sábado, 22 de dezembro de 2012

OS TRILHOS DO MAL (XI): ANDRADINA, SP

A estação de Ilha Seca não era um local tão seco assim. Constantemente o leito da linha era inudado pelo Tietê. A foto é de 1929. Era neste local que desembarcaram os fundadores e construtores da cidade de Andradina de 1935 a 1937.
Mais uma cidade do interior de São Paulo aderiu, ou tenta aderir, à série "Os trilhos do mal". Mais uma que acha que ferrovia é coisa do passado e que somente serve para atrapalhar. Acho que o prefeito daquela cidade é mais um dos desinformados que jamais soube que nos países desenvolvidos do mundo as ferrovias continuam "vivas e saltando", uma tradução literal do termo "alive and kicking".
Não somente no Brasil, mas também nos Estados Unidos, Canadá e países da Europa (e diversos outros países do mundo, quase todos), as ferrovias continuam não somente trabalhando como também passando dentro das cidades e convivendo com automóveis, ônibus e caminhões passando ao seu lado nas ruas. Aliás, no Estado de São Paulo, nenhuma ferrovia jamais dividiu ruas com esses veículos, embora praticamente todos os outros estados tenham-no feito. A cidade de Além Paraíba, em Minas, divisa com Rio de Janeiro, que visitei há cerca de dois meses, é um dos exemplos mais vivos disto.

Mas em Andradina o prefeito parece querer aparecer. Ele se queixa do barulho e da sujeira deixada pela ALL ao longo de sua faixa de domínio ao longo dos trilhos, e quer uma indenização de 50 milhões de reais pelo inconveniente. Quer também que a linha seja retirada da cidade e colocada em algum ligar fora dela, como um anel ferroviário. Reclama e age como se a linha não tivesse importância, sem considerar que, se a linha não estivesse ali, a cidade não existiria. Afinal, diz a história de Andradina que o seu fundador. Antonio Carlos de Moura Andrade, construiu-a a li em 1937 exatamente por causa dos trilhos da variante da Noroeste estarem alcançando-a nesse momento.

Os materiais e pessoas que construíram e povoaram a cidade desembarcavam em Ilha Seca, estação que ficava no tronco original da Noroeste, e dali seguiam por estradas em péssimas condições para alcançar a fazenda Guanabara, que era o local onde nasceria a nova cidade. Quando ela já estava pronta, a linha da variante chegou até ela e a nova estação. Pela conclusão de seu pífio prefeito, a cidade que nasceu dos trilhos não tem condições para conviver com ele.

Barulhos é algo que os trens fazem. Todos eles. Sujeira é lixo são algo que não são causados pela linha e pelo trem, mas pela população sem noção de educação que ali joga seus resíduos. É verdade que a ALL tem de limpar e não o faz - o que é lamentável -, mas é verdade também quem em terra de gente educada, a sujeira não existe. O prefeito também alega que a linha está em más condições e que isso pode ocasionar acidentes com os trens de combustível que cruzam a cidade. É verdade. Só que ele não se lembra dos caminhões-tanque que também cruzam a cidade e que também podem causar acidentes, e que também fazem muito barulho.

Está na hora de os políticos do interior brasileiro pararem de cismar com a ferrovia, e mesmo de ter educação. Atitudes como essa não geram nenhum bem. só atrapalham a infraestrutura do Brasil, já tão mal administrada.

2 comentários:

  1. Na realidade os "politicos são uma raça de mer...cadoria vencida! final triste das ferrovias em algumas partes do Brasil, elas trouxeram o progresso..."

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  2. Polícos são a desgraça nacional. Se fosse possível, acabava com todos. Só parecem servir para atrapalhar, nunca para desenvolver e criar. Este de Andradina parece ser mais um ser míope a confirmar esta regra. Devia pensar em trabalhar para variar e parar de falar besteiras...

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