domingo, 6 de janeiro de 2013

A DUPLICAÇÃO DA AVENIDA SANTO AMARO


A velha estrada de Santo Amaro, chamada por tantos nomes desde que apareceu sabe-se lá quando, foi finalmente duplicada no ano de 1952. No dia 24 de junho desse ano, foi entregue o primeiro trecho da avenida Santo Amaro entre o final da avenida Brigadeiro Luiz Antonio, na praça Dom Gastão Liberal Pinto, até a rua Afonso Braz. Cinco dias depois, abriu-se o trecho entre esta rua e o córrego da Traição (hoje avenida dos Bandeirantes). Ali existia um pontilhão.

Entende-se que, da Traição para a frente, o alargamento veio mais tarde, claro. Ainda não consegui descobrir quando. Até então, tudo o que se encontrava nos jornais referia-se à "estrada velha de Santo Amaro" ou, simplesmente, "estrada de Santo Amaro". Nessa época, a nomeação de vias em bairros mais afastados do centro eram meio confusas. Há comerciais do final dos anos 1940 que se referem a terrenos e casas na altura da Vila Nova Conceição como "avenida Brigadeiro Luiz Antonio", mas ali era, efetivamente à estrada de Santo Amaro.

Afinal, a estrada original de Santo Amaro percorria o que hoje são: a rua de Santo Amaro, que sai da Praça das Bandeiras, originalmente o "Piques", larguinho que não mais existe desde os anos 1940 e que historicamente era o ponto de partida de diversas rotas para o interior paulista. Depois, seguia, a partir de onde se encontram a rua citada e a Brigadeiro, pela atual Brigadeiro Luiz Antonio até a avenida Paulista e, mais tarde, este nome continuou até o Itaim, na atual Praça Dom Gastão Liberal Pinto. Somente dali para a frente seguia o nome de Estrada de Santo Amaro.

Do córrego da Traição para a frente, a avenida mudava de nome para avenida Adolfo Pinheiro. Isto permaneceu até meados dos anos 1960. Aí, adotou-se a continuação do nome "avenida Santo Amaro" até o Borba Gato, deixando o nome de Adolfo Pinheiro somente para o trecho que vinha do largo 13 de Maio, no centro do antigo município de Santo Amaro, e ainda seguindo em frente, pela avenida João Dias, cujo nome original era Estrada de Itapecerica, até o encontro das ruas Nove de Julho e rua da Fonte, onde hoje efetivamente começa o nome João Dias. Hoje, é nesse ponto o final da "grandiosa" avenida Santo Amaro.
A avenida, hoje, na região da Vila Olimpia. Corredor de ônibus com movimento enorme, um dos dois mais movimentados da cidade, ela e a avenida Celso Garcia. A foto é do Google Maps e, como foi tirada num domingo, apresenta uma avenida com tráfego bastante aceitável.

A avenida continua da mesma largura que possuía em 1952. Já há muito tempo é muito estreita para receber todo o tráfego que por nela passa. O barulho produzido pela avenida é ensurdecedor já desde os anos 1970. Lembro-me que por volta de 1980 ainda existiam algumas pequenas lojas e oficinas ali na região da Vila Nova e do Itaim que estavam na avenida, com entrada à beira da calçada, sem recuo. Mesmo com a porta fechada, era impossível manter uma conversa com os vendedores das lojas sem elevar bastante o tom da voz. Isso melhorou um pouquinho com os ônibus elétricos, cuja história triste conto também a seguir.

Ainda por cima, o corredor exclusivo de ônibus ainda rouba uma faixa dos automóveis, que têm de circular em duas faixas estreitas juntamente com os caminhões. Por muitos anos, o corredor era para ônibus elétricos. Dona Marta Suplicy, uma tresloucada prefeita que governou São Paulo no inícios do século XXI, fez a imbecilidade de tirar diversas linhas de ônibus elétricos da cidade por "poluição visual" (de fios aéreos), entre os quais o corredor da Santo Amaro, que vinha da Nove de Julho, trocando tudo por ônibus diesels fumarentos e barulhentos (vocês devem saber, ônibus elétrico não faz barulho nenhum e nem polui). Sim, é essa incompetente que foi chamada pelo atual prefeito Fernando Haddad (por uns chamado de "Malddad") como tendo sido o melhor prefeito de São Paulo até hoje. Se é nesse modelo que ele vai se inspirar, nós podemos imaginar que tipo de governo vamos ter nos próximos quatro anos.

7 comentários:

  1. 1) Na verdade, desde que me entendo por gente (a partir de, mais ou menos, 1963), a Adolfo Pinheiro se estende desde a estátua do Borba Gato até o Largo 13 de Maio. 2) De fato, em 1970 a avenida Santo Amaro já estava bem degradada, mas mantinha um forte comércio, que definhou depois da inauguração do corredor de ônibus e da dificuldade de acesso e estacionamento aos automóveis particulares. 3) Quando o corredor de ônibus original foi projetado, em meados dos anos 1980, ele deveria ser exclusivamente percorrido por tróleibus. Mas forças ocultas fizeram com que apenas as linhas diretas Praça das Bandeiras-Largo 13 fossem transferidas para os tróleibus; as demais linhas com outros itinerários continuaram a funcionar, usando o corredor e acabando com sua funcionalidade plena. Pelo projeto original, elas deveriam terminar junto ao corredor, com baldeação pelos tróleibus. Em 2003 a prefeita Marta "Relaxa e Goza" Suplicy acabou com os tróleibus.

