quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DESTERRO

Fui hoje à tarde visitar o centro de Florianópolis: este, sim, é a antiga Desterro. Como sabemos, o nome Florianópolis veio de uma lei baixada pelo Presidente Floriano Peixoto ao final da Revolução de 1894 nos Estados do Sul, para se vingar da resistência que a cidade, já capital do Estado de Santa Catarina, fez às suas forças durante a revolta.

Bom, “Desterro” não era o mais bonito dos nomes, mas certamente Florianópolis era pior. Não pela humilhação de ter de levar o nome do Presidente “inimigo”, mas também porque – convenhamos – Florianópolis??? Enfim, o nome ficou, ninguém o alterou novamente. Recentemente a população e seus visitantes têm chamado a cidade por um nome mais simples e curto, carinhoso: Floripa.

O centro da cidade, que fica onde desembocam a velha ponte Hercílio Luz e a nova, ambas vindas da parte continental da cidade, está bem bonita e bem conservada. À frente, o velho Mercado, já restaurado depois de um incêndio em 2007, e o prédio da Alfândega, com o brasão da República no seu dístico na parte superior da fachada. À frente deles, um aterro, que, sinceramente, não sei quando foi construído. O fato é que, sem aterro, não seria nada fácil construir as avenidas que hoje levam o centro ao sul e ao norte da ilha, visto que a parte central da Ilha de Santa Catarina é ocupada por um grande morro, além de existir também a lagoa da Conceição ocupando boa parte da ilha.

O fato é que a parte da ilha voltada para o canal que a divide do continente não tem praias, e a parte habitável e que permite a construção de casas se aperta entre o morro e o mar. Com o aterro, aumentou-se a área de ocupação, mas não tanto assim. O mercado e o prédio da Alfândega, que recebiam barcos bem à sua frente, hoje têm entre eles e o canal uma avenida, estacionamentos e palmeiras plantadas.

Pelo centro da cidade é que se conhece a cidade e sua história. Fora dele, na maioria das cidades, é tudo igual: a arquitetura urbana dos anos 1950 para cá, quando se começou a grande expansão das áreas urbanas das cidades, principalmente por causa do aumento logarítmico do numero de automóveis, não varia independentemente do local em que se esteja construindo, com as exceções de praxe.

No caso de Floripa, se não houvesse essas avenidas “beira-mar”, seria bastante difícil ligar o centro aos bairros do sul, por exemplo. Os congestionamentos da avenida Costeira — que de Costeira já não tem mais nada, por causa dos aterros — seriam tão grandes, que os habitantes, para vir mais rápido para o centro, precisariam se utilizar de barcos ou balsas.

Enfim, nada de novo no fronte — Florianópolis cresce como as demais cidades e sua frota de automóveis foi a que mais cresceu proporcionalmente no Brasil nos últimos anos, suas casas começam a subir o morro, tornando os riscos de mortes por eventuais desabamentos cada vez maior. Pode ser que as recentes tragédias em Angra dos Reis, Cunha, Paraitinga e Grande São Paulo abram os olhos dos ocupantes das casas, mas em pouco tempo tudo será esquecido, já que, um dia, as chuvas cessam. Até voltarem de novo.

2 comentários:

  1. Ola Ralph

    O que se " homenageia " de políticos com o final 'pólis' e 'lândia' e demais neste país...raros são os nomes que com esta composição ficam com uma boa sonoridade e isto quando não tem nome de político " homenageado ".

    Daniel

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  2. Você tem toda razão, Daniel. Poucas se dão bem, como Petrópolis e Anápolis...

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