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sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O VLT DE SANTOS SAI OU NÃO SAI DESTA VEZ?

O TIM de Santos - anos 1990. Foto Julio Cesar de Paiva

O jornal A Tribuna, de Santos, mostrou em 11 de agosto uma reportagem sobre o VLT de Santos a São Vicente. Diz que agora ele vai sair e que terá 15 quilômetros, ligando o Valongo à Ponte dos Barreiros, onde o leito da velha Sorocabana - que deverá ser, em princípio, aproveitado para a passagem do VLT - sai da ilha e entra na parte continental do município de São Vicente.

Antes, quando a licitação não deu certo, ele saía da estação Ana Costa, na avenida do mesmo nome. Agora, decidiram prolongá-lo até o Valongo - e certamente haverá trechos de linha que terão de ser colocados em algum leito que não foi ferroviário no passado.

A decisão é correta, mas os velhos costumes brasileiros continuam os mesmos: tudo demora, tudo é confuso, tudo é feito a passos de tartaruga. Sairá esta linha nos 24 meses que afirmam agora? E quem afirma é o nosso querido governador, Aidemim, desculpe, Alkmin.

Ele também diz que a linha deverá depois ser estendida até o Guarujá e a Praia Grande. Pergunto: por que depois e não já? A população da parte continental de São Vicente e do município da Praia Grande é bem grandinha para absorver esse trem. Até 1997, o trem da FEPASA que fazia a linha Santos a Juquiá, no Vale do Ribeira, era bastante concorrida. Em novembro, acabaram com ela. Motivo? Falta de vontade, mesmo.

Fora isso, tinha o TIM, operado pela CPTM, que durou de 1990 até 1999. Ligava Santos a Samaritá. Também acabou, dois anos mais que a linha de Juquiá. Corriam na mesma linha.

Com isso, os usuários passaram a depender de ônibus que passam por ruas cheias de lombadas e valetas e com trânsito carregadíssimo, especialmente nas férias e em fins de semana. O motivo para se acabar com os trens simplesmente não existia. Foi desleixo, mesmo, e, com certeza, também por pressão de empresas de ônibus.

Vamos ver se agora se cria vergonha na cara e se repõe o trem, como VLT, no caso. O Ceará está dando um banho em São Paulo em termos de transporte por VLTs. Vamos deixar isso barato?

domingo, 5 de junho de 2011

A RIO-SANTOS

Casarão na rua da Praia em São Sebastião (o nome da rua é outro, mas, embora ali não tenha praia, todos a chamam assim)
Neste final de semana, estive na casa de um amigo numa das praias de São Sebastião. Município cujo centro fica em frente ao porto da cidade, utilizado primordialmente pela Petrobrás, fica também à frente da ilha de São Sebastião, onde é a sede do município de Ilhabela, antiga Vila Bella da Princeza (nome muito mais bonito que o atual, não?).

Não há praia na área central, mas há muitas no caminho entre Bertioga, para o sul, e Caraguatatuba, para o norte.
Por esta faixa de grama no meio das casas, no meio do condomínio fechado, passa por baixo da terra um oleoduto da Petrobras.
Há anos que não vou para o lado norte. Já a cidade de São Sebastião, conheço pouco. Fui até a estação rodoviária de lá ontem, para levar um sobrinho de meu amigo que ia pegar um ônibus para São Paulo por volta das quatro e meia da tarde. Apesar de ter ficado bem impressionado com a zona central da cidade, muito limpa e bem cuidada (mesmo a área do porto), a rodoviária dali é uma porcaria. Pequena, espremida entre o morro e o porto e casas em volta, tem um acesso lamentável e poucos ônibus. O garoto tentou comprar uma passagem e não conseguiu, pois o guichê não aceita nem cartão de crédito, nem de débito, nem cheque, só dinheiro vivo. Eram 41 cruzeiros que eu tive de emprestar a ele.

