O Transbaião - Fotografia Mario Sergio/Amantes da Ferrovia
E continua a saga dos trens turísticos no Brasil. Os engana-trouxa. Com exceção das associações sérias de preservação ferroviária, que têm seu estoque de locomotivas, carros e vagões para restaurar e usar alguns para passeios de fins de semana em linhas próprias (em alguns casos, utilizando linhas cargueiras), o resto acaba sendo enganação.
Na verdade, a enganação é mais para divulgar algo do tipo "vai ser" ou "vai ter". Ou seja, empresas concessionárias de linhas criam trens ou dizem que vão criar (tipo Ouro Preto-Mariana) de passageiros para fins de semana em vez de se esforçarem em criar trens regionais, ou, no mínimo, deixarem outros interessados colocarem os trens regionais, há muito anunciados e nunca estabelecidos.
Quantos trens de passageiros, regionais ou não, foram criados desde o início da privatização em abril de 1996? A resposta é fácil: nenhum. Ou melhor, um: o trem Sorocaba-Apiaí, criado em 1997, durou somente até março de 1991. De resto, os pouquíssimos que ainda haviam, por acaso em São Paulo mesmo (antiga Mogiana, Sorocabana, Paulista, EFA) foram para as calendas em março de 2001. As exceções continuam sendo os da Vale e o da E. F. Amapá, que operam ainda normalmente... até quando?
De resto, só anúncios via BNDES, prefeitura daqui, estado dali, governo federal... e nada. De vez em quando, aparece uma promoção como, por exemplo, o recentemente criado Transbaião, homenageando Luiz Gonzaga, que é um trem de três carros de passageiros oferecido pela FCA para a população das cidades das linhas férreas entre Cachoeira-Mapele-Alagoinhas. Trecho, aliás, que conheço, mas de carro, pois fotografei praticamente todas as estações desses trechos nos anos de 2005 e 2006.
Até que seria interessante tomar um desses trens e andar pela linha... mas para satisfazer a curiosidade, só, já que eles são temporões e possivelmente não duram muito. E, mesmo que durarem por um, dois anos, não resolvem... o certo é usar o trem como transporte, e não ficar somente passeando em um sábado por trechos curtos. Como disse, isso é enganação.
Enquanto isso, ali perto mesmo, na região esquecida de Mapele - esquecida tanto pela ferrovia quanto pelo poder público (conheço o local), manifestações ocorridas recentemente pedem a volta dos trens de passageiros. Nos anos 1970 e início dos 80, houve trens de subúrbio
9ou metropolitanos, como queiram) de Salvador a Simões Filho e também a Candeias. Foram extintos. Por que? Vai dizer que não eram necessários? O mais provável era que o nível de serviço e de horários fosse tão ruim que pouca gente tomava (e a ferrovia, na época a RFFSA, afirmava que extinguia o trem por ser de baixa utilização pelos usuários)... e a pressão sempre presente dos lobbies de empresas de ônibus (não, não é lenda - os lobbies existem mesmo).
Pois é, fora o trecho da CBTU de Salvador a Paripe, o resto (Paripe-Mapele) está abandonado, coberto de mato, com muitos trechos roubados, etc., desde finais dos anos 1990. Um trem hoje que vem do interior da Bahia não consegue chegar a Salvador, nem a CBTU, se quisesse a curto prazo expandir seus metropolitanos até Simões Filho ou Candeias conseguiria isto a curto prazo.
Brasil: acorda!!!
sábado, 2 de julho de 2011
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