quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

FERROVIAS, SAÚDE, EDUCAÇÃO E SEGURANÇA


Neste blog que já está perto de completar cinco anos, minha intenção era de escrever o máximo possível sobre as estradas de ferro brasileiras, suas infindáveis histórias e sua triste história. Quando escrevi, há já pouco mais de doze anos, o livro Um dia o Trem passou por aqui - a história e as estórias dos trens de passageiros do Estado de São Paulo e as lembranças que eles deixaram, não esperava que tanta gente se emocionasse com ele.

Recebi por muitos anos (hoje o livro está esgotado) o relato de pessoas, velhas e jovens, que chegaram a chorar com o que leram. Nada foi inventado por mim. Boa parte das pessoas gostava dos trens e ficaram tristes com a sua erradicação, com o seu armagedon, seu apocalipse, enfim, com o seu fim da forma que foi feita em São Paulo e no Brasil.

Depois disso li muito, pesquisei muito sobre estradas de ferro no Brasil inteiro. Ainda faço isso e devo continuar fazendo, Recebo a ajuda de muita gente pelo Brasil e pelo mundo afora com suas histórias, fotografias e fatos que me ajudam a aumentar cada ve mais meu site www.estacoesferroviarias.com.br, onde mostro as quase 5 mil estações brasileiras, quase todas elas abandonadas, demolidas ou mesmo conservadas servindo para fins para os quais não foram construídas.

É uma gota d'água no oceano, enfim. Tenho contado muitas dessas coisas aqui. Mas percebi que eu me repito muito. Com raríssimas exceções, a história de cada linha férrea no país é uma sequência de desgraças que prejudicou e ainda prejudica muita gente.

E mesmo quando escrevo sobre outros assuntos - histórias da cidade em que nasci, São Paulo - quase sempre há uma pontinha que fala de trens e de metrôs, de trens metropolitanos e de bondes.

Porém, certamente as ferrovias - ou a sua falta e seu desinteresse pelos governos federal, estadual e municipal, salvo poucas exceções - não são o que há atualmente de mais importante no Brasil.

O que estamos vendo hoje e que, na verdade, acontece desde que eu nasci há sessenta e dois anos, há outros itens muito, mas muito mais importantes: educação, saúde e segurança. E eu, insistindo em falar de ferrovias e da cidade de São Paulo. Faz sentido?

Os três itens citados se misturam, se enroscam. A soma de uma eventual melhoria em cada um deles é maior do que a matemática simples. Mas, como acontece com as ferrovias, nada se faz, ou nada se faz corretamente. Enquanto se compram máquinas para hospitais em profusão, por que o país delas precisa, por outro lado, muitas ficam estocadas por anos em armazéns por causa de uma burocracia qualquer. E se estragam. E se são postas para funcionar imediatamente, assim que dão algum defeito, demoram tanto para consertar - é a maldita burocracia - que, quando (e se) o fazem, já estão superadas ou não há mais peças. Faltam remédios, Faltam leitos em hospitais e pronto-socorros.

Faltam médicos em inúmeras cidades. Aí, trazem médicos de fora, os cubanos, principalmente. Com salários de fome. Salários de fome que eles somente descobrem que o é depois de trabalharem por algumas semanas nos fins-de-mundo a que são enviados. Aí eles fogem. Isto já começou a acontecer.

E educação? Professores ganham muito mal. Há exceções? Claro. Poucas escolas, no entanto, são boas. Até algumas escolas particulares começam a ter o nível em rampa descendente. Materiais, uniformes e merendas são entregues com atraso de, às vezes, meses. Querem que o aluno aprenda? Não reprovam, mesmo se o seu desempenho for ridículo. Dão cotas raciais, ou de classe social, etc. O que resolve isto? Nada - só aumenta o racismo, latente no Brasil ainda pois a mistura de raças é enorme.

Segurança? Direitos humanos só se preocupam com bandidos. Policiais, quando atiram em alguém, são processados. Os bandidos são aprisionados e soltos. Muitos bandidos assassinos não têm solução - não vão se recuperar nunca, pois já nasceram em geral numa família que na prática nunca chegou a se constituir, seja por falta de dinheiro ou por falta de educação dos pais - e pela falta de diálogo. Diálogo só existe hoje dentro de casa com lap-tops, computadores, i-pads, i-phones. O tráfico de drogas atinge a todos - alguns, mais espertos, deixam para lá e não se metem com drogas - mas muitos inexperientes não conseguem resistir a elas e acabam com suas vidas.

Em alguns bairros de São Paulo não se pode andar nas ruas, ocupadas desde a calçada até o leito por drogados. Não tenha penas deles. A escolha foi deles. Não tem volta. E aí, misturam-se as "elites" dos petistas e os favelados. Ricos e pobres entram no mesmo barco.

Isto tudo somado, com um governo que promove a discórdia de classes como um objetivo ou mesmo para justificar sua falta de sucesso nos governos, queremos o que? O fato mais recente veio anteontem, quando o prefeitinho de São Paulo dizze que as elites é que prejudicam seus feitos - que feitos: Só fez besteiras até agora. É caso de renunciar e carregar o saco e voltar para casa, que venha outro prefeito. Cada um que tem saído, dizemos que não poderá haver outro pior - mas isto não estpa acontecendo. O seguinte tem sido sempre pior. Põe a culpa no antecessor e, claro, nos ricos - os ricos e a classe média, que sempre sustentaram o Estado, por bem ou por mal.

E querem que eu conte histórias de trenzinhos que fazem chu-chu? Eu posso até contar, mas começo a me sentir culpado por insistir em algo que aparentemente interessa apenas aos quase cem interessados no assunto que conheço. A situação pe tal que até os jornais escritos e falados falam mal dos trens da CPTM e do metrô paulistano quase todos os dias. Por acaso eles são ruins? São eles os culpados do excesso de demanda? Será que ninguém se lembra de como era o estado precário dos trens da CPTM até o final dos anos 1999?

Chega, gente - vou tomar forças para, daqui a alguns dias, tentar escrever sobre trens de novo sem muita culpa na cabeça.


2 comentários:

  1. Bela postagem. Concordo em grau, número e gênero.

    Com a vertiginosa caminhada para o caos, o infortúnio, o inferno que este País está sofrendo, graças a essa quadrilha que alçaram ao poder, é normal que a gente se desvie do nosso assunto principal e faça um desabafo vez ou outra.

    Oxalá este ano as coisas sejam corrigidas, senão, é bom nem pensar nos dias vindouros...

    Abaço grande.

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  2. Ralph, acrescente ao mau salário pago aos professores o sistema de progressão continuada onde o aluno, se estudar é aprovado e se não estudar é aprovado da mesma maneira, fazendo com que, nos últimos anos do ensino fundamental, existam pessoas com pouca cultura em sala de aula. O mesmo partido que deixou a CPTM bem melhor foi o mesmo que implantou a progressão continuada em SP, infelizmente.

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