domingo, 27 de janeiro de 2013

O TREM DE FEIRA DE SANTANA PARECE ASSUNTO DE DOIDO

A primeira estação de Feira de Santana (1875-1958). Da segunda, jamais vi uma foto
Jornais da cidade baiana de Feira de Santana noticiaram recentemente que o prefeito, um tal de José Ronaldo de Carvalho, souberam que o Ministério dos Transportes quer fazer um trem regional de passageiros entre Salvador e Alagoinhas.

Pelo visto, o trem não seguiria a linha existente, pois, segundo ainda essa reportagens, ele passaria pelo município de Conceição de Feira. Nas linhas baianas atuais e que um dia pertenceram à finada Viação Férrea do Leste Brasileiro (ou somente "Leste"), seria impossível ir para Alagoinhas passando por Conceição de Feira. Eram linhas diferentes. Esta ia para o sul e a de Alagoinhas ia para o norte, via Cmaçari e Catu. A outra, para Conceição de Feira, seguia por Candeias, Santo Amaro e contornava o Recôncavo.

Em Conceição de Feira, era possível uma baldeação, onde os passageiros tomavam outro trem para Feira de Santana, estação terminal desse ramal. Durante muitos anos chegou-se a pensar em construir uma linha ligando Feira de Santana a Alagoinhas. No início do século 20 e no início dos anos 1960. Uma das estações   dessa "nova" linha chegou a ser construída (Irará), mas foi abandonada. Ainda existem pedaços do leito que nunca recebeu trilhos, também. Leia-se tudo isso como dinheiro jogado fora. Dinheiro meu e seu, claro.
Aterro da linha férrea, jamais instalada, entre Feira de Santana e Irará, em 2010 (Foto Debora Martins Dantas e Oliveira)
É interessante saber, também, nas três reportagens que li, por que um trem de passageiros seguiria até Conceição de Feira, numa direção completamente diferente da que seria lógica para seguir para Alagoinhas e, ainda por cima, conseguria, em sua continuação até Alagoinhas, não passar por Feira de Santana. Pois é exatamente isso que o sr. José Reinaldo de Carvalho quer: que se mude o projeto e que, em vez de passar por Conceição, o trem passe por Feira. Muito mais lógico, mas certamente não é por isso que o prefeito quer a mudança: como a todo político, ele somente usa a lógica quando esta lhe atende os interesses.

Provavelmente, embora eu seja a favor de qualquer implantação de trens de passageiros dos quais este País tanto precisa, este é mais um dos blefes do governo federal: cada projeto que ele lança atende aos interesses de diversas empresas de projetos, que projetam, projetam, ganham um dinheiro bom advindo das verbas governamentais e saem contentes. Se o projeto será implantado, não lhe importa. Prefeitos também gostam: tanto lhes faz se o trem seja implantado ou não, mas eles geralmente ganham (ou acham que ganham) dividendos políticos com isto.

Afinal de contas, tanto Salvador, como Conceição de Feira, quanto Feira de Santana, quanto Alagoinhas, já tiveram seus trens de passageiros. A primeira, por 130 anos (parou em 1989), a segunda, por 110 (parou em 1985), a terceira, por 89 (parou em 1964) e a quarta, por 127 anos (parou em 1989). Os números estão corretos. Por que eles pararam? E por que querem que eles retornem, depois de tantos anos? Não teria sido mais lógico mantê-los e aos poucos ir renovando a frota?

Feira de Santana chegou ao cúmulo de ter uma estação por 83 anos (1875-1958) e desativá-la para construir uma nova, que durou apenas seis anos (1958-1964), porque desativaram o ramal e abandonaram sua continuação, como citado acima. Se ia durar apenas seis anos, por que gastaram dinheiro contruindo uma nova que já foi, aliás, demolida há muito tempo?

Está muito clara a lógica dos dirigentes deste país: ela somente se aplica quando lhes interessa. A lógica no Brasil não é lógica. Claro que quero a volta dos trens de passageiros. Mas a cada notícia que leio, perco um pouco mais de esperançca. Esta história do trem de Feira de Santana parece-me maluca demais. E nada lógica, dentro da minha lógica, que geralmente não condiz com a dos políticos.

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