Sátira da coroação de Carlos I, imperador da Áustria, em 1916
Temos lido todos os dias sobre o "nine-eleven" americano. Aliás, uma nota: por que os americanos têm mania de ter tudo diferente por lá, complicando as coisas para o resto do mundo? (que, ao contrário do que eles pensam, existe sim) Afinal, datas (aqui no Brasil seria "eleven-nine"), futebol (para eles é um jogo com bola torta e um monte de malucos se agarrando), dia do trabalho (não é em primeiro de maio), vírgula é ponto e ponto é vírgula, o sistema métrico (muito mais fácil que o sistema deles que vem da Inglaterra antiga) lá não pegou e por aí afora.
Voltando ao "nine-eleven", ele é sempre citado como sendo o real início do século XXI, ou seja, essa data é que definirá o século, pois o mundo mudou depois disso. Mudou mesmo, mas só os próximos cem anos dirão o que realmente vai mudar.
Já a virada do século XX é citada por muitos não como tendo sido em 1/1/1901 - quase coincide com a morte da Rainha Vitória, que ocorreu 20 dias mais tarde e que selou o fim da "era vitoriana", bem característica do século XIX - mas sim como tendo sido a eclosão da Primeira Guerra Mundial, em fins de julho de 1914.
Yudo isso é elocubração, o mundo vai seguindo e datas são apenas datas. Mas é interessante pensar o seguinte: se o Arquiduque Francisco Ferdinando não tivesse sido assassinado em Serajevo (então território austríaco) em 28 de junho de 1914, numa visita estúpida que todos os membros do governo do Imperador Francisco José o aconselharam a não fazer, a guerra eclodiria um mês depois?
A guerra começou quando a Áustria resolveu bombardear a cidade de Belgrado em represália pela Sérvia não ter deixado os austríacos participar da investigação sobre a participação da Mão Negra, organização terrorista sérvia, no assassinato do arquiduque. E era fácil para a esquadra austríaca fazer isso, pois, na margem oposta de onde estava Belgrado no rio Danúbio, era território austro-húngaro.
Só que esse acontecimento, que tecnicamente era um problema somente dos dois países, levou seus aliados a declararem guerra uns aos outros por uma série de motivos idiotas, mas que numa época em que guerra ainda era considerado algo normal e corriqueiro, eram motivos fortes quando esses países estavam se ameaçando e se reforçando havia anos.
Em resumo: a Sérvia, agredida, pediu ajuda à Rússia, que era sua aliada; esta se armou na fronteira dela com a Áustria; esta pediu ajuda ao Império alemão; esta se armou na fronteira com a Rússia (sim, todas estas fronteiras existiam então); a Inglaterra era aliada da Rússia e reclamou; a Alemanha disse que se ela não parasse de reclamar, declararia guerra às duas, Rússia e Inglaterra; a França, como aliada da Inglaterra, entrou no rolo e, uma semana depois, havia invasões de parte a parte. Deu no que deu.
Voltando à pergunta: sem ocorrer o assassinato do arquiduque, tudo isso teria acontecido? Impossível de saber, claro. Porém, os ânimos entre os países citados acirravam-se cada vez mais à medida que os acontecimentos iam se sucedendo. Os Balcans eram um barril de pólvora e os países da região já haviam se metido em duas guerras em 1912 e 1913, mas sem o envolvimento da Áustria e da Rússia. A Alemanha tinha sérios problemas com a França, esta desmoralizada na guerra Franco-Prussiana de 1871 e ainda por cima sem a Alsácia-Lorena, perdida nessa guerra. A Inglaterra via seu poder marítimo ser cada dia mais ameaçado pela frota cada vez maior e mais potente do Kaiser.
Após o final da guerra, o mapa da Europa mudou completamente, os impérios das nações derrotadas caíram todos e a democracia passou a se estabelecer no continente. A Segunda Guerra, considerada um prolongamento da primeira com um intervalo, selou de vez a história do século XX.
Outra vez pergunto: sem o arquiduque sendo morto... afinal, o herdeiro do trono, filho de Francisco José, Rodolfo, havia se matado no episódio de Mayerling, em 1889. Se isto não tivesse ocorrido, bom, ele poderia estar vivo em 1914 e o arquiduque não teria ido a Serajevo nessa data. Parece até que o destino foi truncado no caso de Rodolfo: esse foi o nome do primeiro imperador Habsburgo em 1291. Seria o nome também do último? Parece que o destino não quis que isso acontecesse. Francisco José, de qualquer forma, morreu em 1916 em plena guerra depois de um reinado de sessenta e oito anos. Foi sucedido pelo seu sobrinho-neto, Carlos, sobrinho de Francisco Ferdinando. Despreparado e jovem demais, depois da bagunça formada quando a Áustria se rendeu no início de novembro de 1918, não teve como segurar todos os territórios que foram se desmembrando rapidamente nos dias seguintes. Rodolfo conseguiria? A guerra teria começado quando? A Áustria se meteria nela?
São conjeturações e as repsotas podem estar em mundos paralelos. Alguém se habilita a pesquisar neles?
sábado, 24 de setembro de 2011
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