quarta-feira, 6 de maio de 2009

ANDANDO DE TREM NA VELHA SOROCABANA

Cheguei agora há pouco em casa, depois de uma exaustiva viagem de trem e de ônibus para vir de Pinheiros aqui para o município de Santana de Parnaíba. 45 minutos de ônibus da estação de Barueri para a minha casa (em linha reta: 8 quilômetros) e 40 minutos de trem da estação Rebouças até a de Barueri (em linha reta: 15 quilômetros). Como dá voltas esse ônibus.

Já o trem fez o percurso de sempre: pela linha ex-Sorocabana, da estação Rebouças, em frente ao Shopping Eldorado e o rio Pinheiros, até a estação de Barueri, no mesmo local que sempre esteve desde 1875. Na verdade, foram 38 minutos no trem, com espera de uns 5 minutos na plataforma e uma parada mais ou menos do mesmo tempo na estação de Presidente Altino, onde há baldeação. O trem da linha Júlio Prestes-Itapevi resolveu esperar mais um dos trens vindos de Santo Amaro, além do meu, chegar.

Sempre vale a pena, gosto do trem. Ao contrário do que eu pensava, não estava cheio, embora longe de estar vazio. Tomei-o às 5 horas e cheguei em Barueri às 5:39, com a baldeação em Altino. O trem que me trouxe da estação Rebouças era um dos novo (o “quarto trem novo” de quinze, de acordo com o selo que a CPTM colocou na parte externa), com ar condicionado, confortável, colorido. Muito bom. Já o trem que vem de Júlio Prestes e que eu tive de tomar em Altino é velho e encardido, além de ter muitos amassados e vidros riscados. Apesar disso, é limpo (sem contar o encardido) e é confortável. Geralmente tem também os ambulantes, ao contrário do da linha de Santo Amaro: hoje, no entanto, só apareceu um no carro que eu estava. Era um cego pedindo dinheiro, tinha “todos os documentos para provar que era”. Subiu numa estação (foi em Osasco) e desceu em Comandante Sampaio.

O trem para nas estações feiosinhas de concreto e tijolos aparentes construídas no final dos anos 1970: Pinheiros, Cidade Universitária, Ceasa e Jaguaré, todas ao longo do rio Pinheiros. A avenida Marginal, prédios e mais prédios e depois o Parque Villa Lobos de um lado e o rio de outro. Depois cruza o rio e logo chega a Presidente Altino, onde podemos “admirar” um grande pátio ferroviário com trilhos em bom estado (e alguns com mato), vagões da ALL e carros antigos da Fepasa abandonados, além de composições da própria CPTM fazendo um descanso da atividade. Nesse caminho, cruzamos com trens que vão para Santo Amaro – pelo menos três deles – uns com 4 carros e outros com 6. À medida que vai chegando o final do dia, o número de carros por composição vai aumentando.

As estações de Altino até a de Barueri são iguais, todas ainda do tempo da Fepasa. A única que não é é a estação de Antonio João, que parece uma parada mesmo, sem prédio algum, só uma plataforma coberta mal e mal, e, de isolada que era, agora está junto ao enorme elefante branco que é o novo prédio da Câmara Municipal de Barueri. Na estação de Miguel Costa, na divisa de Osasco com Carapicuíba, o trem para exatamente debaixo do viaduto do Rodoanel. Em Santa Teresinha, eu sempre me lembro de que o bairro se formou em torno do asilo e igreja que lá existe e que teve no dia da colocação da pedra fundamental (1926) um discurso de meu avô Sud (é dele, em Santa Teresinha, a fotografia que aparece acima). Hoje está no município de Carapicuíba, na época era Parnaíba. Provavelmente só se via mata e pastagens em volta nessa época. Hoje, de um lado se vê ao longe os prédios altos de Alphaville; do outro, bem próxima, uma favela de dar pena.

É interessante também notar alguns detalhes: o velho desvio que entra pelo mato ao lado da estação de Quitaúna (era usado pelo quartel); o barulho nos trilhos que começa a ser notado a partir de Osasco (em diversos pontos não foi feita a solda na emenda dos trilhos, fazendo-nos recordar os velhos trens do interior); a passagem do trem ao lado de barrancos ainda da época da Sorocabana; as pequenas casas que ainda podem ser vistas do trem na rua da Estação, depois da estação de Osasco. Hoje a maioria são lojas, mas antes eram moradias, mesmo, e não havia muro, somente aquelas cercas baixinhas de arame sustentadas com estacas, dando um ar rural que não existe mais.

Com um pouco de imaginação (está bem, com muita), podemos nos imaginar passeando de trem em 1908 pela Sorocabana.

3 comentários:

  1. Ralph,esse prédio da Câmara municipal hoje é sede de uma empresa de cartões...foi alugado pela prefeitura,ou desistiram de ir pra lá e deixaram largado?

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  2. Eu pensava que naquela época era o prédio da Camara, mas o prédio da Camara novo é outro, lá perto. Abraços

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  3. Olá Ralph,
    Bom descobrir seu blog.
    Você se lembra (ou tem informações, fotos) de umas casas construídas à beira da Sorocabana que imitavam iglus? Parece que ficavam próximas a Carapicuíba.
    Tenho saudades do trem "japonês" que me transportava entre Jandira (onde morava) e Osasco (onde estudava no Ceneart)!
    Parabéns pelo seu trabalho!
    Abraço,
    Dalton

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