abandono desta ferrovia, aberta em 1928, tendo hoje , portanto, 83 anos de idade, é notório. Trata-se do início da que um dia foi a linha-tronco da Rede Mineira de Viação, Angra dos Reis-Goiandira.
Ninguém se responsabiliza pelo conserto das avarias no pátio e região urbana da cidade de Angra dos Reis. Por causa disso, caminhões se acumulam cada vez mais nas estradas mineiras e fluminenses.
Estas fotografias mostram como as concessões ferroviárias no Brasil estão degradadas.
O governo nada faz, a não ser ficar olhando. As concessionárias - neste caso, a FCA - não se mexem e esperam, claro, que o governo repare tudo. Se não o fizer, não faz mal. Ela continuará não rodando por ali.
Este é apenas um dos exemplos de como as ferrovias são tratadas neste país, que muito precisa delas.

As fotos foram-me enviadas hoje por Jorge A. Ferreira e foram tomadas por Aleksander Oldal nos últimos dias, em Angra dos Reis, RJ.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

LAVRAS, RIBEIRÃO VERMELHO E VERGONHA NA CARA



Recebi hoje do Antonio Pastori uma série de fotografias - não sei o autor, mas as fotos vieram dele - da depredação das oficinas de Lavras, em Minas Gerais.

O complexo ferroviário de Lavras-Ribeirão Vermelho, criado no século XIX e originalmente construído pela E. F. Oeste de Minas, tinha importância bastante relevante na região. As duas estações eram muito próximas estando, na sua criação, dentro do mesmo município (Lavras). Com o tempo, as duas estações receberam bitola mista, pois por elas também passou a linha Angra dos Reis-Goiandira, a partir dos anos 1920.
Com toda essa importância, era natural que ali passasse a existir oficinas e pátios grandes. Em 1965, mais uma estação se juntou às duas que existiam em Lavras e à de Ribeirão Vermelho: o pátio de Engenheiro Behring. Pouco depois, eliminou-se a linha de bitola menor (76 cm), permanecendo somente a métrica. Com os ramais que foram construídos ali perto, do complexo era também possível chegar ao Triângulo Mineiro e à região de Campinas, através de outra linha que saía dali e, chegando a Três Corações, possibilitava o acesso ao ramal de Sapucaí, que alcançava Mogi-Mirim.
Porém, a hecatombe ferroviária brasileira eliminou trens de passageiros, eliminou os trens elétricos que também passavaam por Lavras e Ribeirão Vermelho, eliminou muitas das cargas que enchiam a linha e eliminou um dos ramais, exatamente o que ligava a Campinas. As oficinas do complexo foram sendo abandonadas. Em Ribeirão Vermelho, a bela rotunda é hoje ruínas. Em Lavras, as oficinas ainda estiveram nas mãos da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) até algum tempo atrás.

Num determinado momento, a FCA desinteressou-se pelo prédio e por suas instalações. Em vez de agir conforme exige o contrato de concessão (neste ponto, semelhante a um contrato de aluguel de uma casa, ou seja, quando o inquilino a deixa, tem de deixar em ordem), simplesmente largou o prédio totalmente abandonado: hoje, é fácil se entrar nele e fotografar o material espalhado de qualquer forma no meio da sujeira... sem contar vidros quebrados, telhas faltantes, goteiras, vazamentos, depredações, etc.
O que está grassando pelo País, cada vez com mais frequencia, é a falta de vergonha, de ética, em nome de se lucrar o máximo sem dar valor às obrigações. E também a falta de fiscalização da União por seu patrimônio - embora, antes de devolver seu imposto de renda, ela fará o possível para lhe glosar tudo que pode (e o que não pode) e te encher de multas retroativas. Já com a FCA e outras concessionárias... finge que esquece.