O Estado de S. Paulo, 17/10/1926
Havia muitas histórias da carochinha nos tempos idos das ferrovias brasileiras. Uma delas é a ferrovia que deveria ligar as cidades mineiras de Formiga e de Passos.
Em 1926, para que queriam esta ferrovia, nem desconfio. Formiga tinha sua ferrovia, que originalmente foi da E. F. de Goiaz e depois da E. F. Oeste de Minas, que ficou com a parte mineira da primeira depois de alguns anos. Já Passos tinha desde 1921 uma ferrovia construída pela Mogiana, com trens vindos de Casa Branca e de Guaxupé. E eventualmente, de São Simão, pela linha da E. F. São Paulo a Minas, que ligava esta última a São Sebastião do Paraíso e ali se entroncava com a linha Guaxupé-Passos da Mogiana.
Bom, a única ideia que agora me apareceu foi que esta estrada poderia deslocar mercadorias da região de Passos para o porto de Angra dos Reis, que estava tendo a ferrovia nessa época construída entre o porto e Barra Mansa.
Google Maps
O fato é que lendo uma reportagem de outubro de 1926, publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, foi a primeira e a única vez que ouvi falar dessa ferrovia. Enquanto isso (veja reportagem) o povo de Formiga dançava ao som da banda de música, para comemorar (ou para dançar, mesmo - o que havia para se fazer numa cidade como Formiga nessa época?).
Se ela tivesse sido construída, teria de ter um movimento muito intenso para manter sua existência nos anos 1960. Se não, seria fatalmente engolida, como o foi a linha Guaxupé-Jureia-Varginha, pela construção da represa de Furnas. O mapa aqui anexo mostra a posição das duas cidades num mapa de hoje. Tirem suas conclusões. A cidade de Passos está a meio caminho entre o limite esquerdo do mapa e seu centro. Formiga, no canto superior direito. Seriam pelo menos 150 quilômetros de ferrovia entre as duas cidades.
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quarta-feira, 16 de agosto de 2017
sexta-feira, 21 de julho de 2017
TROQUE SUA LOCOMOTIVA POR UMA BICICLETA
Trilhos no ex-pátio ferroviário de Angra dos Reis.
Os prefeitos das cidades da região por onde passa um trecho da ferrovia que era chamada de linha-tronco da Rede Mineira de Viação (RMV), a parte que liga Barra Mansa a Angra dos Reis, que está desativada desde pelo menos dez anos, decidiram que a ferrovia dará lugar a uma pista para bicicletas.
Desça a serra com a sua bicicleta, que, para esses prefeitos, representa muito mais para o Brasil do que uma linha férrea exportando e importando mercadorias e que está ali desde 1928 (nota: a ferrovia toda ligou Angra dos Reis a Goiandira, no sul de Goiás, cortando três estados. Parte do trecho de Minas ainda funciona para a exportação de minérios, mas agora desaguam o produto por outros portos.)
Você dirá que os prefeitos não são os donos da ferrovia e que portanto nada podem fazer para reativá-la. Porém, há o que fazer, sim. Uma das armas é pressionar o governo federal, donos do espólio da antiga RFFSA, a obrigarem a concessionária da linha, que o é desde 1998, a reutilizar o trecho, coisa que esta não quer fazer, pois, depois de um desabamento na serra há mais de dez anos, não quis pagar para o conserto da linha... embora seja obrigada a isto por contrato.
Contratos de concessões ferroviárias no Brasil têm se mostrado inúteis. Não haveria muita diferença se nenhum contrato houvesse sido assinado e "a operadora que quiser usar os trilhos, que o faça e não encham o saco". Os três governos que ocuparam o cargo de Presidente no país desde 1998 nunca se importaram em fiscalizar com rigor o que estava sendo feito nas ferrovias brasileiras.
O resultado: de 28 mil quilômetros de ferrovias que existiam em operação em 1996, apenas (e com favor) metade está em condições de tráfego. Outros exemplos de deterioração vêm sendo seguidamente noticiados aqui neste modesto blog por anos, sem que nada tenha se alterado. Há outros interessados no assunto que também protestam, por diversas formas. Nada acontece.
