Casarão na rua da Praia em São Sebastião (o nome da rua é outro, mas, embora ali não tenha praia, todos a chamam assim)
Neste final de semana, estive na casa de um amigo numa das praias de São Sebastião. Município cujo centro fica em frente ao porto da cidade, utilizado primordialmente pela Petrobrás, fica também à frente da ilha de São Sebastião, onde é a sede do município de Ilhabela, antiga Vila Bella da Princeza (nome muito mais bonito que o atual, não?).
Não há praia na área central, mas há muitas no caminho entre Bertioga, para o sul, e Caraguatatuba, para o norte.
Por esta faixa de grama no meio das casas, no meio do condomínio fechado, passa por baixo da terra um oleoduto da Petrobras.
Há anos que não vou para o lado norte. Já a cidade de São Sebastião, conheço pouco. Fui até a estação rodoviária de lá ontem, para levar um sobrinho de meu amigo que ia pegar um ônibus para São Paulo por volta das quatro e meia da tarde. Apesar de ter ficado bem impressionado com a zona central da cidade, muito limpa e bem cuidada (mesmo a área do porto), a rodoviária dali é uma porcaria. Pequena, espremida entre o morro e o porto e casas em volta, tem um acesso lamentável e poucos ônibus. O garoto tentou comprar uma passagem e não conseguiu, pois o guichê não aceita nem cartão de crédito, nem de débito, nem cheque, só dinheiro vivo. Eram 41 cruzeiros que eu tive de emprestar a ele.
De resto, a cidade tem os bairros praianos e alguns junto ao morro (o "morro" é a Serra do Mar, bastante próxima). Passei por algumas praias na ida e na volta, sexta-feira e hoje. Algumas delas são junto à rodovia Rio-Santos, outras, são mais longe e necessitam que se entre com o carro, coisa que não fiz, com exceção da praia em que fiquei, num condomínio fechado em Toque-Toque Pequeno.
Ao fundo da estreita rua em São Sebastião, na pequena igreja, o Museu de Arte Sacra. Fechado no fim de semana e em reforma, claro. Costume tipicamente brasileiro.
O que me assusta é a estrada em si. Embora bem asfaltada e razoavelmente sinalizada, ela é, na verdade, uma avenida urbana - e estreita, sem duplicação. Uma pista de ida e uma de volta, como qualquer estradinha de interior. Nem é, realmente, a Rio-Santos que se projetou há anos. Esta está abandonada em diversos trechos e viadutos na Serra do Mar desde os anos 1980.
O córrego que vem da serra passa limpo e cristalino dentro do condomínio fechado. Sorte dele. Se assim não fosse, já teria suas garrafas PET e seus sofás ali descarregados.
Até o início dos anos 1980, o acesso por carro a São Sebastião não podia ser feito desde Santos. Ou seja, podia, mas indo-se ao Guarujá, atravessando a ilha de Santo Amaro toda e tomando uma balsa para Bertioga. Aí, rodava-se na praia mesmo, com exceção de um ou outro trecho asfaltado em algumas pequenas praias ainda quase desabitadas. Estas praias começam (estou falando das que ficam no município de São Sebastião, a partir da praia de Boracéa, que é dividida estre este município e o de Bertioga) em Boracéa e seguem separadas por pequenas serras que são hoje ultrapassadas por uma estrada que foi construída por volta de 1980. Juntaram-se nessa época todas essas estradas e também se fizeram uma ligação entre a rodovia Piassaguera-Guarujá e Bertioga, acompanhando o canal do mesmo nome, e outra entre a praia de Maresias e o porto de São Sebastião, neste último caso usando-se uma estrada de servidão construída pela Petrobrás para fiscalização dos oleodutos que existem na região. Toque-Toque Pequeno fica junto a esta estrada.
Pois é, esta estrada é muito estreita e cheia de curvas com subidas e descidas. Bastante perigosa (embora com paisagens lindas para se ver) para veículos, é mais perigosa ainda para os pedestres que cismam em andar por ela de uma praia a outra. Não dá para entender como um país que se diz agora de primeiro mundo (afinal, ele não quer entrar no G-8?) e, mais ainda, no Estado mais rico da Federação como o é São Paulo, possam não construir não somente uma estrada decente (que teria de correr mais longe das praias), como também, pelo menos, uma calçada para que os pedestres possam andar sem correr risco de vida por poucos quilômetros, por diversão ou por necessidade. Como o trecho é apertado, a calçada exigiria um investimento bem acima do necessário para uma calçada comum. Nada de impossível, nada que exija "bilhões de reais".
