domingo, 11 de abril de 2010

A LINHA DA CPTM ATRÁS DO CEAGESP

Mapa da região do CEAGESP em 1976. Notar que a avenida Mofarrej (pelo menos no mapa) ainda não se encontrava com a "avenida das Nações Unidas" - aqui em aspas, pois ela estava ainda sendo construída nesse ponto e, ainda por cima, com a linha à direita dela, e não à esquerda, como está no mapa.

Quando foi aberta a linha de Jurubatuba pela Sorocabana em janeiro de 1957, a idéia era que esta linha, que partia da estação de Imperatriz Leopoldina, na Vila Leopoldina, ligasse a estação de Júlio Prestes ao porto de Santos. Na época, as cargas originadas em São Paulo ainda pareciam ter alguma relevância para a ferrovia, pois essa linha permitia a descida pela serra pois ela se ligava com a linha Mairinque-Santos na região de Engenheiro Marsilac, mais precisamente na estação de Evangelista de Souza, onde começa a descida da linha.

A linha parece ter sido um sucesso, pois nos anos 1960 quase se desativou o corredor Mairinque-Evangelista de Souza, sinal de baixo movimento nessa linha que já tinha 30 anos. Ainda bem que tal fato não ocorreu: hoje, a linha Mairinque-Evangelista-Santos é uma das linhas de maior tráfego no Brasil.

Por outro lado, o estabelecimento da linha São Paulo-Evangelista-Santos pela Sorocabana levava à implantação do transporte de passageiros também, como era costume nessa época: todas as linhas férreas existentes no País nessa época em atividade transportavam passageiros. Infelizmente, isto começou a mudar poucos anos depois.

O fato é que aquela linha da CPTM, que já há pelo menos dez anos é utilizada apenas por trens metropolitanos, hoje em bitola de 1,60 - em vez da métrica em que foi contruída - surgiu exatamente com o que restou do transporte de passageiros SP-Santos, que existiu até 1976 por aquel linha. Em 1977, o Governo do Estado iniciou os planos para mudar a linha de Jurubatuba, duplicando-a e aumentando sua bitola para novos trens e estações que iniciaram suas atividades de vez em 1981.

Atrás do CEAGESP, no entanto, entre as pontes do Jaguaré e do "Cebolão", a linha, que, como em toda a parte em que acompanhava o canal do rio Pinheiros, estava à beira do rio, teve de ser alterada: a Marginal do Pinheiros, que ainda não existia nesse trecho (até então, quem vinha por ela desde Santo Amaro era obrigado a entrar no Jaguaré e na avenida Gastão Vidigal até a ponte dos Remédios para tomar o trecho final da Marginal Tietê e ter acesso à Rodovia Castelo Branco), foi construída em 1978 margeando o rio, o que obrigou à construção de um viaduto sobre a linha antes da ponte do Jaguaré.

Para isto, a linha teve de ser "empurrada" para mais longe do rio, deixando espaço para a avenida. Lembro-me que em 1978 eu vinha do sul para o Cebolão - quando era necessário, pois eu ainda não morava em Santana de Parnaíba - eu entrava pelo Jaguaré, pegava a Gastão Vidigal e entrava à esquerda na rua Xavier Kraus, para então dobrar à direita na Marginal depois de cruzar uma passagem em nível junto à avenida Mofarrej e aí entrar no trecho já pronto da Marginal entre essa rua e o Cebolão - este também ainda em construção.

Logo depois, tanto a Marginal quanto o Cebolão ficaram prontos, bem como o leito da nova linha, agora da FEPASA. Em 1992, tudo isto passou a ser CPTM e os trens de carga foram rareando cada vez mais até desaparecerem.

3 comentários:

  1. Olá Sr. Ralph, boa noite.
    O topico de hoje confirma a precisão daqueles que fizeram o "traçado" das ferrovias há muitos anos? Afinal, o que se tem hoje de linhas usadas pela CPTM é o traçado EFSJ, EFS, EFCB, pouca coisa nova foi criada, a não ser retificações como no exemplo do tópico.
    Ou será o contrário? Foi esse traçado que definiu o "formato" da cidade, ao longo dos anos, e como tal, não havia como os governos anteriores fugir dessa disposição geométrica? Até a linha do metrô Leste-Oeste seguiu o traçado da EFCB, na ZL. Um traçado que foge dessa disposição é a linha amarela do metrô, que passará por algumas regiões que jamais viram um trilho.

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  2. Azul, em termos de CPTM, a única modificação real foi o da linha leste, em Itaquera. As outras modificações foram pequenas, como essa do artigo, ou da linha de Varginha. Quanto à linha 4 do metrô, se v. quiser forçar a barra, pode dizer que ela é a volta dos bondes da Consolação e Teodoro Sampaio... pelo menos até o largo da Batata, e se quiser forçar mais ainda, com o bonde do Porto do Veloso, que chegava ao rio Pinheiros vindo do largo de Pinheiros pela rua Paes Leme. Linha, aliás, eliminada há trocentos anos.

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  3. Infelizmente modificaram em Itaquera. Razões técnicas poderiam haver, mas a prefeitura destruiu a estação, desrespeitando abaixo assinado de 2 mil moradores pedindo seu Tombamento, passando- se asfalto por cima de tudo, obra ridícula, inaugurada por Lula para reeleger Marta. Felizmente burro povo não é, ela nunca mais será eleita para nada, só nomeada.

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