Mostrando postagens com marcador anos 1940. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador anos 1940. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 11 de junho de 2012

MARAVILHAS D'ANTANHO


Belmonte: Prestes Maia em 1942 (Folha da Manhã)

A vida era uma maravilha no Brasil durante a Segunda Grande Guerra. Dá para acreditar nisso? Bem, eu não era nascido nessa época. Porém, se eu hoje fosse um alienado e de repente caísse-me às mãos exemplares dos jornais do Brasil dessa época em minhas mãos, era isso que seus textos e reportagens levar-me-iam a crer.

A guerra pipocava "lá fora". Incrível como, quando a arruaça está feita - Hitler e seus amiguinhos tentavam mudar a história do mundo a seu favor - os outros países tratam de aproveitar e fazer suas arruaças também. Na Europa, com exceção de Portugal, Espanha e Suíça (esta no meio da briga e salva pelas suas contas bancárias, de todos os beligerantes), todos os outros países brigavam e de uma forma violentíssima, de selvageria tão brutal - ou pior - que durante a Primeira Guerra Mundial.

Na Ásia, o conflito se desenvolvia, patrocinado pelo Japão. Os países árabes, detentores de petróleo, assistiam. Longe da sanha das forças, barradas pela União Soviética a partir da Europa, torciam para que ninguém frquajasse e os atacasse. Na América, o Peru e o Equador resolveram tentar sua guerrinha particular, segura a tempo de fazer maiores estragos.

E aqui na terrinha, tudo era uma maravilha. Nos jornais, os correspondentes do interior (por onde eles andam hoje?) enviavam para os jornais da Capital interessantes notícias: chovia muito, seca, inundação, fulano estava na cidade, beltrano viajou para fora, pequenos assaltos, desastres ferroviários e rodoviários, políticos inaugurando escolas, agências do Banco do Estado.

Todo político era um amor, pensava no povo, era homenageado de tudo quanto era forma, os jornais despejavam elogios a eles e suas esposas. Não havia políticos desonestos. Quando um não agradava ao seu padrinho - ninguém era eleito nessa época - ele simplesmente o sacava e colocava outro. A notícia geralmente era: o prefeito de tal lugar foi empossado. Nunca "o prefeito de tal lugar foi sacado".

Adhemar de Barros foi puxassaqueado pelos jornais de 1938 a 1941, quando por algum motivo Vargas o pôs para fora, colocando ali Fernando Costa. As notícias que relatam a mudança chegam a ser hilariantes de tão ingênuas. Pouco se falava de por que Ademar saiu. Era por "ter pedido afastamento".

O nome de tudo isso era censura. Censura brava.

Aqui na Capital era que havia muita notícia: inaugurações em penca de bobagens, mas a curiosidade: o centro da cidade, especialmente o hoje chamado de "Centro Velho", era posto abaixo para o alargamento de praças e ruas. Nessa época, já era possível de se prever o aumento brutal de população nos anos seguintes - e de carros e contruções, é evidente. Mais do que isso, era evidente que isso se espalharia para fora do centro velho - mas as obras eram concentradas praticamente só no centro velho e um pouco no centro novo (avenida Ipiranga, por exemplo).

Se Prestes Maia realmente visse isso, esqueceria as derrubadas no centro novo para construir avenidas concêntricas - mini rodo-anéis. O primeiro somente saiu mesmo nos anos 1960 com Fontenelle. Se avenidas concêntricas tivessem sido projetadas nos anos 1940, certamente a cidade estaria melhor servida hoje - se bem que, hoje, não há Cristo que resolva nada.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

DE NOVO: REFORMA ORTOGRÁFICA PARA QUE?


Vou insistir no tema: para que houve reformas ortográficas? Sim, no plural. Afinal, no século XX houve pelo menos duas (uma nos anos 1930-40 e outra em 1971), se é que não houve mais, de alcance menor. Nunca me detive para estudar o caso a fundo.

