Estação de Manuel Feio, em 2001. Foto Ricardo Corte
Recentemente soube que o pessoal de Itaquaquecetuba quer mudar o nome da segunda estação ferroviária do município, chamada Manuel Feio, hoje atendendo a CPTM. O nome existe desde a inauguração da estação, em 1927.
Concordo que Manoel Feio é um nome estranho, mas o engenheiro da Centrsl do Brasil que foi homenageado era esse mesmo. A Central era mestra em colocar nomes "de gente" em suas estações. Bom, apesar de o nome ser um tanto... feio, eu jamais concordo com a mudança de nomes em logradouros que já os têm.
Já basta a recente mudança de nome do Minhocão paulistano, de "Presidente Costa e Silva" para "Presidente João Goulart, este um picareta que só não é o pior presidente que este país já teve, porque ele foi superado pela "presidenta" Dilma, recentemente deposta. Quem foram os imbecis que aprovaram esta mudança? Vereadores do defunto PT e seus aliados, claro. Nesse caso, sou favorável à volta do nome anterior. Costa e Silva não foi nenhuma maravilha, mas neste caso foi sacaneado simplesmente por ter sido um presidente da era dos militares.
Se acham o nome Manoel Feio feio, imaginem o que os paulistanos pensariam de um bairro de Pistoia, Itália, que se chama "Femmina Morta", ou seja, "mulher morta". Quando estive nesta cidade, onde mora minha querida filha Veronica, vi passarem diversos ônibus que se dirigiam para este bairro, ostentando o nome no seu dístico acima das janelas frontais do veículo. Não me consta que ninguém na cidade esteja reclamando do nome.
No assunto nomes estranhos, temos um bairro em São Paulo que se chama "Chora Menino", que, apesar de estranho, é muito bonito e poético. O Tramway da Cantareira passava por lá, depois de deixar a estação de Santana e rodar por alguns quarteirões da rua Alfredo Pujol. O cemitério que fica no bairro tem este nome. Provavelmente o nome do bairro foi tirado do do cemitério.
Aqui no município de Santana de Parnaíba, onde moro, há dois nomes curiosos: um é o bairro do 120. Sim, "cento e vinte", também com direito a ônibus com o nome no dístico. Ele fica no norte da cidade e seu nome vem dos anos 1940/50, quando, segundo se conta, era caminho para a fábrica de cal da Matarazzo que ali existia e nessa região existiam duas bombas para levar água para a fábrica. Uma era de 80 cavalos e outra, de 120. Então, quando se começaram a construir cass no caminho, o lugar ficou conhecido pelo nome numérico.
E não muito longe dali, há o bairro "Várzea do Souza". O curioso é que ninguém sabe exatamente quem foi o Souza que morava - ou era dono - dessa várzea, tanto que ninguém parece usar esse nome antigo, próximo ao 120 e, segundo moradores mais antigos, o local que gerou a região mais rica do município, chamada com o nome amplo de Fazendinha. O nome Várzea do Souza pode não ser muito conhecido hoje, mas o que tem de ônibus - inclusive, um que vem de São Paulo, Capital - até hoje com esse nome no dístico não é brincadeira.
Ainda em Santana de Parnaíba, um dos bairros que existem entre o Alphaville e o centro do município de Santana de Parnaíba sempre se chamou "Tanquinho". Agora, o nome está desaparecendo, pois os loteamentos "chiques" e mesmo as lojas e oficinas que estão se estabelecendo na Estrada da Bela Vista (na região) acham "esquisito" ter um nome tão, digamos, simplório como Tanquinho e insistem então em dizer que estão em Alphaville, mais chique. E assim vai se perdendo mais um nome tradicional da região.
Da mesma forma, em Barueri, havia um bairro de nome "Passa-Três", situado exatamente onde a rodovia Castelo Branco passou com seu asfalto no final dos anos 1960. O bairro sumiu e o nome, também. Na divisa deste município com o de Santana de Parnaíba havia outro bairro com o nome "Passa Dois", que é o nome do córrego que cruza ali a Estrada dos Romeiros, vindo dos lados do Jardim Isaura. Hoje em dia, ninguém sabe o nome do bairro e do córrego. Este último, aliás, quase desapareceu, tendo sido em parte canalizado sob a terra.
E nessa brincadeira, vamos perdendo nossa história e nossas tradições.
quarta-feira, 28 de setembro de 2016
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Ralph, o próprio nome da bonita localidade aonde você mora, Alphaville, também é muito estranho, porque a Alphaville do filme do Jean-Luc Godard, que certamente foi a inspiração para batizá-lo com esse nome, era um lugar, no mínimo, assustador.
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