sábado, 15 de dezembro de 2012

FERROVIAS: O QUE FOMOS E O QUE SOMOS


O mapa acima foi publicado pela Revista da Semana, numa edição comemorativa do centenário das ferrovias brasileiras, no ano de 1954. Esse mapa mostra as ferrovias paulistas nesse ano, há quase sessenta anos atrás.

Nessa época, já de decadência, ainda existiam dez ferrovias diferentes no Estado (além de pequenos trechos da RMV, em Cruzeiro, e da RVPSC, em Ourinhos e em Itararé): Companhia Paulista, Sorocabana, Mogiana, E. F. Araraquara, São Paulo-Minas - estas cinco, as que formariam a FEPASA dezessete anos mais tarde - , Bragantina - que foi extinta antes de 1971 - , E. F. Campos de Jordão - que sobrevive até hoje em operação e é a única ferrovia do Estado além da CPTM, esta surgida em 1992 - , Noroeste, Central do Brasil e E. F. Santos a Jundiaí - estas as três que formariam a RFFSA juntamente com diversas outras três anos depois.

Dessas todas, apenas a Companhia Paulista era uma empresa privada. O resto já havia caído nas garras dos governos estadual e federal para salvá-las da falência. Por ironia, a Paulista, última ferrovia a ser estatizada sete anos depois, se-lo-ia por vontade do governo. Este não salvaria nada: pelo contrário, seria ele o causador de sua rápida derrocada.

Conferi o mapa e tenho poucas correções a ele: não encontrei o curto ramal de Tietê, nem a linha da Rede Mineira (RMV) saindo de Cruzeiro para Três Corações e nem a linha de Bananal, no extremo oeste. Também notei que neste mapa não aparece o ramal de Guaxupé que saía do de Mococa, em São José do Rio Pardo e seguia para Minas. São erros pequenos, mas todas essas linhas citadas estavem em plena operação nesse ano e assim entrariam na década de 1960.

Ao mapa deveríamos acrescentar nos anos seguintes a chegada do tronco oeste da Paulista à cidade de Panorama, no rio Paraná (1961) e a construção do ramal de Dourados, da Sorocabana,a partir de Presidente Prudente, que chegaria ao seu ponto extremo em Euclides da Cunha Paulista (1965).

No entanto, a partir de 1960, começaram as erradicações de diversos ramais, de forma que, em 1980, esse mapa já teria diversas linha erradicadas e, já no ano 2000, existiriam apenas as linhas-tronco das nove ferrovias que em 1954 ainda estavam vivas. Repetindo, Paulista, Mogiana, Sorocabana, São Paulo-Minas, Araraquara, Santos a Jundiaí, Noroeste, Central do Brasil e Campos do Jordão. A Bragantina havia sido extinta já em 1967, era a décima.

Mesmo assim, essas linhas "sobreviventes" não estão sendo utilizadas em diversos pontos. Trechos grandes da Paulista e da Sorocabana estão vendo o mato crescer sobre seus trilhos. O antigo tronco da Mogiana segue totalmente operacional, bem como o ramal de Poços de Caldas, o único dos pequenos ramais paulistas que foi mantido. Isto também vale para a E. F. Araraquara, para a Santos a Jundiaí, Noroeste e Central do Brasil e até para a Campos do Jordão. Já da São Paulo-Minas, apenas um trecho muito curto segue operando na região de Ribeirão Preto - dezessete quilômetros apenas de seus cento de dez originais.

Conseguiram destruir em menos de trinta anos o que foi construído com o esforço de paulistas em noventa anos. Hoje os governos correm atrás dos milhares de quilômetros que um dia existiram e foram destruídos por motivos em sua maioria imbecis. Esta é a palavra - imbecis.

6 comentários:

  1. Prezado Ralph,

    parabéns por manter ativo um blog que aborda um tema tão interessante quanto melancólico, de certo modo, as estradas de ferro brasileiras. Tenho aprendido muito fazendo a leitura de seus trabalhos. Infelizmente, no Rio de Janeiro ocorreu também diversas desativações na antiga Estrada Rio Douro mas, pelo que vejo, esses ramais não serão utilizados novamente. Uma pena, com o trânsito rodoviário cada vez mais difícil, reativar esses ramais seria de grande valia para milhares de moradores da Baixada Fluminense.

