segunda-feira, 20 de maio de 2013

TUDO É PROMESSA, NADA É REALIDADE

Acervo J. H. Buzelin

Pois é, o assunto "trem de passageiros no Brasil" continua a todo vapor por aqui. Em um país onde político vive de promessas feitas (que não se transformam em realidade), vale tudo. Até prometer um MacDonald´s em cada município.

Como essa promessa parece que ainda não passou pela cabeça de nenhum candidato, fica mesmo na promessa de trens de passageiros - até trem turístico vale.

Mas, não entendo - não entendo mesmo: se a maioria dos trens de passageiros desativada neste país tiveram pouca ou nenhuma revolta do povo na época, por que é que, depois de mortos por quinze anos pelo menos - estes, os paulistas, pois os de fora acabaram até bem antes - os candidatos acham que trens de passageiros dão votos?

Ou será que a situação das estradas (congestionamentos) e a farra do monopólio dos ônibus acabou por piorar tanto as coisas assim para os viajantes nos últimos tempos?

Depois de extintos os trens de passageiros - todos, exceto o Vitoria-Minas e o Carajás, além de um longínquo trem de 150 km de percurso no Amapá - começaram as promessas de volta deles. Não falo aqui de trens turísticos, geralmente de curto percurso (com raras exceções, como o de Campos de Jordão e o Curitiba-Paranaguá, que por serem diários ou quase, se confundem com trens de passageiros). Falo de trens mesmo, de passageiros, com poltronas confortáveis e percursos pelo menos um pouco maiores dos que os trens metropolitanos (ex-subúrbios) ou as linhas de metrô.

O último a ser comentado foi o Salvador-Feira de Santana, nos últimos dias. Mas já se falou, nos últimos quinze anos, do Campinas-Poços de Caldas, do Londrina-Maringá, do São Paulo- Campinas, Araraquara-Rio Claro, São Paulo-Santos, São Paulo-Sorocaba, São Paulo-São José dos Campos-Pindamonhangaba, Rio-São Paulo (este, o TAV, protagonista de longa novela), BH- Sete Lagoas, São Paulo-Belo Horizonte, São Paulo-Curitiba, Goiânia-Brasília, Rio-Petrópolis e outros que me faltam à memória neste momento.

Fora a promessa do governo federal de uns dois anos atrás de que toda linha nova de trem construída teria de transportar passageiros, o que incluiria a Transnordestina, a Norte-Sul, a FIOL baiana e outros. E ainda tem os VLTs pipocando, mas sem sair quase nenhum, por aí. O do Crato parece que foi para o saco depois de três anos operando. Deus queira que eu esteja falando besteiras quanto a ele.

Hoje, no duro no duro, quem acompanha tudo isto ainda acredita em alguma coisa dessas? Eu gostaria que saíssem, mas, sinceramente... está cada dia mais difícil. É pena, pois acho que eles são realmente necessários.

O que deixa as coisas mais desanimadoras é o fato de as notícias que pipocam nos jornais muitas vezes descrevem coisas que não fazem muito sentido, desde percursos estranhos como históricos errados, prazos de execução totalmente irreais (pelo menos para o nosso Brasil) e outras babaquices escritas. Virão estas coisas de jornalistas desinformados ou de porta-vozes que não sabem coisa alguma? Ou os dois?

E que não pensem que acho que eles deveriam ser como eram antes, mesmos trajetos, mesmos trens antigos, etc. Colocando de lado o glamour, queria mesmo que fosse tudo novo, mais rápidos e sem cheiro de mofo.

E que os milagres ocorram e as promessas se tornem realidade.

