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domingo, 5 de agosto de 2012

A SP-55 NO LITORAL NORTE: BOA, MAS COM ALGUMAS TRISTES "CURIOSIDADES"


Voltei hoje de Toque-Toque Pequeno depois de passar lá o sábado. O tempo virou esta manhã, estava bastante frio e com muito vento, acelerando nossa volta. Como (quase) sempre, fizemo-la pela SP-55 e pela Mogi-Bertioga.

A SP-55 é curiosa: rodovia supostamente estadual, tem a quilometragem invertida. Em vez de partir da Capital como todas as rodovias estaduais, ela parte da divisa norte entre São Paulo e Rio de Janeiro, onde tem o quilômetro zero. Toque-Toque fica no km 148 e a marcação vai crescendo em direção ao sul.

A estrada está ótima. Construída em 1982 (isto é, este trecho entre São Sebastião e o canal da Bertioga, na entrada do município de Santos), vem recebendo manutenção constante e excelente asfalto. Buracos não existem. Ou seja, mantém o Estado de São Paulo na liderança longínqua das melhores estradas do País.

As outras curiosidades não são, no entanto, tão agradáveis assim: lombadas demais atrapalham a fluidez do tráfego especialmente nos horários de mais trânsito. O problema é que essa estrada passa no centro dos bairros praianos que existem nos municípios de São Sebastião e de Bertioga. Já estava na hora de acabar com isso e de responsabilizar e não "paternalizar" os maus motoristas locais, ciclistas e também os pedestres.

Que se construam passarelas e se obrigue os pedestres que vão para as prais cruzando a pista a usá-las. Esqueçam as faixas de pedestres nesse caso: isso é uma rodovia, não é uma estrada. Da mesma forma, que se responsabilize os motoristas e faça-os cumprir velocidades menores ao passar por esses bairros; mas também não os obrigue a andar a quarenta por hora. É algo radical em termos de Brasil? Sim, é.

Porém, a outra solução é construir a estrada pelo pé da serra do Mar. No entanto, aqui (todos sabemos que existem esqueletos de viadutos dessa estrada jamais construída pelo governo federal, a BR-101, no meio da serra), precisa-se mandar os ecochatos não atrapalharem a passagem da estrada. Contra a ocupação de margens de estrada, dever-se-ia dar também autoridade e fazer forte fiscalização, sem se utilizar da "política dos coitadinhos", paternal´stica e típica deste país.

Uma coisa, porém chamou-me mais a atenção. A rodovia passa por trechos bastante próxima à praia e também por trechos onde a praia se afasta, além de seguidos trechos relativamente curtos de subida e descida de serra. E nota-se o seguinte: quando há saídas para o lado da praia, praticamente todas são asfaltadas - as exceções são poucas. Agora, quando é para o outro lado, praticamente todas as ruas são em terra (ou areia) batida. Bom, e daí?

E daí, que as pessoas de mais posse - em alguns casos, de muito mais posses - têm casas sempre entre a rodovia e a praia. Já os nativos dos bairros são em sua maioria moradores e têm suas propriedades entre a rodovia e a serra. Em alguns destes últimos casos, as ruas não são curtas - podem seguir por alguns quilômetros até chegar à serra. Por que é que estes "caiçaras", como são chamados, não têm o direito de ter suas ruas pavimentadas? As prefeituras não vêem isto? O mais provável é que vejam e não se importem.

Ou seja, rico tem asfalto. Pobre que se dane. Já vimos este filme em diversos lugares, não? Será que não está já na hora de se tirar este filme de cartaz, pois sua exibição se prolonga há décadas? A vergonha na cara ainda não chegou? Sem brincadeiras, o único município que conheço onde vejo ruas asfaltadas em praticamente cem por cento de sua malha viária é Barueri. Se Barueri pode, os outros não podem?

