O CEASA em 1969 - ainda menor que hoje. Ele havia sido inaugurado alguns anos antes. Notem que ao fundo está o rio Pinheiros, a Marginal, naquele tempo ainda não existia e pode-se ver o pátio da antiga estação da Sorocabana, de nome Universidade, da qual hoje só existem escombros. Note-se que a avenida Gastão Vidigal ainda não existia e que não foi coincidência o CEASA ter siso construído ao lado da linha. Havia vários desvios que entravam pelo centro de abastecimento. Hoje a linha é usada pela CPTM e cargueiros não alimentam mais o CEASA. Foto de autor desconhecido
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Ontem, 14 de outubro postei no meu Facebook um comentário sobre uma notícia que li no Estadão, que afirmava que o nosso incompetente prefeito de São Paulo, o sr. Haddad, vulgo Malddad, acha que o CEASA, que ocupa uma área bastante grande entre a estação do Jaguaré e o Cebolão, deve ser mudado dali.
Primeiro, ele guere que o seja para "uma região próxima ao Rodoanel", na zona oeste da área metropolitana. Besteira. A localização do CEASA é dentro da cidade, embora quase no limite entre a Capital e o município de Osasco. O CEASA nada mais é do que uma versão ampliada do antigo Pátio do Pari, na linha da Santos-Jundiaí, junto à rua Santa Rosa, no centro velho da cidade.
Ali era um local estratégico, pois o pátio do Pari, na região chamada por muito tempo de "zona cerealista", ficava próximo ao mercado central - tanto o atual quanto os anteriores - e era alimentado principalmente pela linha da ferrovia, que passava dentro dele. Porém, com a deterioração do centro e também por causa da falta de espaço para a expansão, o CEASA, em área bem maior, o substituiu.
Segundo: não foi ele mesmo que há menos de uma semana dissera que iria apresentar um projeto de lei proibindo "mega-empreendimentos" na cidade, ou seja, monstrengos de prédios residenciais, prédios comerciais, shopping centers, etc, de mais de 30.000 metros quadrados. Legal. Dias depois disso,ele se desmente. E justifica:
O CEASA traz muitos caminhões para a área - explica ele - e que deveria ir lá para perto do Rodoanel. Isto melhoraria o tráfego. E o que ele sugere que se construa no local? Adivinhem: um condomínio de prédios residenciais e comerciais, com um "jardim" no meio. Ora, o local tem muito mais de 30 mil metros quadrados, além de ser do Estado, e não da cidade. Isto não está cheirando bem... e mostra, também, o descompasso e a total falta de qualquer plano para a cidade, que cada vez mais vem sofrendo com decisões jogadas ao acaso, como os corredores de ônibus em locais que não os comportam, de inúmeras ciclovias feitas como o nariz, de aumento de impostos - que ele não conseguiu em 2013, mas vai tentar de novo no final deste ano... já chega de aventureiros. E ele que agradeça aos incautos que nele votaram.
Terceiro e gravíssimo: mais prédios, sr. Haddad? Alguém já parou para pensar se há água para tudo isso? Hoje não temos nem para o que já existe... qualquer prefeito com responsabilidade pararia já com a concessão de licenças de obras para a cidade até que o problema da falta d'água seja resolvido na cidade. O que, dizem, vai demorar anos.
Houve diversos comentários de apoio. Um seguidor discutiu comigo que seria inviável parar, de repente, com as construções; e, caso isso fosse possível, apenas espalharia os "megas" para as cidades vizinhas da Capital, e até além, como Campinas, São José dos Campos, ABC, Sorocaba. Mogi. Ele tem razão, mas, então, que façamos a proibição valer para toda essa área - em algumas delas, a situação da falta de água já é mais crítica do que a da Capital.
Eu sei que isso não seria feito de uma vez, ninguém teria peito para isso, mas o que me espanta é que ninguém - governos estadual, municipal e eventualmente, federal - se senta para discutir o assunto, que é realmente grave. Ou seja: como construir enormes empreendimentos em locais onde a água não supre nem o que já existe hoje (já citei isto mais acima). Nem disfarçam: lembrem-se que o mais fácil é disfarçar, montando uma comissão ou grupo de estudos, órgãos que, sabemos, são criados normalmente apenas com a intenção de disfarçar que o governo está preocupado com alguma coisa e fazendo algo.
Gente, o Saara vem aí. Exagero de minha parte? Espero que sim.
quarta-feira, 15 de outubro de 2014
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Ralph, se ele (o "Malddad") viesse aqui no CEASA e passasse o dia perguntando como os trabalhadores se locomovem até aqui, ele concluiria que cerca de 70% a 80% da MOB chega até o Entreposto via ônibus e trem (linha 8 e 9 CPTM).
ResponderExcluirAntes dele jogar o CEASA em qualquer lugar por ai, ele deve investir nessa infra-estrutura para que os trabalhadores não percam seus empregos, sem ter como chegar ao "novo CEASA".
Sinceramente, não acho que essa mudança dará certo, e acho muito difícil ser cumprida, mas vamos acompanhando o desenrolar dessa novela.