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domingo, 7 de fevereiro de 2016

A MOGIANA E O DESENVOLVIMENTO DO BRASIL

A estação original de Anhumas, uma das que foram substituídas por outra mais nova e em local diferente na variante da Mogiana (1926).

Uma reportagem publicada pela Folha da Manhã (atual Folha de S. Paulo) de 8 de junho de 1929 mostra um quadro da primeira retificação de linha (variante) feita pela Mogiana, que ocorreu nessa época.

Antes disso, somente pequeníssimas variantes haviam sido construídas, como a de Guanabara, no início do século XX.

As variantes continuaram sendo construídas nos anos seguintes. porém foram terminadas apenas cinquenta anos depois (1979). Aparentemente foram realizadas de acordo com a prioridade, nos acertos de cada trecho. Um deles, o Mato Seco-Lagoa Branca, onde está a estação de Aguaí, acabou jamais sendo realizado (com exceção de um trecho de alguns metros que eliminou desse traçado a estação de Miragaia (1971).
O artigo da Folha de 8/6/1929

O que o jornal afirma é parcialmente verdadeiro; ele não levou em conta o fato de as condições para construção de uma linha nos anos 1870 e 1880 serem bastante diferentes, em termos de tecnologia, da dos anos 1920. Porém, muito provavelmente "garantia de juros" e "servir maior número de propriedades agrícolas" (2o parágrafo do artigo da Folha) foi uma estratégia de curto prazo num país ainda essencialmente agrícola. Além disso, não é muito provável que uma empresa privada, como era a Mogiana, efetuasse tantos erros quanto a reportagem leva os seus leitores a acreditar. Se fosse uma empresa estatal... bom, aí seria outra coisa. Estatais tendem a atender necessidades políticas e não econômicas.

Na época do artigo da Folha, a Mogiana estava terminando o trecho da 1a variante, Campinas-Jaguariúna... ou pensava que estava, pois em 1929 eles chegaram somente até a nova estação de Carlos Gomes e a extensão até a última estação, Jaguary (hoje Jaguariúna) ficou para ser entregue dezesseis anos mais tarde. O atraso provavelmente ocorreu por causa das dificuldades financeiras - ver o problema do empréstimo citado mais à frente -, pelos problemas econômicos causados pela Segunda Guerra Mundial e pelos imensos prejuízos tomados pela empresa com a Revolução de 1932.

A variante a ser atacada logo em seguida (1948-1960) foi a Lagoa Branca-Tambaú e também teve grande atraso: o trecho Coronel Corrêa-Tambaú somente foi completado nove anos depois de a linha nova ter chegado a Coronel Corrêa, na área rural de Casa Branca.

Qual o motivo deste atraso? Certamente o fato de que, em 1952, a Mogiana foi estatizada (por pressão de seus acionistas, que não viam como pagar as dívidas contraídas com o empréstimo tomado em Londres em 1908) e entregue em situação bastante precária ao governo do Estado. Este, por sua vez, pouco investiu na ferrovia nos primeiros oito anos, chegando a atrasar por diversas vezes os salários dos funcionários.

As quilometragens citadas nos 5o e 7o parágrafos, se tomados à risca, mostram que a extensão da linha entre Campinas e Jaguary, no final, foram reduzidas em apenas quatro quilômetros, não dez.

No fim das contas, apesar dos possíveis erros, a garantia de juros, o traçado para alcançar as propriedades agrícolas e as "curvas em excesso" a que se refere o jornal, a ferrovia nunca teria trazido o enorme desenvolvimento que trouxe para toda a região norte do Estado de São Paulo, ao Triângulo Mineiro e às cidades mineiras limítrofes (Guaxupé, Poços de Caldas, Muzambinho e muitas outras) e ajudado o Brasil a se tornar o país que se tornou no século XX.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