Dirão os leitores que Barueri está entre os dez municípios mais ricos do Brasil (é verdade). Porém, a área mais simples e mais pobre de Barueri é muito maior do que a área rica. Se outros municípios não têm dinheiro para bancar a pavimentação, qye tal dividi-las meio a meio entre ricos e pobres e não dar tudo para um e nada para outro?

sexta-feira, 8 de junho de 2012

DINHEIRO DO POVO NÃO É MESMO DE NINGUÉM

Estação de Independência, no Ceará. Sem trilhos, virou residência (Thiago O. Assis)

Isto sempre valeu aqui na terrinha, infelizmente. Como se gasta dinheiro em bobagens, ou como não se cuida dos valores que já foram investidos.

Em conversas hoje, foi-me lembrado de obras que foram feitas e duraram pouco, não porque tenham sido malfeitas, mas sim por terem sido demolidas ou abandonadas logo em seguida. As que vou citar agora são em grande parte ferroviárias, pois são as que mais me vêm à memória.

No início de 1966, em São Paulo, caiu o pontilhão da linha de bondes de Santo Amaro sobre o córrego Águas Espraiadas. É curioso que ele foi reparado, para ser abandonado menos de dois anos depois, quando a linha foi finalmente extinta. Algo similar ocorreu com o pontilhão da antiga linha-tronco da CP sobre a rodovia Bauru-Garça. O pontilhão levou anos para ser construído, sendo abandonado poucos anos depois quando a nova variante Garça-Bauru foi inaugurada (1976).

Em 1966, foi construída a estação nova de Cambuquira, da RMV, em Minas. No final do mesmo ano, o ramal foi extinto. Nos anos 1970 foi construída a rodovia Rio-Santos, que foi abandonada antes dos anos 1980. Hoje diversos viadutos estão em pé no meio da Serra do Mar, na região de São Sebastião, servindo para absolutamente nada. Mais viadutos e túneis podem ser encontrados totalmente abandonados entre Jaguariaíva e Sengés, no Paraná. Abertos em 1964, a variante desse trecho já era pouquíssimo utilizada nos anos 1980. Em 1993 foi extinta. Ficaram só as obras de arte.

A linha que deveria ligar Crateús e Senador Pompeu, no Ceará, encurtando o trajeto entre Recife e São Luiz para cargueiros, começou a ser construída nos anos 1960, depois de projetada pelo menos desde os anos 1930; foi contruída em metade do trecho, com duas estações, tráfego provisório... e logo depois foi fechada e desmontada. Também aconteceu isso com a linha Cruz das Almas-Conceição do Almeida, na Bahia, e com o ramal de Pelotas a Cangussu, no RS. Houve outros casos.

Os exemplos são muitos, e isso no setor ferroviário. Eu precisaria parar e remoer a memória de meu conhecimento, escrevendo muito mais aqui. Imaginem o resto. Há casos que eu certamente nem sei que ocorreram.

Ninguém, que eu saiba, jamais foi questionado ou responsabilizado por esses erros. Dinheiro foi jogado fora por todas as janelas e ralos possíveis. A fiscalização é mínima e, quando há, não pune ninguém. É por isso que não há imposto que chegue neste País.

Imaginem, por exemplo, quando não se gastou com o pagamento de projetos para linhas de trens e de metrôs neste país, inclusive na cidade de São Paulo. Onde foi parar o ramal de Moema, previsto para estar pronto em 1975 e jamais executado? E as diversas versões de linhas e estações do Metrô paulistano? E na desativação de estações da linha Auxiliar no Rio de Janeiro? Vai longe a coisa.

segunda-feira, 5 de março de 2012

TUDO SE IMPROVISA, NADA SE RESOLVE

Neste final de semana novamente fomos, eu e Ana Maria, para Toque-Toque Pequeno, em São Sebastião, em casa de amigos. Belo lugar, calmo e sossegado, principalmente num final de semana comum sem estar em meio de férias.

O problema foi a volta. Nas outras vezes que fui, voltei em dias ou horários mais convenientes. Neste doimngo, a ideia era sair de lá no máximo às duas da tarde. Acabamos saindo às dez da noite porque o papo estava muito bom.