As fotografias - várias que seguem - foram-me enviadas por Antonio Pastori, do Rio de Janeiro, outro eterno lutador da causa ferroviária. As fotos não têm o autor aqui colocado, pois, por descuido, acabei não anotando o seu nome. Falha nossa, mas acho que as fotos são importantes para se ver o descaso. Seguem todas elas, que mostram vários pontos do trecho citado.
Os prefeitos das cidades da região por onde passa um trecho da ferrovia que era chamada de linha-tronco da Rede Mineira de Viação (RMV), a parte que liga Barra Mansa a Angra dos Reis, que está desativada desde pelo menos dez anos, decidiram que a ferrovia dará lugar a uma pista para bicicletas.
Desça a serra com a sua bicicleta, que, para esses prefeitos, representa muito mais para o Brasil do que uma linha férrea exportando e importando mercadorias e que está ali desde 1928 (nota: a ferrovia toda ligou Angra dos Reis a Goiandira, no sul de Goiás, cortando três estados. Parte do trecho de Minas ainda funciona para a exportação de minérios, mas agora desaguam o produto por outros portos.)
Você dirá que os prefeitos não são os donos da ferrovia e que portanto nada podem fazer para reativá-la. Porém, há o que fazer, sim. Uma das armas é pressionar o governo federal, donos do espólio da antiga RFFSA, a obrigarem a concessionária da linha, que o é desde 1998, a reutilizar o trecho, coisa que esta não quer fazer, pois, depois de um desabamento na serra há mais de dez anos, não quis pagar para o conserto da linha... embora seja obrigada a isto por contrato.
Contratos de concessões ferroviárias no Brasil têm se mostrado inúteis. Não haveria muita diferença se nenhum contrato houvesse sido assinado e "a operadora que quiser usar os trilhos, que o faça e não encham o saco". Os três governos que ocuparam o cargo de Presidente no país desde 1998 nunca se importaram em fiscalizar com rigor o que estava sendo feito nas ferrovias brasileiras.
O resultado: de 28 mil quilômetros de ferrovias que existiam em operação em 1996, apenas (e com favor) metade está em condições de tráfego. Outros exemplos de deterioração vêm sendo seguidamente noticiados aqui neste modesto blog por anos, sem que nada tenha se alterado. Há outros interessados no assunto que também protestam, por diversas formas. Nada acontece.
As fotografias - várias que seguem - foram-me enviadas por Antonio Pastori, do Rio de Janeiro, outro eterno lutador da causa ferroviária. As fotos não têm o autor aqui colocado, pois, por descuido, acabei não anotando o seu nome. Falha nossa, mas acho que as fotos são importantes para se ver o descaso. Seguem todas elas, que mostram vários pontos do trecho citado.
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quinta-feira, 25 de maio de 2017
OS TRILHOS DO MAL - AGORA CONTRA AS BICICLETAS
Uma das estações do trecho, Antonio Rocha: foto de Eliezer Magliano
O artigo abaixo afirma que o fim da ferrovia Barra Mansa - Angra dos Reis, construída em 1928 e utilizada até o início dos anos 2000, está para ser erradicada dos mapas.
Para que? Para se fazer pista de bicicletas, que poderão subir e descer a Serra do Mar naquele ponto.
O que se gastou para construir aquela linha não importa - nem o que seria benéfica ao país caso fosse restaurada. Não falo de trens turísticos, não: falo de de trens cargueiros, que já a utilizaram muito, e, num atrevimento de minha parte, trens de passageiros também, extintos no início dos anos 1980.
Acabar com uma estrada de ferro para construir pista de bicicletas, para mim, é caçoar da inteligência dos brasileiros.
Já os poucos ciclistas que vão achar isso uma maravilha, aí não sei.
A pintegra da reportagem segue abaixo: Caso alguém queira ler o artigo na Internet, clique aqui.
Antes, algumas correções no trecho que segue: 1) trens de passageiros pararam mesmo no início dos anos 1980; depois, só trens turísticos em algumas (poucas) oportunidades, até 1996. A linha que transportou passageiros, entre Ribeirão Vermelho e Barra Mansa, esta sim teve passageiros até 1996. O restante, de Ribeirão Vermelho até Goiandira, parou parte no final dos anos 1970, parte no início dos 1980. A linha entre Barra Mansa e próximo a Monte Carmelo, MG, próximo à divisa MG/GO, ainda tem trens cargueiros. Esta linha foi abandonada pela concessionária quando, na primeira metade dos anos 2000 (2000-2005), um temporal varreu e soterrou alguns trechos, que o governo e a concessionária nunca se dignaram a consertar.