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  2. (Transcrito de um e-mail de Carlos Augusto): Tenho um guia de 1960 da cidade de S.Paulo. Nele a av.S.Amaro aparece com o nome de Adolfo Pinheiro até a ponte do córrego Uberaba, onde hoje é a av. Hélio Pellegrino. Fui morar no Brooklin Novo em 1959 e naquela época muita gente ainda chamava a atual av. S. Amaro de "Estrada" (uma simplificação de estrada de S. Amaro). Meus pais a chamavam de avenida Adolfo Pinheiro. Pelo mesmo guia, a av.João Dias começava no Borba Gato. . Quanto ao fim dos troleibus está havendo uma confusão. Eles não foram tirados de circulação porque os cabos elétricos enfeiariam a cidade. O motivo foi um desentendimento entre a Prefeitura e a AES Eletropaulo. Enquanto a Eletropaulo era estatal ela dava manutenção gratuita nos cabos da rede de alimentação dos troleibus. A empresa privatizada quis cobrar pelos serviços. A Prefeitura não concordou, alegando que a AES Eletropaulo já cobrava pela energia elétrica e que a manutenção da rede seria o custo de se colocar a energia à disposição do cliente. A Prefeitura perdeu a demanda. Sempre que um troleibus quebrava os demais tinham de parar porque não tinham como desviar do veículo parado, causando grandes congestionamentos inclusive de carros, que tinham suas pistas invadidas pelos ônibus diesel que eram obrigados a sair do corredor. A única maneira de se manter troleibus nos corredores de ônibus seria utilizando-se modelos híbridos, que são muito mais caros do que os elétricos. Isto, aliado ao aumento do preço da energia elétrica, é bom lembrar que quando o corredor foi feito sobrava energia de Itaipu, e ao custo de manutenção da rede elétrica aérea, levou a Prefeitura a optar pela desativação dos troleibus nos corredores de ônibus. Foi uma decisão técnica feita por motivos financeiros e não simplesmente uma decisão fútil tomada por motivos estéticos.
    Os contratos de privatização foram muito mal feitos. Bastaria incluir uma cláusula obrigando a empresa que assumisse o controle da Eletropaulo a manter gratuitamente a rede elétrica dos troleibus. Será que eles largariam o osso só por causa disso? O mesmo aconteceu com a privatização das ferrovias. "Esqueceram" de colocar uma cláusula obrigando o vencedor da concorrência a manter todas as linhas operando, inclusive com trens de passageiros.
    Sempre que se criticam as privatizações aparece alguém para defende-las citando a telefonia. Acontece que a telefonia melhorou muito no mundo todo nos últimos 20 anos, e não apenas no Brasil. E não foi por causa de privatizações, que em muitos países nem houve. O motivo da melhora foi o desenvolvimento tecnológico que houve no setor das telecomunicações, como o uso de fibras óticas, o desenvolvimento da telefonia celular digital e a comutação telefônica feita por computadores.

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  3. Carlos Augusto, como eu falei, a nomenclatura das ruas de S. Paulo em mapas mais antigos e locais mais distantes apresentava discrepâncias. Como a divisa de Santo Amaro e São Paulo, municipios separados até 1935, era na Traição, era natural que o nome Adolfo Pinheiro fosse até o córrego. Com relação aos elétricos, era o que se dizia na época como uma das desculpas idiotas para retira-los. Lembro-me tambem do caso da Eletropaulo, mas ele era menos citado, provavelmente por ser um pouco menos ilógico do que o da poluição visual e a imprensa e as pessoas cairem matando. Na verdade, o único motivo para retirar os troleibus era rigorosamente nenhum. Onibus a diesel também quebram nos corredores e causam enormes problemas exatamente iguais a quando caía a rede aerea dos troleibus. Abração

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  4. No dia 05.07.1950 o Estadão publicou um anúncio da inauguração do Cine Radar (que em 1970 mudou de nome para Del Rey) onde aparecia como endereço "Estrada Velha de Santo Amaro 546":
    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19500705-23050-nac-0023-999-23-clas
    O curioso é que 10 dias antes, em 25.06.1950, na Folha da Manhã, caderno de Atualidades, página 14, o mesmo anúncio foi publicado tendo como endereço "Fins da Brig.Luiz Antonio nº 546":
    http://acervo.folha.uol.com.br/fdm/1950/06/25/171/

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    1. Interessante é o nome do filme em português: "Mercado de Ladrões". Em inglês é "Thieves Highway". Será que a tradução correta, Rodovia de Ladrões, não foi usada porque poderia parecer crítica política já que na época as vias Anchieta e Anhanguera estavam sendo duplicadas? Veja o trailer no Youtube:
      https://www.youtube.com/watch?v=cyAhdhbQghQ

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  5. No dia 25.06.1950 o Estadão publicou um anúncio imobiliário citando a "Nova Estrada Velha de Santo Amaro" (a rua Júlio Ribeiro que aparece no mapa é a atual Alexandre Dumas, na Chácara Santo Antonio):
    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19500625-23042-nac-0028-999-28-clas

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  6. No Estadão de 06.04.67, página 12, uma reportagem sobre a construção do "túnel" que interligaria as avenidas São Gabriel e Santo Amaro sob a praça Dom Gastão Liberal Pinto:

    http://acervo.estadao.com.br/pagina/#!/19670406-28212-nac-0012-999-12-not

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