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  2. Transporte de passageiros sobre trilhos na região metropolitana de BH em comparação com várias cidades do mundo nos quesitos extensão das linhas com a população das mesmas.
    Muitas cidades no mundo com população menor ou aproximada à BH/MG possuem maiores extensões de linhas de metrô.
    BH possui só 28 km com 2,5 milhões de habitantes. Comparando com os outros metrôs no mundo e as respectivas populações das cidades onde possuem este meio de transporte, o metrô de BH possui uma das menores extensões de linhas no mundo!
    Cidade do Porto em Portugal possui 70 km de linhas de metrô com 237.587 habitantes (2011).
    Tel Aviv em Israel possui 92 km de metrô com 405.300 habitantes (2012).
    Oslo na Noruega possui 84,2 km de metrô com 611.491 habitantes (2011).
    Recife em Pernambuco possui 71 km de metrô com 1,55 milhões de habitantes.
    Estocolmo na Suécia possui 105,7 km de metrô com 807.301 habitantes.
    Porto Alegre no RS possui 38,7 km de metrô com 1,41 milhões de habitantes.
    Atlanta nos EUA possui 77 km de metrô com 420.003 habitantes (2010).
    Barcelona na Espanha possui 117 km de metrô com 1,62 milhões d habitantes.
    Lille na França possui 45,5 km de metrô com 226.815 habitantes.
    Bruxelas na Bélgica possui 50 km de metrô com 1,06 milhões de habitantes.
    Daegu na Coreia do Sul possui 53,7 km de metrô com 2,5 milhões de habitantes.
    São Francisco nos EUA possui 166,9 km de metrô com 805.235 habitantes (2010).
    http://www.otempo.com.br/noticias/ultimas/?IdNoticia=217035,OTE&busca=monotrilho
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Anexo:Lista_de_metropolitanos_por_extensão
    Se for considerarmos a soma total das linhas (metrô+trem+monotrilho+VLT) em toda a região metropolitana, temos estes exemplos com mais de 200 km de extensão:
    Cidade do México: 201,4 km
    Paris (França): 213 km
    Rio de Janeiro: 292,9 km
    Frankfurt (Alemanha): 303 km
    Moscou (Rússia): 305,5 km
    Madrid (Espanha): 310,7 km
    Tóquio (Japão): 328,8 km
    São Paulo: 336 km
    Pequim (China): 336 km
    Chicago (EUA): 360,7 km
    New York (EUA): 369 km
    Londres (Inglaterra): 400 km
    Xangai (China): 420 km
    Berlim (Alemanha): 477,3 km
    Seul (Coreia do Sul): 927,4 km
    http://pt.wikipedia.org/wiki/Metropolitano_de_Seul

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    1. BH também fez a besteira de eliminar os trens de suburbio em 1996 (Rio Acima, Barreiro) quando foi feita a entrega das linhas da RFFSA para a MRS e para a FCA. Deveria te-las mantido, mesmo na precariedade que eram, e aos poucos reforma-las, como fez a CPTM em SP. Isso se chama descaso.

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  3. A CPTM é o melhor exemplo de eficiencia do transporte ferroviario, caro Ralph. Sempre dizem que a criação de novas linhas depende de demanda de passageiros. Basta oferecer um serviço com o mínimo de qualidade, que haverá gente pra utilizá-lo. Agora estão sofrendo pra refazer o que não deveria ser desfeito, como dito, descaso, ou até burrice...

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  4. Oi Ralph sou um apaixonado pela historia da ferrovia de minha cidade , minha saudosa Buenopolis MG!! VC conhece a estação de lá? Eu quero muito fazer um documentario sobre a ferrovia ,estação dessa cidade , mas não tenho fotos antigas e nem informações detalhas. Me ajude por favor!! meu e-mail é xamdsouza@yahoo.com.br Aquardo ancioso por resposta!! Um grande abraço. Se não tiver fotos tem como vc me enviar uma dosertação falando ou detalhando a historia da estação .

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  5. Veja a página sobre essa estação em meu site. Abraços.

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