quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

ERROS DE BASE


Osires da Silva, ex-Presidente da Embraer, defendeu numa audiência pública a não construção do TAV, Campinas-Rio-São Paulo. É o lobby da aviação com medo do trem-bala.

Sobre isso, um amigo meu acabou comentando o que transcrevo abaixo:

“Defendo o transporte de massa. É o mais racional. Poupa o meio-ambiente da poluição. Acaba com as mortes no trânsito. É democrático. Existem ainda outros motivos.

Quando penso no TAV Rio-SP-Campinas três coisas me vêm à mente:

1) Existe a questão do custo e de quem vai bancá-lo. A relação custo-benefício compensa? Com quanto a sociedade brasileira vai ter de arcar? Quem serão os usuários beneficiados, um grande número de pessoas que viajam entre Rio e SP ou uma parcela relativamente pequena? Em outras palavras, em que circunstâncias vale a pena implantar o TAV?

2) Parece que os estudos de demanda não estão levando em conta o conforto da classe-média alta que mora na zona sul de SP. Ela é considerada uma das principais usuárias do futuro TAV. Mas é ela que mais resistiu e ainda resiste à transferência da maioria de vôos de Congonhas para Guarulhos. Viajar da zona sul para Guarulhos custa tempo além de ter o visual poluído por favelas a que muitos moradores da zona sul (especialmente na ilha que são os Jardins) não estão acostumados. Com o trânsito caótico de SP e o tempo imprevisível de deslocamento de um bairro para outro, com previsão de só piorar, essa classe não vai topar ir da zona sul para o Campo de Marte, provável local da estação do TAV. Vai preferir pegar avião em Congonhas para ir para o RJ.

3) Se não houver uma boa integração da estação Campo de Marte com o transporte de massa de São Paulo, o TAV corre sério risco de fracassar na operação. O governo do estado está disposto a investir num VLT ou metrô interligando com alguma linha já existente do metrô? Vale lembrar que a linha norte-sul, a provável candidata para interligação, já está saturada”.


É uma opinião. Mas concordo com ela em praticamente tudo. O Campo de Marte não é local para a estação, principalmente porque, além de já ter um uso, não há ligação rápida com ele, que está no meio de quatro avenidas altissimamente congestionadas, onde se incluem a Marginal do rio Tietê e as pontes da avenida Santos Dumont e da Casa Verde. Vai se perder mais tempo em ir até o Campo de Marte do que a viagem de trem para o Rio e principalmente para Campinas.

Realmente, o ideal para o TAV sair seria um local próximo e de fácil acesso aos moradores da Zona Sul e da Zona Oeste. No caso, entretanto, ele teria de sair em túnel tanto para Campinas quanto para o Rio.

Alguém tem, de qualquer forma, de decidir o que se deve fazer para resolver o impasse antes de fazerem besteiras da grossa.

Em tempo: não moro na Zona Sul nem na Zona Oeste da cidade, portanto não sou suspeito pela minha opinião.

5 comentários:

  1. Ralph e amigos. Permitam-me não discutir esses aspectos da localização, porque parto do princípio que o TAV NÃO É NECESSÁRIO PARA A CIDADE DE SÃO PAULO. Os recursos são escassos, dinheiro não dá em árvore (se desse, não valeria nada). R$ 34 BILHÕES (para começar, claro, se apenas dobrar vira R$ 68 BILHÕES) têm uso necessária e socialmente mais justo em outros lugares. Se é para defender interesses, defendo o da minha cidade, que é o MAIOR PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA DO BRASIL (vide as chuvas de ontem à tarde, mísero exemplo). Com R$ 34 BILHÕES se fariam 200 km de novas linhas de metrô, mais que triplicando a atual rede. TAV atende milhares de pessoas. Metrô atende milhões de pessoas. A urgência é mais essa do que aquela. Quando finalmente tivermos subido do patamar de 3º mundo que ainda estamos em quase tudo, aí um TAV poderá (?) ser interessante. Penso assim.

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  2. Ok, e acho que não há nada de incoerente no seu pensamento, muito pelo contrário. Porém, como o TAV está na mídia e tem uma possibilidade (para mim, remota) de virar uma realidade, há coisas nele que são absurdas, como a história de se embarcar no Campo de Marte, por vários motivos. Agora, que SP precisa de muito mais metrô e/ou CPTM (o nome é irrelevante), precisa, sim... E precisamos também saber se todas as linhas que está projetadas hoje e que foram anunciadas há pouco tempo sairão um dia (entre trilhos, monotrilhos, VLPs, VLTs etc.). Abraços

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  3. O TAV e tudo mais que pode ocorrer no Brasil fará sempre parte de um projeto megalomano do Lula apoiado pelos canalhas de seu entorno.
    Por isso é que tenho medo que acabe sendo implantado.O custo inicial será multiplicado por 2 ou 3 e no final os politicos se perfilarão para as fotos de inauguração.Tambem
    não adianta pensar em trocar o TAV por mais km de metro em SP. O TAV, se houver será obra federal e o metro é essencialmente paulistano.

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  4. Luiz Carlos, entendo sua preocupação com custos, eu tanbém as tenho. Mas existe obra no Brasil, do PT ou não, que não seja superfaturada?

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  5. Prezado Luiz, insisto na ídéia de "trocar" sim a injeção de $$$$$$ do TAV no metrô. Isso seria feito ao se avaliar que São Paulo é, repito, o maior problema de saúde pública do Brasil. E como tal, receber um aporte adequado do governo federal, que é o grande cofre da nação. Pois bem, se eles decidem em gabinete fazer um TAV, podem decidir em gabinete aportar esses recursos no metrô paulistano, e nos salvar, porque estamos na iminência de um desastre ambiental. Penso assim

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