domingo, 16 de dezembro de 2012

TRANQUILIDADE EM CAMBUQUIRA


A fotografia acima tem cerca de cem anos. Talvez até um pouco mais. Na estação de Cambuquira, Minas, ramalzinho que (só para variar) não existe mais hoje, alguns homens de terno, alguns de guarda-chuva, um menino com roupinha de marinheiro (típica naquela época) devem supostamente estar esperando pelo trem.

Ou será que somente haviam se reunido na plataforma para jogar conversa fora? Não, creio que não. Não havia cadeiras ou bancos, pelo visto, suficiente para todos. Para onde iriam todos esses senhores?

Não dá para saber para que sentido eles pegariam o trem, mas, para um dos lados, eram apenas mais duas estações em cidades pequenas e o fim do ramal. Para o outro, várias estações de água: Lambari, Caxambu, São Lourenço, Nova Baden. Todas próximas, embora algumas somente com baldeação - uma e até duas.

Já se quisessem ir para mais longe, a opção era Cruzeiro, em São Paulo, ou Barra do Piraí, já no Rio de Janeiro. Quanto mais longe, mais baldeações. E mais: a quantidade de trens por dia era mínima. Dois por dia, quando muito, pelo menos nesse ramal. No entanto, eles, pela foto, não pareciam muito preocupados por isso. Afinal, a vida era calma. Muito calma, comparando com os dias de hoje. Ainda mais em cidades do interior.

O que poderiam esperar estes senhores se pudessem ver nesse dia fotografias do futuro das ferrovias brasileiras? Uma foto tomada no mesmo local da foto antiga, hoje, não mostraria linha alguma e nem a mesma estação - que foi substituída por outra pouco antes da desativação da linha em 1966.

Poderíamos ainda fazer uma comparação safada, ou seja, mostrando a eles trens de subúrbio de São Paulo, cidade que naquela época era já bem maior do que Cambuquira e que hoje é pelo menos mil vezes maior do que ela, dos anos 1970 para cima. Como as três fotos abaixo, tomadas respectivamente em 1975, 1980 e 1996:
Que será que eles achariam? A calma havia acabado, então, nesse futuro apocalíptico.

Porém, é interessante ver que, pelo menos em São Paulo, apesar da imensa lotação das estações nos dias de hoje, principalmente nos famosos horários de pico, a situação melhorou, pois os horários são muitos e os trens são bons. O que sumiu, no entanto, foram os trens de passageiros intermunicipais... O mundo dá voltas.


4 comentários:

  1. Existe um movimento iniciado pelo Advogado Carlos Carnwall de Varginha em prol da reativação de ferrovias na região. Iniciando por Varginha, cujo ramal está preservado, embora precariamente, o grupo tenta colocar literalmente os trens nos trilhos.
    Uma ideia foi lançada visando ligar o tronco que sai de Varginha, passando por Três Corações seja também dirigido para Cambuquira, Nova Baden e Lambari, além de Jesuânia, Olímpio Noronha, Carmo de Minas chegando à S.Lourenço onde se uniria a ainda ativa ferrovia que serve a cidade e daí chegar à Cruzeiro no Estado de S.Paulo.
    Espera-se que a União aceite essa ideia e com isso devolvendo algo que nunca tinha deveria ter sido tirado dessas cidades.

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  2. silva lemes
    Moro em lambari e com tristeza te digo que isso nos dias de hoje é impossivel.
    Moro próximo ao antigo leito, inclusive passo com meu carro quase todo dia por uma estreita e centenária ponte ferroviária. O trecho que corta lambari esta completamente urbanizado , com casas ao redor e com o leito asfaltado e consideravel movimento de carros.
    É uma pena, pois a linha margeava todo lago Guanabara e passava proximo ao parque das águas, sem falar no parque nova Baden .
    A linha poderia chegar em Jesuania sem muitos problemas, pois o leito não foi urbanizado, o problema mesmo é em lambari , teria que refazer a linha em outro local , impossível na minha opinião se o intuito for a proximidade com os pontos turisticos da cidade.
    Depois de lambari, não haveria problema em chegar em cambuquira, mas seguir em frente seria difícil, o leito la também virou avenida.

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  3. Ralph, existe uma fotomontagem desta estação (antes/depois) publicada no link:

    http://cambuquira.wordpress.com/2009/03/13/hello-world/


    Abraço,
    Kmil

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    1. Caro, vi a foto no blog e achei interessante a montagem. A pergunta, no entanto, é: foi a prefeitura que reconstruiu a estação ou teria sido a Rede Mineira? Não poderia, caso tenha sido a prefeitura, ter ocorrido desta não ter tido informações de que a linha pararia? Eu não me surpreenderia se a verdade tivesse sido esta!

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