quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

PARA OS QUE GOSTAM DE TRENZINHOS DE BRINQUEDOS

Trem turistico em Rio Acima, MG. Outro sustentado pela Prefeitura. Foto de 2009 - Autor Gutierrez L. Coelho

Para os que gostam de trenzinho de brinquedo pagos e mantidos com dinheiro público: as más notícias se acumulam, mas os piores cegos são aqueles que não querem ver.

Trens de Ouro Preto e de São João del Rey, até onde sei, são sustentados pela FCA. Já o Serra Verde atua na Curitiba-Paranaguá e na linha do Litoral no Espírito Santo sendo uma empresa privada. Ótimo.

Enquanto a ABPF - Associação Brasileira de Preservação Ferroviária - se mata com seus voluntários e com a doação de dinheiro dos próprios bolsos de seus associados e de admiradores às vezes anônimos para fazer seus trens andarem em linhas exclusivas (como em Campinas, em Rio do Sul, em São Lourenço e em Passa-Quatro) e portanto terem de pagar pela manutenção caríssima da via permanente (claro, há locais em que a linha não é particular e aí a coisa se complica mais, pois depende de licença, como em Rio Negrinho), em algumas cidades é a prefeitura que resolve colocar trenzinhos de brinquedo para funcionar com dinheiro do povo.

Eu não admito isso. No entanto, quem sou eu para "admitir" esse tipo de coisa? Eu não admito porque as prefeituras têm é de pagar por transporte público para seus munícipes, diários e constantes, como VLTs ou mesmo TUEs - trens-unidade elétricos (este, caso da CPTM).

Santos, São Vicente, Cuiabá , Crato e Juazeiro estão fazendo ou já tem seus VLTs funcionando. Outras cidades têm a ideia, séria ou não (infelizmente, a maioria não é séria: ano de eleições é fogo) de colocar esse transporte sobre trilhos, seja ele qual for. Nos últimos meses e anos, diversas cidades já falaram muito e fizeram pouco, ou nada, como Macaé (esta chegou a comprar os VLTs, que estão encostados), Sobral, Arapiraca, Maceió (estão em testes em pelo menos parte do caminho), Campos dos Goitacazes (anunciou na semana passada que pretende usar a linha da ex-Leopoldina que cruza a cidade e que não está sendo utilizada pela FCA, que tem sua concessão) para colocar um trem metropolitano. Porém, com carros velhos e locomotivas velhas reformadas. Não é a melhor forma. É melhor que nada? É. Porém, a prefeita não parece estar falando sério.

Enquanto tudo isso acontece, São José do Rio Preto gastou quase um milhão de reais para fazer um trem "maria-fumaça" - como se adora dizer - para rodar em fins de semana até a primeira estação, Engenheiro Schmidt, subúrbio rural da cidade. O trem rodou uma vez, já faz tempo, é horroroso (parece um ônibus velho sobre trilhos) e não se sabe se vai voltar a andar. E o milhão de reais?

As vaporosas de brinquedo de Paraguaçu Paulista e de outras cidades também estão paradas. Quanto já se gastou nisso? Olhem, se isso for uma iniciativa particular, eu não me oponho. Mas gastar dinheiro público?

Que os defensores dos trenzinhos de brinquedo fiquem de olhos abertos: o "trem republicano" de Itu, que foi lançado (a ideia) em 2010 com - claro - dinheiro público - até hoje não rodou. Poucos trilhos da linha velha foram recolocados, não há locomotiva, estações (a de Salto) com obras paradas...

E eu fazendo papel de antipático. "Como pode um sujeito que adora ferrovias pensar desse jeito?", já ouvi. Bom, eu não acho que o govrno tenha de investir dinheiro alto em coisas que geralmente quando começam, param logo em seguida. Enquanto isso, a saúde, a educação, o transporte público contínuo...

5 comentários:

  1. Eu quero ver é o governo do estado de São Paulo levar a extensão operacional da Linha 08 Diamante da CPTM (Júlio Prestes / Itapevi), que está em faces de voltar a operar até Amador Bueno (distrito de Itapevi), até as vizinhas cidades da RMSP São Roque e Mairinque.

    A Raposo "TRAVARES" todos os dias com congestionamentos muitas vezes de um bloco só desde a região de Cotia até a Capital. E a linha da velha Sorocabana / FEPASA totalmente ociosa entre Itapevi e Mairinque.

    Se os serviços do Trem Metropolitano chegassem até Mairinque, mesmo que fosse como extensão operacional de Itapevi em diante, não iria resolver o problema das pessoas que estão na região de Cotia. Mas seria uma opção as pessoas da região de São Roque e Mairinque, que com a opção "Trem de Passageiros", deixariam de engrossar o caldo do caótico trânsito da Raposo Tavares, ou mesmo da Castelo Branco.

    Porem como nesse país falar em Trem de Passageiros, é como se estivéssemos pronunciando um "grande palavrão", eis o que não temos para hoje!...

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  2. Ralph,

    essa questão da prefeitura é algo que na regional Sul de Minas da ABPF sempre batemos o pé: prefeitura tem que ser parceira e o trem tem que se sustentar sozinho.

    Depender de prefeitura é suicídio pois político tem prazo de validade, venceu, acabou o projeto.

    O papel da prefeitura na nossa visão: ajudar a viabilizar o projeto, trabalhando na divulgação do município (o que geralmente implica em divulgar o trem), ajudando na burocracia, cedendo o espaço (nas situações onde estações, via, etc, estão com o município), encabeçando doações com grandes empresas (como dormentes, lastro, material, etc) e por ai vai.

    Na questão de prefeitura bancar trem turístico: concordo plenamente com você, não é papel de prefeitura bancar isso e muito menos administrar trem turístico, sempre tem coisas mais relevantes para ela fazer do que isso.

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  3. Deixe-me ser apático também.

    Estes "trenzinhos de brinquedo", como colocado por sua pessoa, muitas vezes se bem instalados e coordenados, o resultado é um incremento no turismo e nas finanças municipais.

    De fato, vamos ser francos e nisso tenho que concordar: há muitos projetos colocados por aí com o intuito de ser uma forma de corrupção e desvio de verba. Ponto. Isso não vou discordar de seu ponto de vista.

    O ponto é desmerecer os trabalhos bem feitos de algumas prefeituras e as ações para pelo menos a manutenção do turismo e da história ferroviária, esta que presume-se que você tanto defende e quer viva.

    Fazendo um pouco o papel de "advogado do diabo", digo-lhe que não esqueçamos que o Brasil sofre com uma legislação que trava tudo, uma buRRocracia que trava mais ainda, e o resultado é o desincentivo a criação de ferrovias, seja turísticas, seja de passageiros.

    Investidores querem ações rápidas para retorno rápido. Não adianta só fazer um projeto e a ANTT, Condephaat, Ibama e outros órgãos ficarem travando um projeto. É nessas que acaba começando os desvios de recursos também.

    O governo, ao meu ver, tem total direito de investir em ferrovias turísticas. Não há problema algum mesmo, uma vez que mesmo o dinheiro de empresas investidoras muitas vezes vem oriundas de financiamentos públicos.

    Enfim. Antes de criticar os "ferroramas", critique melhor quem os implanta, e foque nisso. Não nos "ferroramas".

    Vide que a CPTM tem um relativo sucesso com a linha Luz-Paranapiacaba. E tinha projetos para fazer até outros lugares, e torço muito que se aplique tais ideias.

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  4. Protesto! Ralph você esqueceu o "Turístico" de Sertãozinho....ora bolas...

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