Mostrando postagens com marcador rua 25 de março. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador rua 25 de março. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 28 de fevereiro de 2017
1937: UM TÚNEL DEBAIXO DO CENTRO VELHO DE SÃO PAULO
Nos idos de 1937 - já são oitenta anos passados - a cidade de São Paulo continuava aumentando de forma meteórica sua população e, apesar dos poucos automóveis e ônibus circulando em suas ruas, já apresentada problemas de pequenos congestionamentos, todos concentrados no que hoje chamamos de centro velho, ou seja, a cidade original.
Não ajudava nem um pouco, também, as ruas estreitas e construídas séculos antes sem qualquer respeito à geometria e que ficavam nessa antiga área.
Por isso, já nos últimos trinta anos, obras como a reforma do vale do Anhangabaú e da Várzea do Carmo (Parque Dom Pedro II), o alargamento da avenida São João e a abertura da Praça do Patriarca, entre outras, foram implementadas.
Em 1937, mais uma, que, na verdade, já estaria projetada desde os anos 1910, era anunciada: a construção de um túnel para facilitar a passagem pela Colina Histórica, partindo das ruas laterais do Parque Anhangabaú e, seguindo em linha praticamente reta, atingir o cruzamento das ruas 25 de Março e General Carneiro.
A maior dificuldade para essa construção seria ter um projeto de engenharia que deveria levar em conta "o peso de certos edifícios que ficavam no percurso" e que são mostrados no mapa mostrado mais acima.
No fim, o túnel jamais foi construído.
A cidade mudou muito desde então. Se este túnel tivesse sido feito, qual seria a importância dele hoje para a circulação de veículos? Considerando-se que essa região da cidade teve diversas ruas proibidas para o tráfego de veículos e, na região da 25 de Março, o tráfego existe, mas é reduzidíssimo por causa da invasão de gente para compras (a calçada não dá conta), esse túnel poderia até ter sido abandonado. Ou, então, todo o planejamento de tráfego que hoje existe tanto no Anhangabaú quanto na região do Mercado e do Parque Dom Pedro II seria hoje totalmente diferente...
Marcadores:
Anhangabaú,
centro velho de são paulo,
Parque Dom Pedro II,
rua 25 de março,
Tuneis
segunda-feira, 15 de novembro de 2010
LUXO NO PARQUE DOM PEDRO II

Há alguns meses atrás, fui à rua 25 de Março para comprar uns badulaques. A loja estava perto daquela praça grande que fica perto do final da zona comercial daquela rua. Ragueb Chohfi, creio, é seu nome. Na esquina, um belo prédio de 5 andares mais o térreo. Estilo bem típico dos anos 1920 e 30. Não prestei atenção no nome do prédio. Estava (ainda está) em estado ruim por fora. Por dentro, nem tenho ideia de como possa estar. É, ou foi, pelo jeitão, um prédio de apartamentos. Hoje, não sei. No térreo, lojas - acho que sempre foram lojas ali. Eu tirei algumas fotografias naquele dia: uma delas está acima.
Fico sempre curioso de saber a historia desses edificios. Não sou nem um pouco fã de prédios de apartamentos, mas assim, antigão, bonito, só 5 andares, dá para engolir bem. Prédios assim não matam uma cidade. O problema de gente que pesquisa a história como eu é que não há tempo para se pesquisar tudo o que se quer. É muita coisa. As descobertas muitas vezes vêm por acaso. Na época, perguntei para o Douglas Nascimento se ele conhecia o prédio. Ele disse que sim (claro) e me disse o nome. Era um nome "turco". Não guardei.

