sábado, 15 de janeiro de 2011

OS TRILHOS DO MAL (III)

Em Cianorte a linha está praticamente toda FORA da cidade, no sentido nordeste...muito estranho quererem tirá-la dali... O pátio da estação está abaixo, na figura (o retangulo ao lado da av. Pará) e sobe para nordeste, entre as av. America e Rio Branco, sobe, faz uma curva ao sul da estrada para Vidigal e outra curva e continua para o nordeste. (Google Maps)

Cianorte, PR, quer retirar seus trilhos da cidade. Grande novidade, qual o prefeito do Brasil que não quer isso para fazer uma bela e poluente avenida? A ignorância grassa feio nesse sentido pelo país.

A pergunta aqui é: numa cidade de pouco menos de 70 mil pessoas, onde um trem não passa há mais de dez anos e que é terminal de linha (do ramal de Londrina, linha Ourinhos-Cianorte), qual é a vantagem de se retirar esses poucos quilômetros, dos quais somente cerca de 2 ficam em área urbana? Ou qual é o problema de se os retirar, se é algo que no momento não serve para nada?

Pensando em termos lógicos, somente voltará a passar trens por ali se um dia algum prefeito raciocinar e chegar à conclusão de que transporte público sobre trilhos é sempre uma excelente opção para qualquer cidade. Cargueiros jamais voltarão a passar. Como cheguei a esta conclusão? Ora, se alguma carga que interesse à ALL (difícil algo interessar para esta empresa) surgir em Cianorte, ela certamente será embarcada em outro ponto, não na zona urbana, onde fica hoje o pátio ferroviário ainda existente mas desativado.

Quem utilizava a linha até os anos 1990 era a cooperativa COCAMAR, próxima ao pátio da estação. E se um dia por milagre forem continuar a linha para Umuarama. como dizia o projeto da RFFSA de 1978, ela certamente sairia de algum ponto ao norte da cidade, na zona rural e a contornaria, o que deixaria o leito na cidade continuar às moscas e ser retirado... a não ser que ele a essa altura esteja sendo utilizado por transporte público.

O prefeito quer hoje retirar os trilhos dizendo que "é um empecilho para o desenvolvimento da cidade. Queremos urbanizar aquela área, conhecida como Esplanada (...) os trilhos ligam o nada a lugar algum (...) vai realizar uma audiência pública para que a população discuta o destino da linha férrea, que passa pela área central, impede a urbanização do trecho mais valorizado da cidade e não tem qualquer utilidade, porque há décadas o trem deixou de circular pelo município". (nota: este texto entre aspas e em itálico foi extraído de uma reportagem de O Diário de 14 de janeiro de 2011. Infelizmente a nota não dizia de que cidade ele o é, acredito que seja de Maringá)

Comentando o que está acima, refuto que: o trem não deixou de passar lá há décadas (o de passageiros, sim, este parou em 1979 e circulou ali por apenas 7 anos, tendo sido um trem misto); os cargueiros passaram até pouco mais de uma década; ele não passa pela área central da cidade, embora passe pela área urbana; o leito teria utilidade para a circulação de um trem metropolitano ou VLT; os terrenos são os mais valorizados mesmo? A impressão que se tem é que eles querem que seja o mais valorizado tirando o trem, pois este é o símbolo do abandono, e, se o reativarem, será um foco de degradação. Ou seja, o prefeito quer lotear a área e conseguir mais iptu, por ele um transporte público sobre trilhos nunca será implantado. Sobra a pergunta: a cidade quer isso? Ou é o prefeito que quer, somente para arrecadar mais impostos?

Finalmente, a velha questão: quanto mais se urbaniza uma cidade, mais crescem os problemas. Será que uma cidade de 70 mil habitantes que somente tem 40 anos de vida não tem um tamanho suficiente? A qualidade de vida será baixa em Cianorte? Não são as informações que temos. Para que impermeabilizá-la mais para atender interesses particulares e não de uma comunidade? Lembrem-se das tragédias ambientais nos últimos dias no Rio de Janeiro: está certo, são cidades serranas, superpopuladas, etc... mas Cianorte quer chegar lá (embora no caso não seja uma cidade serrana)?

5 comentários:

  1. O prefeito quer uma área para lotear e arrecadar mais, aliás, todo prefeito adora fazer essas coisas, claro, se não houver outros interesses ainda piores.

    Moro em Osasco desde que nasci, posso afirmar que esta cidade não tem a menor condição de ter tantos prédios quanto os que estão sendo construídos próximo à estação Comandante Sampaio e Presidente Altino (sem contar nos bairros próximos ao Rodoanel). A prefeitura ao invés de limitar, ou mesmo proibir a construção de prédios em bairros sem espaço físico ou estrutura para tal, acaba por incentivar e transforma o lugar em uma grande favela vertical.

    Isso acontece, praticamente, em todos os municípios da Grande São Paulo. As pessoas se amontoam como ratos. Isso é uma baita burrice, nosso país permite um planejamento urbano excelente, possui espaço e isso já é meio caminho andado.

    O prefeito do município Paranaense quer transformar sua cidade em um lugar insuportável como é Osasco. Ele deveria tentar se candidatar aqui, inclusive, seria eleito facilmente.

    Um abraço aos amigos.

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  2. Sergio, isso é exatamente o que penso, e como conheço Osasco, que fica aqui do lado... Cianorte provavelmente nuncavai crescer tanto quanto Osasco porque não fica em área metropolitana, mas uma cidade de 70 mil habitantes já é um bom local para se morar. Aumentar para que?

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  3. Ralph,
    Sendo de politicos como PMDB,PSDB, Demoniocratas ou PT era de se esperar isso e este prefeito pertence ao partido mais corrupto do Brasil: o PMDB.

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  4. Ralph,
    parabés novamente pelo site e blog, particularmente não conheço esta linha no Paraná, mas gostaria se saber o que acontecerá a ela brevemente.Tenho acompanhado as notícias sobre a revisão dos contratos de concessão ferroviários. Várias fontes informam que as ferrovias abandonadas terão de ser colocadas em ordem de funcionamento novamente ou devolvidas à união em boas condições conforme eram quando recebidas pelas empresas. Pois bem, no site da ANTT constam como concessões da FCA as linhas Sabará-Recreio e Recreio-Rio , antigas linhas do Centro, da Leopoldina e Auxiliar, abandonadas sem quilometros de trilhos, será que serão recuperadas? Teremos novamente a linha Auxiliar na região serrana do Rio em funcionamento? Terá o governo poder de enfrentar a Vale? O que você tem pensado sobre estas revisões? Abraço.

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  5. André, sou bastante cético em relação a estas noticias. A fiscalização do governo é muito fraca nos trechos, praticamente inexistente. Não me pergunte o motivo. Não sei o que vai acontecer. Enquanto não houver seriedade a tendencia é que os trechos desapareçam de vez.

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