O dono da casa, que vai lá no mínimo uma vez por mês, disse que, pela experiência de mais de oito anos indo e vindo para lá, o problema seria em Boracea, Riviera de São Lourenço e no alto da serra de Mogi (fomos e voltamos pela Mogi-Bertioga). No fim, dois congestionamento "só": um em Boracea e outro no alto da serra.

Os dois gerados não só pelo excesso de carros, mas também por estupidez governamental. Ora, excesso de carros havia na estrada toda. Por que somente ali as coisas se complicam?

Em Boracea, praticamente uma linha reta à beira da praia, colocaram cerca de dezoito lombadas. Dezoito. Resultado: a velocidade se reduz tanto que o trânsito para. Quando anda, faz no máximo 5-10 quilômetros por hora. A partir da última lombada, acaba como por milagre o congestionamento. Ora, as lombadas são para proteger os pedestres. Meu Deus do céu, será que os pedestres são tão burros assim? Ainda mais, às onze da noite, quando praticamente tudo em volta estava já fechado - afinal, era domingo à noite. Fora o fato de que há relativamente poucas construções na estrada, ali - que é uma avenida urbana. Ora, prefere-se não educar o povo e, em troca, reduzir a quase zero a velocidade dos carros, ônibus e caminhões.

E quem mandou não construir uma estrada mais para dentro - a célebre Rio-Santos com alguns viadutos abandonados desde os anos 1970? (Se bem que: quer saber? melhor que não construam mesmo, assim se protege mais as praias entre Bertioga e São Sebastião das "belas torres de luxo"). Porém, que se eduque mais a população ensinando-os a atravessar a rua (ou ponha pelo menos alguma passarela, não é?).

No alto da serra da Mogi-Bertioga, o problema é claro: subi nove quilômetros sem problema algum em duas pistas ascendentes. Porém, quando chega o planalto, as duas postas viram uma - e tudo se afunila. É tão caro assim manter-se as duas pistas em cima????

Enfim, cheguei em casa - era mais de uma da manhã.

domingo, 5 de junho de 2011

A RIO-SANTOS

Casarão na rua da Praia em São Sebastião (o nome da rua é outro, mas, embora ali não tenha praia, todos a chamam assim)
Neste final de semana, estive na casa de um amigo numa das praias de São Sebastião. Município cujo centro fica em frente ao porto da cidade, utilizado primordialmente pela Petrobrás, fica também à frente da ilha de São Sebastião, onde é a sede do município de Ilhabela, antiga Vila Bella da Princeza (nome muito mais bonito que o atual, não?).

Não há praia na área central, mas há muitas no caminho entre Bertioga, para o sul, e Caraguatatuba, para o norte.
Por esta faixa de grama no meio das casas, no meio do condomínio fechado, passa por baixo da terra um oleoduto da Petrobras.
Há anos que não vou para o lado norte. Já a cidade de São Sebastião, conheço pouco. Fui até a estação rodoviária de lá ontem, para levar um sobrinho de meu amigo que ia pegar um ônibus para São Paulo por volta das quatro e meia da tarde. Apesar de ter ficado bem impressionado com a zona central da cidade, muito limpa e bem cuidada (mesmo a área do porto), a rodoviária dali é uma porcaria. Pequena, espremida entre o morro e o porto e casas em volta, tem um acesso lamentável e poucos ônibus. O garoto tentou comprar uma passagem e não conseguiu, pois o guichê não aceita nem cartão de crédito, nem de débito, nem cheque, só dinheiro vivo. Eram 41 cruzeiros que eu tive de emprestar a ele.

De resto, a cidade tem os bairros praianos e alguns junto ao morro (o "morro" é a Serra do Mar, bastante próxima). Passei por algumas praias na ida e na volta, sexta-feira e hoje. Algumas delas são junto à rodovia Rio-Santos, outras, são mais longe e necessitam que se entre com o carro, coisa que não fiz, com exceção da praia em que fiquei, num condomínio fechado em Toque-Toque Pequeno.