No início dos anos 1960, os dicionários dos quais me recordo mostravam, entre parênteses e ao lado das palavras, a forma como ela era escrita antigamente (ou seja, até o início da reforma que valia na época). Na maioria das vezes, apareciam palavras com k, y, w, ph, com letras duplas e as com h no meio de vogais. Com letra dupla era o que mais havia. Era kilometro, Ytu, wagão, pharmacia, cavallo... das palavras com h entre vogais (como Jahu) somente sobrou o Estado da Bahia, que, mesmo assim, por algum tempo, foi escrito como Baía.

Alguns comentários sobre a escrita antiga, da qual eu tenho algum conhecimento, porque leio inúmeros textos pós-1950. O primeiro é que as palavras em geral quase não tinham acento nenhum (com exceção do til, que era como é hoje), o que facilitava muitíssimo a escrita. O festival de acentos veio com a reforma de 1930-40.

Com relação a esta reforma, eu ainda não consegui realmente saber quando ela efetivamente foi concluída e entrou em vigor. O fato é que nos anos 1920 se escrevia diferente dos anos 1930, mas nesta última década ainda existiam letras duplas (como em "aquella"), aspecto se escrevia "aspeto"... os exemplos são muitos. Ou seja, parece que houve um período intermediário onde se tinha dúvidas de como se escrever... basta notar que nos anos 1940 há uma grande diferença tanto para a escrita dos anos 1930 quanto para a escrita dos anos 1950. Eu aprendi a escrever e a ler em 1958, portanto, já peguei a escrita diferente dos anos 1940.

Em 1971, tiraram os acentos diferenciais e esta foi, pelo que me lembro, a principal parte da reforma. Mantiveram-no em pouquíssimas palavras, como por e pôr, para e pára. Era, realmente, difícil lembrar que se devia pôr acento em tôda por que há um pássaro chamado toda e em fôr por que existe uma preposição antiqui-quíssima "for". Isso, portanto, caiu.

Agora, com a (mais) nova reforma, tiraram acentos como "idéia" - va bene, que seja (desde que algum esperto não queira pronunciar "idêia" - mas, afinal, ainda se escreve "também" com acento agudo e ninguém pronuncia "tambéim") - mas a tal regra de onde há hífen e onde não há, para mim, beira a imbecilidade. Para que decorar regras de onde colocá-los? Sinceramente, eu não sabia a regra anterior e agora não sei a regra nova. Da forma que se escreve, todos entendem. Ou fazem como o alemão, que tem palavras enormes porque juntam tudo sem hífen (algo como se escrever "aguaquepassarinhonãobebe") ou se dê a liberdade de se pôr ou não o hífen.

Agora, convenhamos: tirar o acento diferencial de para (preposição) e "pára" (do verbo parar) foi realmente insano, Há poucos dias atrás escrevi o título de uma postagem neste blog da seguinte forma (errada, pela nova ortografia, mas fi-lo de propósito): "Roubo de fiação pára trens da CPTM", por que, se não puser o acento, fica dúbio.

No fim das contas, para que serve uma reforma ortográfica para uma população que escreve: seje, esteje, menas, pareçe, voçê, conhesse, estavão, caza, que conjuga o verbo haver no sentido de existir ("haverão oportunidades"), mixto, chícara, que começa frases com pronome oblíquo
(dói na vista ler "Lhe ofereço isto", "me dá"), "nós se conheçe" e por aí afora?

Caiamos na realidade. Voltamos a escrever como no século XVIII e XIX, quando se escrevia da forma que se achava que era. Mas, afinal, essa época tinha seu charme: setembro, outubro, novembro e dezembro escrevia-se como 7bro, 8bro, 9bro e 10bro...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

BOLETIM DA MOGIANA


Um colaborador de Uberaba, MG, mandou-me hoje a capa e contracapa de um antigo Boletim da Mogiana, do ano de 1946.

Eu nunca havia visto qualquer um destes boletins. Interessante, bem "anos 1940" mesmo. Reparem como a capa lembra rótulos de cerveja...

Agradecimentos a Marcelo Nomellini pelo envio.