Há umas duas semanas, no entanto, o acaso começou a acontecer. O jornal O Estado de S. Paulo do dia 2 de fevereiro de 1930 publicou um anúncio sobre o prédio, que foi construído e estava sendo lançado para venda de seus apartamentos. O anúncio, reproduzido logo acima, saiu no blog "reclames do Estadão".
Naquele tempo - 1930 -, quem tinha dinheiro bancava sua própria construção, tornava-se, claro, dono de todos os apartamentos e depois os alugava. Era mais difícil vender. As vendas desses apartamentos geralmente somente ocorriam anos mais tarde, quando algum herdeiro queria ou precisava dispor do imóvel.
O anúncio dizia: Situado no ponto mais central da cidade a três minutos apenas da Rua 15 de Novembro. De todas as dependências deste majestoso prédio se descortina um magnífico panorama, dominando-se inteiramente o incomparável Parque D. Pedro II, o maior logradouro do Brasil. Edificado em lugar saudável, banhado pelo sol durante o dia inteiro, e onde se respira ar puro, está naturalmente indicado para moradia das pessoas de bom gosto de todas as classes, particularmente ao pessoal do comércio, que nos seus amplos e confortáveis apartamentos vão encontrar os elementos necessários para sua instalação em condições favorabilíssimas.
Atualmente, no entanto, a situação ali é totalmente diferente. Continua a três minutos da rua 15 de Novembro a pé, mas quem quer ir nessa rua hoje em dia? O Parque Dom Pedro II continua incomparável, sim, mas na feiura, arrasado que foi pelos viadutos e terminais de ônibus nos anos 1970. O prédio até continua banhado pelo sol - não se construíram outros edifícios altos em torno dele, mas o ar está longe de ser puro, pela quantidade de veículos que por ali passam. E as pessoas de bom gosto somente vão se mudar para esse prédio se ele for totalmente reformado por dentro. Enfim, o caos, oitenta anos depois.
E, finalmente, hoje o acaso se completou. Procurando um documento para algo completamente diferente nos arquivos de meu avô, encontrei uma carta em que ele e sua esposa Maria tornaram-se fiadores do Sr. João Câmara - nunca ouvi falar dele - num apartamento que este estava alugando no Palacete Nacim Schoueri - este era o nome do prédio. A carta estava datada do dia 30 de dezembro de 1930.
Nessa carta havia uma cópia do recibo de entrega do imóvel ao Sr. João: O abaixoassignado Inquilino do appartamento no. 33 do predio no. 97 da avenida Exterior de propriedade do Sr. Nacim Schoueri declara que lhe entregue dito appartamento em perfeita ordem e precisamente: Existem e funcionam sem defeitos, uma bacia de latrina com tampa e caixa de descarga - um lavatorio de louça - um banheiro - um aquecedor a gaz - uma pia de cozinha com pedra de marmore e um fogão a gaz. Os ralos não estão entupidos e todas as torneiras e registros se acham em boas condições. Todos os abat-jours, globos e a instalação completa pertencem ao proprietário. As portas e janellas tem fechaduras, maçanetas e cremonas sem defeitos; não tem vidros quebrados. A pintura das paredes e esquadrias não estão manchadas. Declara tambem que lhe foram entregues duas chaves da porta de entrada do apartamento assim como todas as chaves das portas internas e bem assim uma chave do portão de entrada da rua.

Havia dois recibos de pagamento do apartamento, do ano de 1931, anexos a esses documentos de meu avô. Um deles está reproduzido acima. O recibo tem uma foto do prédio. Que eu tenha conhecimento, nunca houve problemas com essa fiança.
sábado, 28 de agosto de 2010
A BOA VISTA DA RUA DA BOA VISTA

Hoje, folheando revistas antigas, dei de cara com uma fotografia interessante num exemplar da Revista da Semana de 30 de setembro de 1922. A revista era carioca, e mostrava sempre praticamente somente artigos sobre a cidade do Rio de Janeiro. Vez em quando, outras cidades. Aqui, no caso, uma página sobre o "Frontão Boa Vista", em São Paulo.
Mas onde ficava isso? Supus que, pelo nome, estaria na rua da Boa Vista, que, segundo sempre li, teria esse nome por ter uma... boa vista de um de seus lados, que dava para o vale do Tamanduateí. Dava, nã, ainda dá, porém, com a quantidade de edifícios altos ali construídos e na sua traseira na rua 25 de Março, a "boa vista" foi se perdendo.
Mandei a fotografia escaneada (a foto é mostrada acima) para meu filho Alexandre e meu amigo Douglas, perguntando se alguém saberia algo e se achavam que era na rua da Boa Vista mesmo. O segundo me respondeu que podia ser, pois ele achava ter visto a Casa das Retortas do Gasômetro ao fundo. O primeiro me mandou um link da internet ("Almanack Paulistano") que mostra exatamente o local, dando nome a um galpão atrás do prédio do jornal A Fanfulla. Esse local hoje tem um prédio do Jockey Clube e fica na esquina da rua da Boa Vista com a ladeira Porto Geral.
Esse galpão tinha essa espécie de varanda, vista na foto acima, em sua parte traseira, onde havia mesas e iluminação externa. Ali era também a sede de uma equipe de "pelota basca", jogo trazido por espanhóis e que dava margem a apostas. Por isso, na reportagem da revista, se falava em "pelotários", que, em outra foto que não coloquei, posavam em equipe com vários integrantes e seu equipamento de jogo.
É muito interessante descobrir-se coisas sobre a São Paulo antiga, que já desapareceram há muito tempo. Não é a primeira vez. Há vários exemplos de fotografias de locais que não consigo identificar. Às vezes até acabo achando, mas em muitas vezes, de forma acidental.
Assinar:
Postagens (Atom)