9 comentários:

  1. Ralph: tenho comentado com frequência no blog "sãopaulotremjeito", que todo esse blablablá atual em torno do assunto "ferrovias regionais", falado por nossos patrióticos políticos e demais "especialistas" ligados aos atuais governos federal e estadual, é pura encenação devido à proximidade das eleições. Assim que as mesmas passarem, esse assunto vai sumir da mídia e da pauta dos políticos. Vai restar mesmo a nossa vergonhosa realidade, como essa solução do atual prefeito de São Paulo. Decretou permissão para que os ônibus da capital transportem um número maior de passageiros em pé, mais do que é permitido atualmente. Assim, logo teremos outro decreto, permitindo que passageiros em pé, sentem no colo de quem estiver sentado. Vejam só que solução genial: triplicaremos a capacidade de transporte dos ônibus da capital! Eta vida de gado! Depois quando um velho e sábio presidente da França declarou que o Brasil não era um país sério, os intelectuais de boteco tiveram um chilique!

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  2. O ponto também é a questão de saber cobrar e saber a quem deve se apontar o alvo quando falamos em retornar as ferrovias no Brasil.

    Apontar só no "Estado", na mão dos governantes, é certo, mas ao mesmo tempo errado. Pensando que o próprio governo tinha privatizado os sistemas ferroviários, o interessante seria cobrar quem deveria investir em ferrovias. Mas eles pensam em negócios, em números. Não em necessidade histórica ou fator social, exceto se for convertido em números.

    Alia-se o fato de que a população tem a cultura automotiva egocêntrica enraizada, muitas vezes preferindo "o conforto do carro, mesmo em horas de engarrafamento" ou "a praticidade de um caminhão, que pode ir para qualquer lugar", do que uma viagem de trem, usando-me de uma generalização burra.

    E com isso temos as ferrovias enferrujando e sendo esquecidas. Não existe uma cultura de "conversão" (no bom sentido da palavra) a formas diferentes de transporte, de forma que hoje trens só são vistos como turísticos ou para cargas de minério, não como um meio de transporte adicional.

    É difícil ver estudos relacionados a trens, e quando se vê, sempre é tarde demais, sempre atrasada.

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  3. Olhei por acaso a página do metrofor essa semana, e parece que o metrô DO CRATO CONTINUA VIVO.

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  4. Caro Ralph
    Sou um pouco mais otimista com relação a efetivação de diversos destes projetos de trens regionais. Não que eu seja um daqueles otimistas inconsequentes ou irresponsáveis, explico:
    Ouço muito a critica que o povo não reagiu quando os trens de passageiros foram extintos. Viajei muito pela Leopoldina e Central nos anos 50 e inicio dos 60 e os serviços eram muito ruins, com atrasos constantes, trens e estações mau cheirosas, equipamentos sucateados, etc. Lembro-me da ultima viagem de longa distancia que fiz no inicio dos anos 70 entre Rio e BH, era uma aventura de 13 horas. Naquela época já tínhamos a Cometa fazendo este trecho com muito conforto e horários diversos, como também SP/Rio e SP/BH. Portanto, a não ser a população daquelas cidades que ficaram isoladas com extinção dos trens, o restante não protestou com o fim de um serviço que era muito ruim e só piorava a cada ano.
    Agora temos um fato novo que eu chamo de "saiu na Globo". Excetuando os poucos brasileiros que estudam a história das ferrovias a grande maioria da população brasileira não estava nem aí para o assunto, até que este começou a "aparecer na Globo". Certamente todos aqueles que são conhecidos pela sua paixão pelo assunto foram procurados por amigos e parentes com a expressão, "vc viu no Fantástico ?", "vc viu no Jornal Nacional ?". Na minha modesta opinião acho que políticos e autoridades serão cobrados, cada vez mais, pela efetivação destes projetos.

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  5. Sou pessimista atualmente, sim, mas sempre espero que esteja errado no meu pessimismo... afinal, esperar 15 anos vendo promessas e nenhuma delas (isto, só de trens - e os outros assuntos?) entrar em operação é dose para elefante!