AS FERROVIAS BRASILEIRAS, HOJE

Estação de São João Novo, em São Roque, SP. Linha-tronco da Sorocabana. Hoje serve como velório
Estação de Maracanã, Supervia, RJ. Foto Caroline Gonçalves.
Estação de Guanabara, Campinas, Mogiana. Sem trilhos há quarenta anos. Hoje restaurada, sem uso definido. Foto Vanderley Zago.
Estação de George Oetterer, Iperó, Sorocabana. Hoje totalmente abandonada. Foto Hugo Augusto Rodrigues.
VLT de São Luis, MA. Comprado e abandonado num galpão há dois anos. Nunca rodou, exceto por um teste de 800 metros. Está já com problemas que talvez já tornem sua recuperação inviável. Trilhos e estações nunca foram instalados, com esceção dos tais 800 metros. Autor desconhecido. 
Pontilhão e túnel ferroviários em Sanrta Rita do Jacutinga, MG. O primeiro da Rede Mineira, o segundo da Central do Brasil. Ambos abandonados e trilhos arrancados h´pa quarenta e quatro anos. Foto Hugo Caramuru.
Pontilhão entre as estações de Cajuri e de Coimbra, MG. Linha de Três Rios a Caratinga, da Leopoldina. Totalmente abandonada. Foto Jorge Alves Ferreira.
Estação de Cidade Universitária, CPTM, São Paulo.As passarelas passam por sobre a avenida Marginal Pinheiros.. Foto Carlos Roberto de Almeida
Estação de Rufino de Almeida, linha Minas-Rio da antiga RMV. A linha não é usada desde 1993, tendo sido usada or 2 aonsa para trens turisticos e fechada novamente. Não há concessão para ninguém, mas os trilhos estão lá. A cerca mostra demarcação de território irregular, mas quem liga?  A estação foi restaurada recentemente, mas não serve para nada. Foto Gabriel Ribeiro.
Estação de Vitoria do Mearim, MA, na E. F. Carajás. Uma paradinha com cobertuda, mas funciona para um dos únicos trens de passageiros de longa distância do País. Foto Fabio Paixão.
Estação de Vila Teixeira, do VLT de Campinas, que funcionou apenas por 5 anos, de 1990 a 1995 e foi abandonado. Os trilhos foram retirados. As estações são abrigos de mendigos.. Foto Carlos Alberto Filetti, 2014.

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

INCÊNDIO NA VELHA USINA





Foto Jornalcana

Rodrigo Cabredo comentou sobre o artigo que segue mais abaixo. Aproveito as palavras dele, a seguir. A Usina Ester, a mais antiga de SP em operação (e talvez do Brasil) corre o risco de ficar inviável e desaparecer com estes incêndios. Com as áreas espremidas entre Paulínia, Cosmópolis, Americana e Engenheiro Coelho, praticamente região metropolitana de Campinas, acabam se tornando local para desmanche de carros, despejo de entulho, uso de drogas e outras atividades.

Há muitos interesses nestes incêndios: ex-funcionários querendo se vingar, pessoas do município que não gostam da usina (provavelmente quem veio morar no município recentemente), movimentos de sem-terra que estão de olho no encerramento das atividades para ocupar as terras (a Usina tem muitas dívidas) e desocupados...

Seria uma pena se ela parasse. Apesar de estar incrustada numa região extremamente rica, a cana é a garantia para a maioria dos proprietários rurais da região. Garantia de renda, garantia de que não invadam suas terras... Se plantassem milho ou outra cultura, certamente sofreriam com prejuízos acarretados por furto da safra pelos moradores. E a região concentra altos índices de furtos e roubos de tratores, máquinas e equipamentos.

 Novos tempos...

O artigo abaixo foi publicado em 11 de outubro de 2012:

INCÊNDIO ATINGE 160 HA DA USINA ESTER E PROVOCA PERDA DE 7 MIL TONS ANDRÉIA MORENO, DA REDAÇÃO DO JORNALCANA - Um incêndio atingiu uma área de 160 ha e provocou a perda de cerca de 7 mil toneladas de cana-de-açúcar da Usina Ester, de Americana (SP), na tarde de ontem (10/10). Segundo Marcos Rossini, gerente de operações agrícolas da empresa, esse é o segundo incêndio de suspeita criminosa, na mesma área este ano. Para controlar o incêndio, que iniciou por volta das 12h30, próxima à vicinal que liga Americana a Paulínia, funcionários da usina em conjunto com corpo de Bombeiros utilizaram oito caminhões-pipa da empresa e de fornecedores parceiros.

Marcos Rossini revela que não conseguiu ainda calcular os valores do prejuízo mas que o fogo atingiu a cana que seria colhida no final de safra, em novembro e a palha da cana remanescente da colheita mecânica. "Parte dessa cana incendiada já estava brotando e seria colhida na próxima safra", diz. O gerente informa que o fogo foi controlado no final da tarde.

Segue agora um breve histórico escrito por este blogueiro: a Usina Ester começou a funcionar com uma grande rede de ferrovias próprias ligadas à antiga Estrada de Ferro Funilense, esta aberta em 1899. Foi anexada pela Sorocabana em 1921, mas as ferrovias da usina permaneceram com seus donos até o fechamento das linhas da Funilense, que iam de Campinas (Estação da Guanabara) até Pádua Salles, um distrito de Conchal junto às margens do rio Mogi-Guaçu. As linhas internas devem ter fechado nos anos 1960, provavelmente não muito tempo depois da ferrovia da Sorocabana, que deixaram de operar no final do ano de 1960.