domingo, 29 de setembro de 2013

SIM, NÓS TÍNHAMOS TRENS EM 1959!

Trem da Paulista na Luz em 1960. Autor desconhecido.
Semana Santa de 1959. Os jornais noticiavam o movimento maior nas ferrovias e aeroportos. Na reportagem, não falavam das rodovias. Era até um milagre, elas já eram bastante usadas e muitas delas, pelo menos em São Paulo, eram já asfaltadas e algumas com oistas duplas: Anchieta, Anhanguera...

Bom, na verdade, baseei-me na notícia do jornal Folha da Manhã, hoje Folha de S. Paulo. Esta era a que tinha na manchete as ferrovias. Sobre os aeroportos, falava um pouquinho só, no fim.

Mas vejam - era 1959. Quem lê meus artigos, sabe que nessa época as ferrovias não eram mais o que haviam sido um dia. Central do Brasil, Sorocabana, Noroeste, Mogiana, já estavam em decadência. A Companhia Paulista e a Santos a Jundiaí, as duas de longe as melhores não só em São Paulo como também no país, ainda funcionavam bem e davam lucro.

É verdade que a Santos a Jundiaí já era estatal havia 13 anos e a Paulista, privada. A única grande ferrovia privada no país, ainda. Isto não duraria muito, mas isso já era outra história. De qualquer forma, ela já não tratava suas linhas menores, os ramais, muito bem. Porém, as duas linhas-tronco, Jundiaí-Colombia e Itirapina-Adamantina (ainda não chegavam trens a Panorama) eram ainda modelos.

O que dizia a notícia? Algo impensável para os dias de hoje, sem trens (com as exceções dos trens da Vale). "Os lugares numerados esgotam-se no mesmo dia em que são postos à venda", nos trens da Central para o Rio de Janeiro e nos trens da EFSJ para Santos. A Central, no entanto, anunciava três trens especiais para os dias santos. E citava o jornal que havia reclamações assim mesmo, contra a falta de lugares.

Na Sorocabana, que também tinha trens para Santos (via rio Pinheiros), as passagens do famoso "Ouro Branco" esgotavam-se nos dias em que eram postas à venda também, na estação Julio Prestes. E as filas cresciam. Os passageiros esperavam pelos trens extras, ou especiais.

Curiosamente, a reportagem não citava como andavam as passagens para o interior, vendidas na Luz. Esses eram os trens da Paulista, Mogiana (que se pegava em Campinas) e da E. F. Araraquara (que se tomavam em Araraquara). Estas duas últimas, sabemos, dependiam da Paulista e da Santos-Jundiaí para sair da Luz e chegar a Campinas e Araraquara.

A Paulista, claramente, era a queridinha dos jornais. Famosa, eficiente, empresa privada, enquanto a Sorocabana era constantemente criticada, embora nem tanto quanto a Mogiana, esta em petição de miséria desde a estatização de 1962. A Central, nem se fala, era desastre após desastre, nos três Estados em que atuava, São Paulo, Rio e Minas. E a Noroeste, mais longe, lá em Bauru, que dependia da chegada dos trens tanto da Paulista quanto da Sorocabana que ligavam São Paulo a Bauru.

Enfim, não era o melhor dos mundos ferroviários, mas TÍNHAMOS TRENS!!!

2 comentários:

  1. Ontem estava vendo um episódio de um seriado onde teve uma cena mostrando o interior de uma estação de trem de passageiros de Londres. As composições totalmente modernas paradas aguardando os passageiros. Tudo muito bonito e arrumado, pelo menos naquela cena e aqui as coisas andando pra trás. Mudando de assunto, Ralph gostaria de saber sua opiniao sobre essa reportagem: http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/10/1349923-obra-do-monotrilho-de-sp-gera-criticas-moradores-temem-degradacao.shtml (Abraços)

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    1. Acho que o povo reclama demais. É bem diferente do Minhocão. É alto o suficiente para não permitir que se more debaixo dele (ali vai chover com certeza) e a avenida é muito mais larga que a São João. Quanto à privacidade, o pessoal dos predios não vê que eles tb afetam a privacidade das casas abaixo dos predios. Mas o excesso de concreto não me anima nada, realmente.

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