quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

JUÓ BANANERE (1923)




O engenheiro Alexandre Ribeiro Marcondes Machado era também poeta e jornalista. Viveu nos anos 1920 em São Paulo em meio a uma multidão de imigrantes italianos e criou para si um pseudônimo - Juó Bananére - para seus escritos no jornal satírico Diário do Baixo Piques.

Um de seus versos, criados no idioma chamado por muitos da época como "idioma macarrônico", era uma mistura do italiano com o português falados na cidade de São Paulo por algumas pessoa, algo que hoje talvez pudéssemos comparar com o já famoso "portunhol", falado por diversos turistas brasileiros que visitam principalmente a Argentina, o Paraguay e o Uruguay na esperança de se comunicar com seus habitantes que nos olham com olhos espantados...

No texto publicado no Diário acima citado, o satirizado era meu avô Sud Mennucci.

Num recorte de papel que sobreviveu cem anos, parte no acervo de Sud quanto no meu, Sud aparece como "Sub" Mennucci e seu rosto era a cabeça do boneco que parecia discursar como cabo eleitoral de alguém, enquanto uma senhora parecia observá-lo com alguma ressalva...

O que chamou minha atenção era que meu avô, nesse distante ano de 1923, tinha um problema sério: sua filha estava internada no hospital Santa Catarina e minha avó Maria era a sua acompanhante de quarto. Eles na época residiam em Piracicaaba, onde meu avô era delegado regional de ensino, o que fazia com que ele tivesse viajar muito entre as duas cidades. E o casal não tinha moradia na Capital.

Onde teriam eles morado nesse período? (Astarté, a filha, acabaria infelizmente falecendo no inicio de 1924). Hotel? Casa de amigos ou parentes? Nunca tive a resposta para isto...

Por outro lado, a maior presença dele em São Paulo abriria mais caminhos para outros interesses dele. E, bem sabemos, críticas vieram quando sua presença tornou-se mais constante. Daí uma provável sátíra no recorte. 

Sud detestava ser chamado de "italianinho", apelido dos imigrantes italianos na época. E Baixo Piques  era um local específico na região do largo do Piques, local que não existe mais desde os anos 1930 e que se localizava mais ou menos onde hoje está o viaduto das Bandeiras, no começo da atual rua Santo Antonio, junto ao famoso Bixiga, hoje o bairro paulistano da Bela Vista.

Finalmente, eu não sei italiano suficiente para tentar entender muito do que está escrito no curioso  recorte.

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