De resto, a cidade tem os bairros praianos e alguns junto ao morro (o "morro" é a Serra do Mar, bastante próxima). Passei por algumas praias na ida e na volta, sexta-feira e hoje. Algumas delas são junto à rodovia Rio-Santos, outras, são mais longe e necessitam que se entre com o carro, coisa que não fiz, com exceção da praia em que fiquei, num condomínio fechado em Toque-Toque Pequeno.

Ao fundo da estreita rua em São Sebastião, na pequena igreja, o Museu de Arte Sacra. Fechado no fim de semana e em reforma, claro. Costume tipicamente brasileiro.
O que me assusta é a estrada em si. Embora bem asfaltada e razoavelmente sinalizada, ela é, na verdade, uma avenida urbana - e estreita, sem duplicação. Uma pista de ida e uma de volta, como qualquer estradinha de interior. Nem é, realmente, a Rio-Santos que se projetou há anos. Esta está abandonada em diversos trechos e viadutos na Serra do Mar desde os anos 1980.
O córrego que vem da serra passa limpo e cristalino dentro do condomínio fechado. Sorte dele. Se assim não fosse, já teria suas garrafas PET e seus sofás ali descarregados.
Até o início dos anos 1980, o acesso por carro a São Sebastião não podia ser feito desde Santos. Ou seja, podia, mas indo-se ao Guarujá, atravessando a ilha de Santo Amaro toda e tomando uma balsa para Bertioga. Aí, rodava-se na praia mesmo, com exceção de um ou outro trecho asfaltado em algumas pequenas praias ainda quase desabitadas. Estas praias começam (estou falando das que ficam no município de São Sebastião, a partir da praia de Boracéa, que é dividida estre este município e o de Bertioga) em Boracéa e seguem separadas por pequenas serras que são hoje ultrapassadas por uma estrada que foi construída por volta de 1980. Juntaram-se nessa época todas essas estradas e também se fizeram uma ligação entre a rodovia Piassaguera-Guarujá e Bertioga, acompanhando o canal do mesmo nome, e outra entre a praia de Maresias e o porto de São Sebastião, neste último caso usando-se uma estrada de servidão construída pela Petrobrás para fiscalização dos oleodutos que existem na região. Toque-Toque Pequeno fica junto a esta estrada.

Pois é, esta estrada é muito estreita e cheia de curvas com subidas e descidas. Bastante perigosa (embora com paisagens lindas para se ver) para veículos, é mais perigosa ainda para os pedestres que cismam em andar por ela de uma praia a outra. Não dá para entender como um país que se diz agora de primeiro mundo (afinal, ele não quer entrar no G-8?) e, mais ainda, no Estado mais rico da Federação como o é São Paulo, possam não construir não somente uma estrada decente (que teria de correr mais longe das praias), como também, pelo menos, uma calçada para que os pedestres possam andar sem correr risco de vida por poucos quilômetros, por diversão ou por necessidade. Como o trecho é apertado, a calçada exigiria um investimento bem acima do necessário para uma calçada comum. Nada de impossível, nada que exija "bilhões de reais".

Na frente do canal e da rua da Praia, a ilha que tem o município de Ilhabela.
No mais, córregos limpos e cachoeiras maravilhosas. Praias sem edifícios altos e com casas e pequenas lojas recentes sem nada de especiais. De antigo, apenas algumas igrejas de pescadores, sempre o ponto de origem dos bairros. Ainda com relação aos edifícios, na praia de Boracéa, mas do lado de Bertioga, já o existem - de quatro andares, mas existem. Como se licencia isto numa avenida estreita usada como rodovia à beira da praia? Irresponsabilidade de quem autoriza e de quem constrói.