O artigo abaixo afirma que o fim da ferrovia Barra Mansa - Angra dos Reis, construída em 1928 e utilizada até o início dos anos 2000, está para ser erradicada dos mapas.
Para que? Para se fazer pista de bicicletas, que poderão subir e descer a Serra do Mar naquele ponto.
O que se gastou para construir aquela linha não importa - nem o que seria benéfica ao país caso fosse restaurada. Não falo de trens turísticos, não: falo de de trens cargueiros, que já a utilizaram muito, e, num atrevimento de minha parte, trens de passageiros também, extintos no início dos anos 1980.
Acabar com uma estrada de ferro para construir pista de bicicletas, para mim, é caçoar da inteligência dos brasileiros.
Já os poucos ciclistas que vão achar isso uma maravilha, aí não sei.
A pintegra da reportagem segue abaixo: Caso alguém queira ler o artigo na Internet, clique aqui.
Antes, algumas correções no trecho que segue: 1) trens de passageiros pararam mesmo no início dos anos 1980; depois, só trens turísticos em algumas (poucas) oportunidades, até 1996. A linha que transportou passageiros, entre Ribeirão Vermelho e Barra Mansa, esta sim teve passageiros até 1996. O restante, de Ribeirão Vermelho até Goiandira, parou parte no final dos anos 1970, parte no início dos 1980. A linha entre Barra Mansa e próximo a Monte Carmelo, MG, próximo à divisa MG/GO, ainda tem trens cargueiros. Esta linha foi abandonada pela concessionária quando, na primeira metade dos anos 2000 (2000-2005), um temporal varreu e soterrou alguns trechos, que o governo e a concessionária nunca se dignaram a consertar.
Barra Mansa, Angra dos Reis e Rio Claro se unem
para criar a CicloAtlântica
Trecho da antiga
ferrovia que ligava Angra dos Reis, Rio Claro e Barra Mansa, pode dar lugar a
mais importante ciclovia do país
Os
prefeitos de Barra Mansa, Rodrigo Drable; de Angra dos Reis, Fernando Jordão; e
de Rio Claro, José Osmar, se reuniram nesta segunda-feira, dia 22, com o
diretor de Infraestrutura Ferroviária do Dnit, Charles Magno Moreira e
dirigentes da VLi-FCA, para dar início, oficialmente, ao processo de construção
de uma das mais importantes ciclovias do país: a CicloAtlântica. Com
pouco mais de 108 quilômetros, o projeto de construção ganha força depois que
os três prefeitos se uniram para criação do Consórcio Intermunicipal da
Ciclovia do Atlântico. O projeto envolve desenvolvimento econômico,
fomento ao turismo e a preservação de um dos trechos mais importantes do Bioma
Mata Atlântica, entre os três municípios.
Para
o prefeito Rodrigo Drable, um dos idealizadores do projeto e que também é
ciclista, transformar uma ferrovia desativada em uma ciclovia nos moldes e nos
padrões internacionais, como a Via Cláudia Augusta, na Alemanha; Caminho
Francês e Português a Santiago de Compostela e as famosas rotas dos Países Baixos
cria uma nova forma de aquecimento econômico, geração de emprego e renda para
as cidades da região Sul Fluminense. “Temos que buscar soluções práticas,
modernas e que tragam resultados econômicos para a região e para o Estado do
Rio. O ciclismo é o esporte que mais cresce no Brasil e não podemos perder esta
oportunidade de atrair turistas de várias partes do país e do mundo”, explica o
prefeito Rodrigo Drable.
O
DNIT (Departamento Nacional de Infraestrutura Terrestre) já iniciou as
negociações com a concessionária VLi-FCA, que detém a exploração do trecho,
para que seja feito a devolução da área, que já não é utilizada desde o início
dos anos 90. Os próximos passos serão dados a partir da transmissão
patrimonial, que será feita pela SPU (Secretaria de Patrimônio da União)/DNIT
aos municípios do consórcio.
