quarta-feira, 14 de setembro de 2011

TODAS AS CORES DO ESPECTRO VISÍVEL E A REALIDADE

O metrô do futuro...

E não é que hoje no "Estadão" saiu uma reportagem onde o governo do Estado anuncia um plano de construção de "n" linhas do metrô até o ano 2030? Linhas que preenchem todas as cores do espectro - só faltou a linha "fucsia", aquela cor que somente as mulheres enxergam.

Será que realmente o governo conseguiria construir todas essas linhas, que, conforme o mapa que anexo acima, publicado pelo mesmo jornal, além de cruzar a Grande São Paulo (especialmente a capital) ainda a contornaria como um metroanel? Bem, tecnicamente, sim, ele conseguiria, por que não? Só que o histórico da construção de linhas de metrô em São Paulo (e no Brasil como um todo) não é nada animador.

Apesar de as linhas do metrô paulistano terem crescido mais rápido que em outras capitais, ela ainda teve esse crescimento de forma muito lenta - imaginem, então, como foi e continua sendo no Rio de Janeiro, Fortaleza, Salvador (este último parece piada) e outras cidades. Além do mais, os fatores licença ambiental, burocracia, intervenções do Ministério Público, licitações mal feitas, demora nas decisões, falta de verbas, desvio de verbas etc. têm causado enormes atrasos a ponto de inviabilizar, em alguns casos algumas das linhas projetadas. Isto acontece com as ferrovias Brasil afora também: vide Transnordestina, Norte-Sul, Oeste-Leste, Ferrovia do Aço, Ferroeste...

Foi publicada também hoje (li no boletim da Revista Ferroviária na Internet) alguns comentários a respeito do prazo para a construção de linhas ferroviárias no Brasil, feitos pelo presidente do Metrô paulistano, Sergio Avalleda. Algumas muito bem colocadas.

Vamos lá, tentando resumir o que ele falou: "defendeu a criação de um “fast track” para a aprovação ambiental de projetos ferroviários urbanos por conta dos benefícios gerados para o meio ambiente pela construção de linhas de metrô e trens metropolitanos". "Quem faz a conta dos prejuízos ambientais causados pelo aumento na produção de automóveis no Brasil? Por que não existe um reconhecimento explícito das vantagens ambientais das obras ferroviárias?" "a Lei de Licitações a que estamos submetidos é de 1993. Ignora a existência da internet, o que atrasa todos os processos”. "quem faz política de transportes no Brasil não é o ministro dos Transportes, mas o ministro da Fazenda, que reduz o IPI e inunda as ruas de automóveis e caminhões". "Hoje, não faltam recursos para investimento no governo federal e nos governos estaduais. Se não formos mais rápidos nas licitações, na elaboração de projetos e no aproveitamento dos recursos existentes a oportunidade vai passar e vamos continuar diante das mesmas questões. Um país se torna desenvolvido não quando compra mais automóvel e televisão, e sim quando se dota de infraestrutura”.

Alguém discorda? Venho falando disso há anos. Só que a mim, pobre mortal palpiteiro, ninguém escuta. Já Avalleda fala mais alto... será alto o suficiente? Concordo com tudo que ele falou!

Em suma: dá para esperar que em 2030 todas essas linhas estejam prontas? Em tempo: as frases em itálico foram transcritas do texto da RF.

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