Por fim, a Rio-Santos - ou a Rio-Santos provisória que pelo visto vai ser a definitiva - tem código de rodovia estadual (SP-55), mas quilometragem de rodovia federal (ou seja, começando na fronteira norte ou leste). Claro, tem nomes diferentes (ali em São Sebastião e em Bertioga, chama-se Manuel Hypollito Neto, e, quando entra na Piassaguera-Guarujá, que todo o mundo conhece por este nome, passa a se chamar Cônego Domenico Rangoni) do que os utilizados. Só que esta situação da quilometragem complica a todos, especialmente para quem segue acompanhando-a litoral sul abaixo. Lá pelos lados da Praia Grande, a quilometragem, de repente e sem avisar, passa de federal a estadual, embora a rodovia continue com as placas de SP-55 e ali com outro nome, claro (Manoel da Nóbrega, que todos conhecem como Pedro Taques). E satisfaçam-se os políticos que adoram colocar nomes em ruas e estradas para puxar o saco de famílias desconhecidas.

terça-feira, 20 de abril de 2010

SUMMER OF ´68

Quem conhece o "disco das vacas" do Pink Floyd, lançado por volta de 1970, conhece a música "Summer of '68". Então, no verão de 1968 — ou melhor, meses depois dele, em setembro desse ano, nas tradicionais "Férias da Batata", que ninguém conhecia com esse nome na época, pelo menos no Colégio Visconde de Porto Seguro, onde eu estudava; eram as "Férias da Primavera", uma semana de folga no mês de setembro.

Eu e meus amigos Aluísio, João e Roland (este, já falecido) fomos até o apartamento de meus pais na Vila Noêmia, em Praia Grande, lugar ainda semideserto e sem telefone — o único telefone ficava na padaria na beira da praia, que não tinha a avenida que tem hoje na orla. Dormimos lá na primeira noite e depois resolvemos visitar outro grupo da classe, que estava na Praia das Tartarugas, no Guarujá. Toca pegar o ônibus, descer em São Vicente, pegar outro, descer na Ponta da Praia, pegar a balsa, atravessar o canal, tomar outro ônibus e dali seguir até a Praia das Tartarugas.

Ela ficava na ponta da praia da Enseada — ainda fica, lógico — mas era um local isolado logo depois do início da Estrada de Pernambuco, aquela que segue para a balsa de Bertioga. Antes dela, só o Jardim Virgínia, e, antes dele, nada até as cercanias do Morro do Maluf, na outra ponta. Ficamos lá uns dois dias, dormimos na sala mal acomodados (com 17 anos de idade, que diferença faz?) e na noite do dia seguinte tínhamos de voltar para a Praia Grande. A casa era uma antiga garagem de barcos adaptada; acho que ainda existe, mas não como casa, como loja.

Só que não havia ônibus depois das oito, nove horas da noite. Fomos então caminhando: "Vamos a pé, mesmo." Só que a praia era longa e deserta. Tão deserta, que nem ladrões havia. Em um determinado ponto, apareceu um caminhãozinho. Pedimos carona, e o cara, assustado, deu. Na carroceria. Ele seguiu por alguns quarteirões, e o motor fundiu (teria sido o nosso peso?). Descemos e continuamos a pé mesmo. Chegamos a Pitangueiras às 4 da manhã. Lá, pressionamos o Roland para dormir no apartamento dos pais dele ali, mas ele se recusava, pois não tinha "autorização dos pais" para isso. Mas o sono era maior. Ficamos lá, mesmo.

Na tarde seguinte, fizemos a viagem de volta dali para a Vila Noêmia. De novo ônibus, balsa, ônibus, ônibus. Trem, literalmente, nem pensar — ninguém se lembrava dele! E ele existia: poderíamos tê-lo pegado em Ana Costa e ido até Pedro Taques, mas não.

Chegamos finalmente ao apartamento e tivemos que brigar com a faxineira que apareceu por lá, mandada por meus pais: ela não queria lavar a louça, que estava jogada na pia havia dois ou três dias, encardida e com a sujeira grudada. Nada como rapazes responsáveis. No fim, ela não lavou, mesmo, e sobrou para a gente.

Depois, mais um ou dois dias, e pegamos o ônibus para São Paulo — via Santos, claro, pois não havia ônibus diretos. Ah, bons tempos. Tudo era difícil, mas era engraçado.