No
documento assinado pelos prefeitos e entregue ao diretor do DNIT foi abordado
que em anos anteriores tentaram transformar a ferrovia desativada em nova rota
de cargas e passageiros e, até mesmo, numa rodovia como rota alternativa a
RJ-155. Os prefeitos defendem que a ocupação alternativa seja utilizada por
modal de transporte sustentável, com potencial para geração de emprego e renda,
com fomento ao turismo, com infraestrutura hospedeira e alimentação.
Um
pouco de história
De
Goiás a Angra dos Reis. A linha-tronco da RMV foi construída originalmente pela
E. F. Oeste de Minas a partir da estação de Ribeirão Vermelho, onde a linha de
bitola de 0,76 chegou em 1888. A partir daí, a EFOM iniciou seu projeto de
ligar o sul de Goiás a Angra dos Reis, passando por Barra Mansa por bitola
métrica: construída em trechos, somente em 1928 a EFOM chegou a Angra dos Reis,
na ponta sul, e no início dos anos 1940 a Goiandira, em Goiás, na ponta norte,
e já agora como Rede Mineira de Viação. A linha chegou a ser eletrificada entre
Barra Mansa e Ribeirão Vermelho, e transportou passageiros até o início dos
anos 1990. Nos anos 1970, o trecho final norte entre Monte Carmelo e Goiandira
foi erradicado devido à construção de uma represa no rio Paranaíba, e a linha
foi desviada para oeste encontrando Araguari. A linha, já não mais
eletrificada, é operada pela concessionária VLi-FCA
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segunda-feira, 6 de julho de 2015
FERROVIAS BRASILEIRAS: DESTRUIÇÃO SEM NENHUMA FISCALIZAÇÃO
Três fotografias tomadas por Alex Rossi alguns dias atrás e que mostram o estado da linha férrea entre Barra Mansa e Angra dos Reis. Uma vergonha, um desperdício de dinheiro e de infraestrutura num país tão necessitado.
O Facebook é uma mina de informações atualizadas (e não-atualizadas também, claro) sobre tudo. Inclusive sobre as ferrovias brasileiras.
Ontem ou anteontem, alguém postou fotografias sobre o estado de uma linha que, até um passado não tão remoto, ainda permitia a passagem de alguns cargueiros e até de trens turísticos de passageiros. Esta linha fazia parte da antiga linha-tronco da Rede Mineira de Viação e ligava Angra dos Reis a Goiandira.
Os trens de passageiros de linha do trecho Barra Mansa a Angra acabaram ainda nos anos 1980. A linha-tronco citada teve, entretanto, trens de passageiros até o início dos anos 1990 - sendo que o que sobrou acabou em 1996, pouco antes da privatização. Era o famoso trem mineiro, que saía de Barra Mansa e seguia até Ribeirão Vermelho, em Minas Gerais. Excelente passeio, que inadvertidamente perdi. Afinal, no início dos anos 1990 eu estava ainda completando quarenta anos de idade.
Mas o tempo passou e a linha férrea foi privatizada. Quem teve a feliz ideia e recebeu-a a concessão foi a Ferrovia Centro-Atlântico, FCA, hoje chamada de VL! - com interjeição, mesmo. Difícil de pronunciar, então se fala e até se escreve VLI mesmo, na intimidade.
A FCA utilizou a linha em toda sua extensão. Linha que, afinal, desde o final dos anos 1970, ligava Angra a Araguari, pois o trecho final que a ligava a Goiandira foi inundado por uma represa. Fato, que, aliás, alagou muitas ferrovias pelo Brasil inteiro e, na maioria das vezes, sem a construção de uma alternativa ferroviária.
Pouco antes da privatização em 1997 ainda rodava, sob os auspícios da "suicidada" RFFSA, um trem turístico entre Barra Mansa e Lídice, no planalto. Um pouco depois desta estação, a estrada descia a serra para chegar a Angra.
