domingo, 21 de setembro de 2014

FÉRIAS EM SÃO SIMÃO - ANOS 1930


A estação de São Simão nos velhos tempos. Aí descia minha mãe. O prédio ainda existe, os trilhos não e a estação obviamente não funciona mais com esta função
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Minha mãe, Astrea, hoje com novemta e um anos, conta-me que quando era criança, passava muitas de suas férias em São Simão.

Com nove anos, ela já ia para lá com sue irmão, Aécio, de trem. Meu avô, Sud, levava-os para a Estação da Luz e chamava o chefe do trem, mostrando os dois para ele e pedindo que tomasse conta deles de forma a que desembarcassem na estaçao ferroviária de São Simão.

E eles chegavam sempre sãos e salvos. Outros tempos. Sempre lembrando que, da Capital a São Simão, havia uma baldeação obrigatória em Campinas e a famosa troca de tripulação e locomotivas em Jundiaí: São Paulo Railway, Paulista e Mogiana, esta a partir de Campinas.

A diferença de conforto era nítida para minha mãe. Viagem tranquila na bitola larga da SPR e CP até Campinas e outra, scolejante, n bitola estreita da Mogiana, até Sõ Simão. Eram 359 quilômetros de distância ferroviária. Em 1932, um pouco mais, pois a modificação da via entre Carlos Gomes e Jaguariúna cortou alguns quilômetros da Mogiana em 1945 e a distância que cito é a de 1960.
Estação de Porto Ferreira em 1930. A estação ainda existe, não como estação, os trilhos já se foram
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Houve pelo menos uma vez que mamãe foi de Porto Ferreira para São Simão. Vovô Sud ia também até a estação da cidade com ela, dava-lhe chocolates e dava as mesmas ordens ao chefe do trem, que saía da cidade, voltava a Pirassununga, fazendo mamãe baldear para o ramal de Santa Veridiana e depois outra vez trocar de trem para o da Mogiana na estação de Baldeação. Mamãe ainda se lembra da enorme estação, comprida, onde um lado recebia o trem da Paulista e on outro passava o da Mogiana. Acima da plataforma, uma grande cobertura metálica e na plataforma apenas duas pequeninas bilheterias. Tudo isso no meio do nada. De Baldeação seguia até São Simão.
Classe do Grupo Escolar de São Simão. À esquera, tia Angélica, diretora. À direita, a professore/ Anos 1930
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Por que São Simão? Porque era lá que minha saudosa tia Angélica (1897-1993) era diretora do Grupo Escolar e seu marido, o tio Siqueira (1993-1977), era dentista, farmacêutico e, por uns anos, prefeito. Tia Angélica era a tia de todos nós. Ela não tinha filhos. Depois, no finalzinho dos anos 1930, mudaram-se para São Paulo.

E por que eu concluo que mamãe somente foi de Porto Ferreira a São Simão sozinha somente uma vez, em 1932? Por que nesse ano minha bisavó Constança faleceu em janeiro e, embora desde a morte de seu marido quatro anos antes, morasse em São Paulo, quando adoeceu gravemente no final de 1931, quis voltar a Porto Ferreira. Lá morreu em 20 de janeiro de 1932. E de lá, depois do enterro, a que minha mãe compareceu, foi para a casa da tia. E, depois disso, para que ir a Porto Ferreira, sem mais ninguém para visitar?
Estação de Baldeação, da qual sobra apenas hoje a plataforma coberta de mato
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O matriarcado da família Silva Oliveira transferiu-se de minha bisavó para sua qarta filha, Maria, minh avó, em São Paulo, onde esta j'morava desde 1925. Tudo por causa de Sud, que a todos ajudava.

Com a exceção de minha mãe, todo o resto já virou saudade. As pessoas citadas aqui, as ferrovias, as esta'~oes, as viagens de trem.

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