terça-feira, 6 de março de 2012

TERRA SEM LEI, SEM ARMAZENS E SEM FERROVIAS

Pátio do Pari nos tempos d`antanho

Não sei até quando funcionou o pátio do Pari em São Paulo. Construído pela São Paulo Railway em 1867, era ele o "armazém de mercadorias" da Estação da Luz, que ficava não muito longe dali. Em volta desse pátio, formou-se a zona cerealista de São Paulo. Tudo o que vinha pelos trens do interior do Estado em termos de grãos, verduras, legumes e frutas podia ser armazenado ali e distribuído na cidade pelas empresas distribuidoras que se estabeleceram em volta.

Havia outros pátios de mercadorias, como o da Barra Funda, usado parte pela Sorocabana e parte pela SPR, que sobreviveu até os anos 1980. Também havia o pátio de Engenheiro São Paulo, próximo hoje à estação Bresser do metrô. Já o pátio da estação de Universidade, da Sorocabana, foi aberto em 1957 entre as estações atuais de Ceasa e de Jaguaré e deu origem ao Ceasa, o centro de abastecimento de São Paulo, aberto nos anos 1960.

A estação de Imperatriz Leopoldina teve a seu lado por muitos anos um "armazém regulador" de café. O nome dizia: seu estoque servia para regular a entrada de café no pátio da Barra Funda. Outros pátios da SPR, como os da Mooca, Ipiranga e Lapa também eram grandes os suficiente para armazenar, embora em armazéns particulares estabelecidos ao longo dos trilhos com muitos desvios, também podiam ser utilizados temporariamente como "armazéns não cobertos".

Era destes pátios todos que saíam carroças e caminhões que se espalhavam pelo município e por seu entorno distribuindo mercadorias e alimentos. Quem os trazia eram os trens.

Hoje todos esses pátios estão desativados e semi-abandonados. A Barra Funda praticamente desapareceu em área e movimento. O do Pari é apenas zona de passagem de cargueiros da MRS e dos trens da CPTM; nem estação de passageiros tem.

As estradas de ferro que cruzavam a cidade faziam-no de leste a oeste (Central do Brasil e Sorocabana) e de noroeste para sudeste (São Paulo Railway, depois Santos a Jundiaí). Fora isto, somente bondes e o Tramway da Cantareira, que desapareceu em 1965, além do metrô, construído depois disso e que é praticamente todo subterrâneo ou elevado. As linhas estabelecidas há mais de cem anos, mais a linha de Jurubatuba, que acompanha o rio Pinheiros e que é de 1957, determinam hoje as linhas de passageiros da CPTM. Afora isto, só o metrô. Grande parte da cidade não tem rede ferroviária e tem de ser atendida necessariamente por ônibus.

Se esses armazéns tivessem sido conservados e os trens continuassem a fazer transporte de mercadorias, boa parte dos caminhões que entram e/ou cruzam a cidade de São Paulo não precisariam fazê-lo. Bastaria carregarem durante o dia e retornarem vazios ou não durante a madrugada. Porém, já antes da privatização das ferrovias em meados dos anos 1990, os pátios já estavam em desuso. Portanto, não foram as atuais concessionárias (ALL e MRS) que os abandonaram - embora não tenham feito nenhuma força para ao menos tentar reativá-los. Cargas menores não são seu interesse.

Enquanto isso, e também por causa disso, a cidade sofre nas mãos do excesso de automóveis e ônibus, por falta de linhas suficientes para atender quem necessita de transporte e também com o excesso de caminhões, não talvez por falta de linhas de carga, mas mais por causa pela falta de uso dos velhos (e novos) pátios de armazenamento e de distribuição. E os caminhões que transportam combustível deitam e rolam nesta terra sem lei, como os que fazem a greve de hoje.

5 comentários:

  1. Ralph, o pátio da Barra Funda é o mesmo onde se lavam os trens e metrôs da CPTM? digo aquele que fica próximo da tv Record.

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    1. Sim, mas era muitíssimo maior do que é hoje. Como eu disse, a área e a atividade deles agora é mínima. Boa parte da área virou aquela porcaria de Memorial da América Latina, avenidas e aquela baita estação de metrô/CPTM/Fepasa (quando esta última existia ainda).

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  2. Eu perguntei porque eu fiz algumas entregas no local, e a arquitetura é inconfudivel do prédio antigo, eu só não sabia qual era á ferrovia que operava no local, já que na parte da frente existe uma linha de bitola larga... obrigado.

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  3. Eu sei que não é politicamente correto dizer isto , e peço desculpas aos que não tem culpa mas ,.... BEM FEITO , pois era este futuro que todos os governos pregam , e o povo mal ou bem informado cai direitinho. O que eles penssaram , que as rodovias seriam uteis para sempre , que o transporte sobre trilhos e ultrapassado , BEM FEITO , e eu realmente faço torcida para que piore , e mesmo assim nimguém vai fazer nada , nimguèm vai aprender o que já deveria ter aprendido há muinto tempo , mais uma vez ,... BEM FEITO.

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  4. tudo sempre segue uma linha ou varias linhas de interesse.
    dai entao faz sentido a frase que diz: "uma mentira contada varias vezes acaba sendo tomada por verdade".

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