A FCA foi usando a linha toda, mas o trecho Brra Mansa-Angra era trafegado cada vez menos, até que, há uns dez anos mais ou menos, veio a chuva, que destruiu parte da linha na serra. oi a desculpa ideal para os cessionários. Em vez de consertar (muito caro, não?), deixaram-na como estava. Outra vez o tempo passou (ele sempre passa, e rápido!) e, hoje, a ferrovia está como se vê nas fotografias do topo da página.
Isso aconteceu com outras ferrovias concessionadas - e, na mioria, nem precisou que o tempo se manifestasse. As concessionárias simplesmente as abandonaram à sanha das intempéries.
Pergunto: porque a União, dona de quase todo o patrimônio ferroviário, não pressiona as concessionárias para consertarem os inúmeros trechos abandonados e colocarem-nos novamente disponíveis ao tráfego? Se as ferrovias não se interessam por elas, poder-se-ia cedê-las para outros interessados, ou, mesmo, vendê-los (meu Deus, este verbo assusta o governo que nos desgoverna há treze anos!). Que não se diga que "não sabiam": basta ler meia dúzia de grupos no Facebook...
E, se o governo não age, por que nós, interessados no assunto e, em última análise, em nosso dinheiro que está se afundando em lama - afinal, não é o povo brasileiro o principal acionista de tudo isso? - não agimos? Sim, nós! Deveríamos fazer denúncias atrás de denúncias ao Ministério Público e, até, colocar ações conjuntas, sem envolver o MP, para processar o governo. É evidente, porém, que, neste último caso, incorreremos em custos os quais muito de nós não poderemos arcar, o que é, efetivamente, um problema.
O que os brasileiros não podem é ficar passivos, olhando tudo escorrer entre nossos dedos.
O Facebook é uma mina de informações atualizadas (e não-atualizadas também, claro) sobre tudo. Inclusive sobre as ferrovias brasileiras.
Ontem ou anteontem, alguém postou fotografias sobre o estado de uma linha que, até um passado não tão remoto, ainda permitia a passagem de alguns cargueiros e até de trens turísticos de passageiros. Esta linha fazia parte da antiga linha-tronco da Rede Mineira de Viação e ligava Angra dos Reis a Goiandira.
Os trens de passageiros de linha do trecho Barra Mansa a Angra acabaram ainda nos anos 1980. A linha-tronco citada teve, entretanto, trens de passageiros até o início dos anos 1990 - sendo que o que sobrou acabou em 1996, pouco antes da privatização. Era o famoso trem mineiro, que saía de Barra Mansa e seguia até Ribeirão Vermelho, em Minas Gerais. Excelente passeio, que inadvertidamente perdi. Afinal, no início dos anos 1990 eu estava ainda completando quarenta anos de idade.
Mas o tempo passou e a linha férrea foi privatizada. Quem teve a feliz ideia e recebeu-a a concessão foi a Ferrovia Centro-Atlântico, FCA, hoje chamada de VL! - com interjeição, mesmo. Difícil de pronunciar, então se fala e até se escreve VLI mesmo, na intimidade.
A FCA utilizou a linha em toda sua extensão. Linha que, afinal, desde o final dos anos 1970, ligava Angra a Araguari, pois o trecho final que a ligava a Goiandira foi inundado por uma represa. Fato, que, aliás, alagou muitas ferrovias pelo Brasil inteiro e, na maioria das vezes, sem a construção de uma alternativa ferroviária.
Pouco antes da privatização em 1997 ainda rodava, sob os auspícios da "suicidada" RFFSA, um trem turístico entre Barra Mansa e Lídice, no planalto. Um pouco depois desta estação, a estrada descia a serra para chegar a Angra.
A FCA foi usando a linha toda, mas o trecho Brra Mansa-Angra era trafegado cada vez menos, até que, há uns dez anos mais ou menos, veio a chuva, que destruiu parte da linha na serra. oi a desculpa ideal para os cessionários. Em vez de consertar (muito caro, não?), deixaram-na como estava. Outra vez o tempo passou (ele sempre passa, e rápido!) e, hoje, a ferrovia está como se vê nas fotografias do topo da página.
Isso aconteceu com outras ferrovias concessionadas - e, na mioria, nem precisou que o tempo se manifestasse. As concessionárias simplesmente as abandonaram à sanha das intempéries.