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  6. Quanto ao metrô do Crato, a noticia mais recente que encontrei hoje é de 24 de abril: Crato - Os usuário do Metrô do Cariri estão insatisfeitos com o funcionamento do equipamento. Atualmente, as linhas entre as cidades de Crato e Juazeiro do Norte estão sendo atendidas por apenas um vagão. Há cerca de um ano, os outros dois Veículos Leves sobre Trilhos (VLT s) existentes estão parados no galpão da fabricante aguardando manutenção. A previsão era que as composições retornassem às atividades ainda no início de dezembro de 2012. Devido ao problema, o percurso entre uma viagem e outra demora cerca de uma hora.

    Na estação Teatro, em Juazeiro do Norte, uma das mais movimentadas, o primeiro horário de circulação é a partir das 7h29. Um segundo trem só volta a passar às 8h49. No turno da noite, a última viagem é feita até às 19h29. Já nos sábados, o expediente é reduzido até às 14h09.

    Outro grande obstáculo para quem utiliza o Metrô do Cariri está relacionado à quantidade de estações e a localização das mesmas. De acordo com os passageiros, os pontos de embarque e desembarque são distantes dos centros comerciais e também não contemplam a maioria dos bairros das duas cidades.

    Como alternativa para solucionar a questão, eles indicam que o meio de transporte deveria funcionar através do modo de integração com as linhas de ônibus que circulam nos municípios, como acontece na Capital. Segundo o excursionista Paulo Rodrigues Bezerra, os trens oferecem segurança e são limpos, mas, ainda não atendem às necessidades dos caririenses. “Quanto a demora, a gente pega a tabela de horários e se adequa à ela. Mas, não dá para evitar ter que pegar um ônibus após o desembarque. Acho que está faltando um investimento em integração. Enquanto isso, a gente deixa de andar no metrô”.

    Apesar de oferecer conforto, muitos acentos e ambiente refrigerado, o Metrô do Cariri ainda não conquistou a adesão dos passageiros. Entre eles, a preferência é pelos meios de transporte viário. Quando optam por embarcar nos ônibus que fazem o transporte coletivo ou em vans alternativas, os viajantes, em muitas ocasiões, enfrentam o calor e aperto dentro dos veículos. Entretanto, contam com uma quantidade bem maior de paradas para embarque e desembarque, o que contempla aqueles que desejam parar próximo aos centros comerciais, além de abranger os bairros. Enquanto a viagem de metrô dura apenas 20 minutos, nas linhas feitas pela empresa Via Metro, entre Crato e Juazeiro do Norte, o intervalo entre a saída dos ônibus é de apenas dez minutos. O percurso é realizado em 45 minutos.

    Manutenção

    Em nota, a Companhia Cearense de Transportes Metropolitanos, que administra o Metrô do Cariri, informou que há dois Veículos Leves sobre Trilhos em manutenção junto a empresa Bom Sinal, que deveriam ter voltado ao funcionamento no início de fevereiro. Contudo, durante os testes prévios para retorno de circulação, os VLTs apresentaram problemas no freio e aquecimento, sendo recolhidos novamente para reparos. O novo prazo que a empresa deu para voltar a operação comercial foi até o próximo dia 15 de abril. A empresa ressalta ainda que, desde o início do atraso, a Companhia vem cobrando a volta dos equipamentos para atender à população o mais rapidamente possível. Infelizmente, mesmo assim houve problemas com os fornecedores.

    O Metrô foi inaugurando em 1º dezembro de 2009, quando foi iniciada a operação assistida, a chamada fase de testes. Antes gratuito, agora cobra o valor de R$ 1,00. É o primeiro do Interior e foi projetado pelo Governo do Estado para requalificar o transporte ferroviário de passageiros, integrar as cidades e fomentar o desenvolvimento local.

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  7. Ralph, é uma pena mas trem de passageiros não dá lucro e uma prova disso foi o fim do trem de prata que ligava SP ao RJ e que era uma viagem muito confortavel com seu vagão restaurante e camas.

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  8. Pedro, dependendo do que v. oferece, dá, sim. Isso não é desculpa.

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