Ao fundo da estreita rua em São Sebastião, na pequena igreja, o Museu de Arte Sacra. Fechado no fim de semana e em reforma, claro. Costume tipicamente brasileiro.
O que me assusta é a estrada em si. Embora bem asfaltada e razoavelmente sinalizada, ela é, na verdade, uma avenida urbana - e estreita, sem duplicação. Uma pista de ida e uma de volta, como qualquer estradinha de interior. Nem é, realmente, a Rio-Santos que se projetou há anos. Esta está abandonada em diversos trechos e viadutos na Serra do Mar desde os anos 1980.
O córrego que vem da serra passa limpo e cristalino dentro do condomínio fechado. Sorte dele. Se assim não fosse, já teria suas garrafas PET e seus sofás ali descarregados.
Até o início dos anos 1980, o acesso por carro a São Sebastião não podia ser feito desde Santos. Ou seja, podia, mas indo-se ao Guarujá, atravessando a ilha de Santo Amaro toda e tomando uma balsa para Bertioga. Aí, rodava-se na praia mesmo, com exceção de um ou outro trecho asfaltado em algumas pequenas praias ainda quase desabitadas. Estas praias começam (estou falando das que ficam no município de São Sebastião, a partir da praia de Boracéa, que é dividida estre este município e o de Bertioga) em Boracéa e seguem separadas por pequenas serras que são hoje ultrapassadas por uma estrada que foi construída por volta de 1980. Juntaram-se nessa época todas essas estradas e também se fizeram uma ligação entre a rodovia Piassaguera-Guarujá e Bertioga, acompanhando o canal do mesmo nome, e outra entre a praia de Maresias e o porto de São Sebastião, neste último caso usando-se uma estrada de servidão construída pela Petrobrás para fiscalização dos oleodutos que existem na região. Toque-Toque Pequeno fica junto a esta estrada.

Pois é, esta estrada é muito estreita e cheia de curvas com subidas e descidas. Bastante perigosa (embora com paisagens lindas para se ver) para veículos, é mais perigosa ainda para os pedestres que cismam em andar por ela de uma praia a outra. Não dá para entender como um país que se diz agora de primeiro mundo (afinal, ele não quer entrar no G-8?) e, mais ainda, no Estado mais rico da Federação como o é São Paulo, possam não construir não somente uma estrada decente (que teria de correr mais longe das praias), como também, pelo menos, uma calçada para que os pedestres possam andar sem correr risco de vida por poucos quilômetros, por diversão ou por necessidade. Como o trecho é apertado, a calçada exigiria um investimento bem acima do necessário para uma calçada comum. Nada de impossível, nada que exija "bilhões de reais".

Na frente do canal e da rua da Praia, a ilha que tem o município de Ilhabela.
No mais, córregos limpos e cachoeiras maravilhosas. Praias sem edifícios altos e com casas e pequenas lojas recentes sem nada de especiais. De antigo, apenas algumas igrejas de pescadores, sempre o ponto de origem dos bairros. Ainda com relação aos edifícios, na praia de Boracéa, mas do lado de Bertioga, já o existem - de quatro andares, mas existem. Como se licencia isto numa avenida estreita usada como rodovia à beira da praia? Irresponsabilidade de quem autoriza e de quem constrói.

Por fim, a Rio-Santos - ou a Rio-Santos provisória que pelo visto vai ser a definitiva - tem código de rodovia estadual (SP-55), mas quilometragem de rodovia federal (ou seja, começando na fronteira norte ou leste). Claro, tem nomes diferentes (ali em São Sebastião e em Bertioga, chama-se Manuel Hypollito Neto, e, quando entra na Piassaguera-Guarujá, que todo o mundo conhece por este nome, passa a se chamar Cônego Domenico Rangoni) do que os utilizados. Só que esta situação da quilometragem complica a todos, especialmente para quem segue acompanhando-a litoral sul abaixo. Lá pelos lados da Praia Grande, a quilometragem, de repente e sem avisar, passa de federal a estadual, embora a rodovia continue com as placas de SP-55 e ali com outro nome, claro (Manoel da Nóbrega, que todos conhecem como Pedro Taques). E satisfaçam-se os políticos que adoram colocar nomes em ruas e estradas para puxar o saco de famílias desconhecidas.