quarta-feira, 14 de novembro de 2012

O INÍCIO DO APOCALIPSE FERROVIÁRIO NO BRASIL

Uma época em que as notícias sobre ferrovias eram principalmente de acidentes, como este entre um trem de subúrbios da Sorocabana e um ônibus em Presidente Altino, Saõ Paulo (Folha da Manhã, 1/11/1949)
Lendo jornais dos anos 1940, que agora existem em profusão na Internet, vejo ainda diversas notícias sobre ferrovias, durante a guerra de 1939-45 e depois dela. A eletrificação da Sorocabana, o prolongamento das linhas da Paulista rumo ao rio Paraná, as variantes de uma Mogiana já sem dinheiro e com diretores loucos para terem suas ações compradas pelo governo paulista, a Central do Brasil com um acidente a cada três dias ocupavam as páginas com o tema na imprensa.

Quem lê meus artigos sobre trens e ferrovias - e eles não são poucos - neste blog, sabe que considero como uma das principais causa da decadência ferroviária neste país justamente o sucateamento das estradas de ferro e de seu material rodante por excesso de uso, devido à falta de alternativas de transporte. Este fato, somado à volta da oferta de automóveis no pós-guerra e cada vez mais baratos, afastou os grandes usuários das ferrovias, lançando os trens à decadência.

Se não, vejamos: não é necessário procurar muito para encontrar, especialmente durante a segunda metade da década, reportagens sobre a pavimentação de ruas, de construção de rodovias pelo Estado inteiro, de estações rodoviárias em várias cidades do interior, além de anúncios e mesmo notícias de novas linhas de ônibus, muitas ligando cidades que nunca tiveram esse meio de transporte para viajarem.

Mesmo as notícias sobre ferrovias, tão abundantes até vinte anos atrás, agora eram em sua maioria reclamações de usuários contra maus serviços. Quanto ao transporte de cargas, cada vez mais se ofereciam caminhões principalmente para transporte de curtas distâncias, reduzindo rapidamente o volume a ser transportado pelos trens em ramais curtos. Não foi por acaso que os pequenos ramais desapareceram em grande número a partir dos anos 1950, ou seja, dez anos depois, por razões de prejuízo operacional.

Com tudo isso, a classe média e rica, que sempre sustentou principalmente os trens de passageiros, abandonou-os, trocando-os pelos aviões e pelos carros particulares.

Parece um conto de fadas com final nada feliz para as ferrovias e para os brasileiros.

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