sábado, 23 de março de 2013

A CONSTRUÇÃO DE UMA AUTO-ESTRADA PAULISTA

Pedagio no dia da abertura em 1952: km 37 ou km 80?

A rodovia Anhanguera foi construída... bem, foi construída em partes, como muitas outras e muitas ferrovias. Hoje a Anhanguera liga São Paulo a Igarapava, continuando por dentro de Minas Gerais depois de atravessar o rio Grande e mudar de nome.

Em 1955, a Anhanguera já ligava São Paulo a Ribeirão Preto, em teoria. Na prática... bem, na prática era um pouco complicado afirmar isto. Em meados desse ano, o asfalto de uma rodovia que tinha pista única na maior parte do percurso chegava até pouco depois da cidade de Leme. Dali para a frente era terra, e de Cravinhos até Ribeirão Preto era um desastre, que em época de chuvas se transformava numa via impossível de ser utilizada.

Havia nessa época também três desvios: um em Campinas, outro em Araras e outro em Leme, partes sem asfalto ou aterros, que obrigavam os motoristas a passar por dentro dessas três cidades.

O desvio de Araras dava-se mais ou menos no km 164, onde existe um viaduto sobre a linha férrea da Cia. Paulista, o ramal de Descalvado, que ali passava entre a estação rural de Remanso e a estação central de Araras. Tirei pelo menos duas fotografias de cima desse viaduto nos últimos 15 anos, uma comtrilhos e outra já sem trilhos - que foram retirados ali no início do ano de 2002, depois de anos sem utilização do saudoso ramal.
Viaduto sobre o ramal de Descalvado: faltavam os aterros

A fotografia de 1955 mostra a linha e sobre ela um pedaço de viaduto, que aguardava os aterros - era por isso que ali havia um desvio.
Posto Lemense, em 1955

Outra fotografia do mesmo ano mostra um posto de gasolina, o Posto Lemense, citado na propaganda como sendo "o último posto de abasrecimento no trecho asfaltado". Dali para a frente era o inferno, pelo jeito.

Essa narrativa acima baseia-se em notícias do jornal Folha da Manhã da época. Por este jornal (e certamente também por outros), sabemos, salvo falhas de reportagem, que em 1952, por exemplo, haviam sido inaugurados dois pedágios: um no Gato Preto (km 37) e outro no km 80 (em Valinhos).
Construção da ponte sobre o Piracicaba em 1952

Ainda nesse mesmo ano, estava em construção a bela ponte de arcos sobre o rio Piracicaba, no km 130. Esta ponte foi demolida há não muito tempo. Acompanhei essa demolição numa época em que passava várias vezes pela rodovia, sei que não faz muito tempo, mas não consigo lembrar-me da data. Por volta do ano 2000, talvez?

Pena que as fotografias estejam tão mal reproduzidas no site do jornal... a que se salva mesmo é a propaganda do posto.

Um comentário:

  1. O pedágio de Gato Preto ficava onde hoje ficam as balanças (do outro lado da pista fica o posto da polícia rodoviária), e quem passava pelo primeiro pedágio já podia pagar o segundo também. O motorista ganhava um recibo de cor diferente que deveria ser apresentado (ou entregue, não lembro) no pedágio seguinte. Era um papel sem nenhuma segurança gráfica, parecia entrada de circo e poderia ser feito em qualquer gráfica facilitando o desvio de receitas.

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