Na frente do canal e da rua da Praia, a ilha que tem o município de Ilhabela.
No mais, córregos limpos e cachoeiras maravilhosas. Praias sem edifícios altos e com casas e pequenas lojas recentes sem nada de especiais. De antigo, apenas algumas igrejas de pescadores, sempre o ponto de origem dos bairros. Ainda com relação aos edifícios, na praia de Boracéa, mas do lado de Bertioga, já o existem - de quatro andares, mas existem. Como se licencia isto numa avenida estreita usada como rodovia à beira da praia? Irresponsabilidade de quem autoriza e de quem constrói.
Por fim, a Rio-Santos - ou a Rio-Santos provisória que pelo visto vai ser a definitiva - tem código de rodovia estadual (SP-55), mas quilometragem de rodovia federal (ou seja, começando na fronteira norte ou leste). Claro, tem nomes diferentes (ali em São Sebastião e em Bertioga, chama-se Manuel Hypollito Neto, e, quando entra na Piassaguera-Guarujá, que todo o mundo conhece por este nome, passa a se chamar Cônego Domenico Rangoni) do que os utilizados. Só que esta situação da quilometragem complica a todos, especialmente para quem segue acompanhando-a litoral sul abaixo. Lá pelos lados da Praia Grande, a quilometragem, de repente e sem avisar, passa de federal a estadual, embora a rodovia continue com as placas de SP-55 e ali com outro nome, claro (Manoel da Nóbrega, que todos conhecem como Pedro Taques). E satisfaçam-se os políticos que adoram colocar nomes em ruas e estradas para puxar o saco de famílias desconhecidas.
domingo, 5 de junho de 2011
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Não sei se você sabe, mas a mesma "rodovia" que tem o código SP-055 e recebe os diversos nomes de avenidas pelos centros dos municípios por onde passa, inclusive sob leis municipais, recebe também o código de BR-101. Quero dizer que no final é uma briga para saber qual o poder responsável pela chamada rodovia. Uma briga para NÃO conservar e NÃO fiscalizar.
ResponderExcluirSim, Kelso, eu sabia. Mas fiquei na dúvida se ainda era, pois (posso estar errado) deveria haver placa com os dois nomes da rodovia, tanto a SP-55 quanto a BR-101. Como não há... mas a conservação dela está boa, o problema é o trçado em si, a falta de locais para caminhantes... não adianta, o Brasil ainda é um país de caminhantes, não adianta pensar que aqui é os Estados Unidos, onde muitos bairros suburbanos não têm nem calçadas.
ResponderExcluirO que acontece com a SP-55 a partir de Bertioga é que o governo Federal começou a implantação, em várias frentes até Ubatuba, e não terminou. Foram realizadas as desapropriações e os trechos segmentados constam no PNV. O governo Estadual acabou por concluir a rodovia. Assim, realmente temos trechos estaduais entre trechos federais. Atualmente, o DNIT delegou ao DER a manutenção e conservação dos trechos federais até Ubatuba. No litoral Sul a rodovia é inteira estadual.
ResponderExcluirNo comentário abaixo da imagem do casarão, onde diz "(o nome da rua é outro, mas, embora ali não tenha praia, todos a chamam assim)", deve-se ao fato de, na década de 60 existir, em frente à cidade, uma única praia, com areia bem branca, com imensos Chapéus-de-Sol. A praia ia do cais do porto até o bairro de São Francisco e era simplesmente maravilhosa, local onde eu me divertia muito na minha infância. Com a chegada do famigerado "Progresso", resolveram destruir totalmente a linda praia e entulharam a orla com pedras, fazendo um "quebra-mar", cimentando todo o resto e plantando árvores que crescem rápido (tipo Flamboyant)... apenas para os turistas terem mais espaço para "passearem à orla do mar"... A linda e gigantesca praia morreu, mas ainda chamamos a avenida de "Rua da Praia".
ResponderExcluirAbraços.