Pergunto: porque a União, dona de quase todo o patrimônio ferroviário, não pressiona as concessionárias para consertarem os inúmeros trechos abandonados e colocarem-nos novamente disponíveis ao tráfego? Se as ferrovias não se interessam por elas, poder-se-ia cedê-las para outros interessados, ou, mesmo, vendê-los (meu Deus, este verbo assusta o governo que nos desgoverna há treze anos!). Que não se diga que "não sabiam": basta ler meia dúzia de grupos no Facebook...
E, se o governo não age, por que nós, interessados no assunto e, em última análise, em nosso dinheiro que está se afundando em lama - afinal, não é o povo brasileiro o principal acionista de tudo isso? - não agimos? Sim, nós! Deveríamos fazer denúncias atrás de denúncias ao Ministério Público e, até, colocar ações conjuntas, sem envolver o MP, para processar o governo. É evidente, porém, que, neste último caso, incorreremos em custos os quais muito de nós não poderemos arcar, o que é, efetivamente, um problema.
O que os brasileiros não podem é ficar passivos, olhando tudo escorrer entre nossos dedos.
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terça-feira, 24 de maio de 2011
CONCESSÕES FERROVIÁRIAS À DERIVA






sexta-feira, 9 de abril de 2010
NITERÓI

Conheço a cidade de Niterói já há vários anos, mas na última vez que lá estive, em 2005, pude dar uma boa olhada por lá. É uma bela cidade, limpa, bem cuidada, uma pequena Rio de Janeiro que deu certo.
Hoje só se fala em Niterói e pelo lado mau: uma tragédia que matou muita gente no tal morro do Bumba, local a que nunca fui. E hoje cedo li as notícias que dão conta que "a Prefeitura já sabia que o morro tinha problemas", etc. etc. etc.
Ora, claro que sabia. Nem é preciso saber (eu, claro, não sabia) que um aterro formado por lixo não pode ter casas construídas em cima de forma direta. Basta saber que há casas em um morro para saber que ali é terreno de risco. Ou abaixo dele, como foi o caso de Angra dos Reis na virada do ano.
Deve haver poucas cidades grandes no Brasil que não tenham casas nas encostas de morros. A não ser que estejam sobre pedra viva, elas têm uma chance enorme de rolarem morro abaixo. É só uma questão de tempo. Pode demorar muitos anos - afinal, há inúmeras casas em morros no Brasil que ainda não foram arrastadas - mas vive-se em risco, sim.
Já que há inúmeras famílias que não se importam de morar em condições perigosas, caberia às Prefeituras não deixá-las construir nas encostas. Com raras exceções, no entanto, isto jamais acontece. As Prefeituras e até donos de áreas particulares invadidas pouco se importam com isso. É um fardo político muito grande (numa sociedade com baixo nível de educação) tirá-las dali. Afinal, se o morro não cair no dia seguinte ao da retirada, esta vai ser sempre chamada de demagógica, de ter sido feita com segundas intenções, de ser feita sem planejamento, por um governo que não respeita os menos favorecidos, etc.
Os próprios moradores não querem sair, e os "lideres comunitários", cuja qualificação é geralmente dúbia para ocupar um "cargo" destes, também costumam dizer não e acusam as prefeituras de insensibilidade. E no caso de construção de residências decentes para eles (casas populares), há inúmeros casos de venda ou aluguel ilegal das propriedades, feitas pelos transferidos para que eles amealhem dinheiro e voltem para as casas anteriores, ou que reconstruam outras nos mesmos lugares de risco. E novamente a prefeitura não se preocupa em conferir tudo isto.
Está mais do que na cara que a culpa destas tragédias é, além do clima incontrolável, tanto da Prefeitura como dos moradores. Perguntar até quando é inútil. Daqui a um mês, senão antes, todos se esquecerão de tudo e volta a ser tudo "como dantes no quartel de Abrantes".
E aí, é só esperar por novas tragédias. Quem lucra são os órgãos de imprensa, porque, ao mesmo tempo que as pessoas correm para ajudar, correm para ler tudo sobre o assunto, infelizmente não com a intenção de tirar algo de útil do ocorrido, mas principalmente porque gostam de se entreter com este tipo de assunto.
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