quarta-feira, 18 de junho de 2014

PROJETOS DA 23 DE MAIO-RUBEM BERTA: 1964


O jornal Folha de S. Paulo publicou, respectivamente em suas edições de 2 de outubro e de 28 do mesmo mês, desenhos dos projetos de construção das avenidas Rubem Berta e 23 de Maio.

Há que se explicar certas coisas: a avenida 23 de Maio, que em projetos anteriores chamou-se avenida Itororó, por exemplo, já estava sendo construída aos poucos desde os anos 1940, acompanhando o leito do rio Itororó, que era afluente do Anhangabaú e tinha suas nascentes próximas ao cruzamento da rua do Paraíso com a rua Vergueiro. O avanço, entretanto, desde a região onde hoje passa por cima dela a Radial Leste-Oeste até a Bernardino de Campos (no topo) e além, foi feito mesmo durante os anos 1960

A 23 de Maio chega até o Obelisco do Parque Ibirapuera. Dali para a frente se chama Rubem Berta, nome dado à avenida logo depois da morte do então Presidente da VARIG e pouco antes da inauguração oficial da avenida. Isto tudo no final dos anos 1960. O nome fica até a avenida Indianópolis. Qual era o nome, então, do trecho antes da morte do dito cujo? Na verdade, praticamente rodo o trecho da avenida foi cavado em nível mais baixo ao lado da avenida Professor Ascendino Reis, rua mais estreita, mas escolhida para ser o leito a ser alagado (e ter parte rebaixado). Só que essa avenida dobra para a direita, onde está hoje o viaduto da Rubem Berta sobre o córrego Paraguai (ou Uberaba, naquele trecho - os nomes se confundem ali), mantendo sua largura original, e a Rubem Berta segue em frente até atingir o viadut onde a avenida Indianópolis passa sobre ela.

A avenida Professor Ascendino Reis continua com esse nome em toda a sua extensão original até hoje - ao lado da Rubem Berta, ela dá o nome às pistas marginais que ficam no alto.

A partir do viaduto da avenida Indianópolis, a avenida começa a se chamar Moreira Guimarães - como já era antes de toda essa obra. Só que não havia viaduto, a saída era em nível no sentido do aeroporto. Era ali que começava a Auto-Estrada para Santo Amaro, construída no início dos anos 1930.

Finalmente, após a atual avenida dos Bandeirantes, a Moreira Guimarães passa a se chamar Washington Luiz. Uma é continuação da outra? Tecnicamente, sim. Porém, a numeração da Washington Luiz começa em Santo Amaro; a da Ascendino Reis, no Ibirapuera. Isto em função de que, quando a Auto-Estrada foi aberta, São Paulo e Santo Amaro eram municípios separados e a regra geral diz que a numeração nos municípios começa a partir de seu centro.

No projeto da 23 de Maio, vêem-se os viadutos da rua Pedroso, Condessa de São Joaquim, mas não o da João Julião. Vê-se também no canto esquerdo o viaduto da rua Jaceguai, que veio a se tornar mais tarde o viaduto onde passa hoje a Radial Leste-Oeste. Já se vê também os viadutos da rua do Paraíso e da Bernardino de Campos.

Note-se que é citado um túnel ali, que começa antes da Bernardino e termina depois. Esse túnel jamais foi construído. Reparar também à direita no mapa, próximo à rua Caravelas, uma rua que aparece com o nome Ëstação (ilegível). Aí era na verdade o caminho da linha norte-sul no metrô que seria construído e não foi.

No caso do projeto da Rubem Berta, primeiro, note-se, claro, que esse nome não era citado em lugar algum. A avenida era chamada de avanida Aeroporto. A tal linha do metrô que citei acima aparece claramente neste segundo mapa, com o nome que a cita, inclusive. Em seguida, a linha do bonde de Santo Amaro - ainda funcionando na época e que funcionaria por mais 3 anos e meio antes de ser retirada.

O círculo mostra o viaduto Uberaba, ou seja, aquele local onde a avanida passa sobre o córrego Uberaba (ou Paraguai, naquele trecho) e que hoje é a avenida José Maria Whitacker, com o córrego canalizado e entubado.Depois, o viaduto Indianópolis. Mais para a frente, o viaduto da Traição - ali ainda passava o córrego da Traição, que até 1935 dividiu os municípios de Santo Amaro e de São Paulo e que hoje é a avenida dos Bandeirantes, aberta em 1970.

A tal avenida Jurandir ainda aparece em mapas bastante recentes da cidade, mas não se sabe por que - ela já desapareceu, pelo menos naquele trecho onde no projeto se junta com a Washington Luiz, há muito tempo sem deixar resquícios por ali, absorvida pelos terrenos do Aeroporto de Congonhas. Logo em seguida, aparece a sala de embarque - chamada de estação - do citado aeroporto.

Parece que tudo isto foi ontem. Eu vi todas essas obras acontecendo.

2 comentários:

  1. É uma pena que o Brasil optou por este tipo de progresso,previlegiando os automóveis. Brasília maldita.Quantas pontes de concreto tiveram que ser construidas para interligar a nova capital a resto do país ? e quem as construiu ? As empreiteiras. E que destroem a história desta capital ? As mesmas por que ficaram muito ricas. É uma pena porque esta Cidade e mesmo Santo Amaro onde moro, eram muito bonitas.

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  2. A avenida Jurandir ainda existe até a altura da rua João Carlos Malet/avenida Miruna. Segundo o livro "Campo Belo - Monografia de um Bairro" de Maria Aparecida e Sérgio Weber, o tramway de Santo Amaro passava por ela até entrar no Campo Belo. De fato o início dela fica no mesmo alinhamento da rua Prof.Sousa Barros, antiga avenida Jabaquara, e era por onde passava o tramway. A estação do Encontro ficava por alí. Depois foi aberta a atual avenida Jabaquara e a antiga mudou de nome. Na folha 74 do mapa da Sara Brasil as 2 ruas aparecem com o mesmo nome. O curioso é que há trilhos na antiga. Só que o mapa é de 1930 e o trem acabou em 1915. Será que houve um bonde até lá?

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