quinta-feira, 12 de junho de 2014

A COPA QUE EU QUERIA NO BRASIL

O belo estadio do Pacaembu, ainda com a concha acústica, em 1950 (Facebook).Em 1950 eu ainda não era nascido. A partir do que li em jornais paulistas da época, a repercussão da perda do título da final para o Uruguai não foi uma tragédia tão grande quanto foi no Rio de Janeiro.

Também não achei tantas coisas sobre exigências da FIFA na época. O Maracanã, é verdade, foi construído exatamente para a Copa do Mundo. Mas nas várias outras sedes os esstádios foram o s que existiam. Pode ter havido pequenas reformas? Deve ter havido, sim. Mas o mundo era mais simples, os sinais da destruição da Europa na guerra ainda eram sentidos.

Vários países j;a classificados para os dezesseis que participavam da fase final (hoje são 32) desistiram de vir e não se conseguiu substitui-los todos. A Copa foi disputada por menos de 16 países. O grupo do Uruguai, por exemplo, ficou somente com um jogo entre os dois que o compuseram: Uruguai e Bolivia. Já o grupo do Brasil estava inteiro, com quatro equipes. O Brasil, por exemplo, jogou seis partidas no total. O Uruguai, apenas quatro, isto na Copa inteira.

Hoje, todas as exigências a meu ver absurdas que a FIFA fez e a incrível irresponsabilidade e corrupção brasileira transformaram num desastre financeiro e estrutural - que pode refletir-se na Copa que começa hoje em São Paulo ou não, o tempo dirá.

Para mim, as coisas deveriam ser muito mais simples. O Brasil quer fazer a Copa? Ok. Porém, não deveria ter assinado o contrato em 2007 sem lê-lo. Mas, como eu posso dizer que eles não leram? Realmente, não posso, mas eles agiram todos esses anos até hoje como se não o tivessem lido. Não cumpriram a tabela, puseram 4 sedes a mais (a FIFA exigia 8), gastando em estádios em cidades que não têm tradição em futebol (Manaus, Natal, Cuiabá) e que por isso, num país como o Brasil, que administra muito mal seus bens e os dirigentes pensam com seus próprios bolsos muito mais dioque com seus cérebros, correm o risco de se transformarem em gigantes abandonados.

Devia ser algo assim: Caros homens da FIFA: vocês nos conhecem. Não temos a tradiçào de ser pontuais e nem de sermos bons administradores. Então, vamos fazer o menor número de sedes possíveis - ok, oito está bem - e vamos reformar e deixar decentes os estádios que temos nelas. Somente se algum estiver em um estado que não valha a pena ser reformado e seja melhor derrubar e construir outro, vamos fazê-lo.

Era o caso do Rio? Não. São Paulo? Não (aqui há três estádios (fora os menores, pelo menos três), Pacaembu, Morumbi e Parque Antártica. A gente escolhe um e faz o que tiver de ser feito). Belo Horizonte? Não. Salvador? Sim. A Fonte Nova estava com risco estrutural. Que se faça outro. E por aí afora.

A FIFA topa? Se concorda, ótimo. Se não concorda, vão para outro país que faça do jeito que vocês querem. Afinal, nós, o Brasil, já ganhamos cinco Copas em 19 já disputadas, todas jogadas fora daqui e fomos vice em duas, uma delas a de 1950, aqui mesmo. Dessas 19, participamos de todas. Nenhum outro país conseguiu isso.

Temos um povo a zelar. Uma péssima infraestrutura de saúde, educação, transporte, uma pobreza enorme, seca num Nordete enorme que necessita de ajuda há séculos.

Um governo responsável faria isso. Dizem que o Presidente Figueiredo teria dito isso à FIFA nos anos 1980. Não sei se é verdade. De qualquer forma, se tiver sido e ele realmente tenha se recusado a se candidatar a uma Copa na época, ele não cumpriu o resto com relação a zelar por seu povo.

O atual governo aceitou a Copa, fez um péssimo serviço até agora, jogou dinheiro fora e no bolso de empreiteiras e deixou largado a saúde, a educação, a seca no nordeste e a infraestrutura de transporte.

E agora? Ganhar a Copa não vai melhorar o resto (talvez para o Governo melhore a popularidade entre o bando de imbecis que temos). Perdê-la pode significar a perda da boquinha em outubro.

Mas, no final, todos nós perdemos, ganhando a Copa ou não.

E lembrem-se: vinte dos vinte e três jogadores convocados não jogam no Brasil. Alguns eu nunca ouvi falar a não ser quando foram chamados. Não ogam mais com o coração, como em 1970, 1958, 1962, quando todos jogavam aqui e nunca tinham jogado fora, como o Garrincha, que enfrentou a poderosa Russia em 1958 da mesma forma que enfrentava o Madureira no Campeonato Carioca, ou seja, jogndo muito bem. Hoje falam que o Neymar ainda é experiente. Em 1958, Pelé tinha 17 anos e jogou a Copa, marcando seis gols, dois na semifinal e dois na final. E jogava num time ainda desconhecido, o Santos.

2 comentários:

  1. Conheci o seu blog através do "Arquivo Público do Estado de São Paulo". Sempre o acesso para ler "A Cigarra" de priscas eras. E havia um artigo sobre Porto Novo do Cunha. E de déu em déu cheguei aqui. Muito legal, parabéns!

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  2. Obrigado, Patricia - mas conheceu o blog no Arquivo Publico? Como?

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