sábado, 6 de junho de 2020

A ESTRADA DE FERRO DO NORTE (1877)


Data dos anúncios: de 5 a 8 de julho de 1877, de "A Provincia de S. Paulo".

A inauguração da estação de Cachoeira (hoje, Cachoeira Paulista) em 1877 foi também a inauguração oficial da antiga Estrada de Ferro São Paulo-Rio, que era também conhecida como Estrada de Ferro do Norte. Esta já funcionava desde novembro de 1875, quando abriu o primeiro trecho entre São Paulo e Mogi das Cruzes. Basicamente e com algumas poucas modificações, hoje é a linha 11 da CPTM.

A inauguração deu-se quando a linha ficou pronta para encontrar-se com a ferrovia que já chegava do Rio de Janeiro até o ponto de encontro em Cachoeira.

A Estrada de Ferro do Norte assim se chamava pois passava pelo Vale do Paraíba, naquela época considerado o norte da então Provincia de S. Paulo e região muito rica, que deveria garantir o futuro da nova ferrovia.

Portanto, houve muitas festas tanto em Cachoeira como na capital paulista. Estas festas foram bancadas pela própria ferrovia. Supõe-se que houve participação da E. F. D. Pedro II também nas comemorações, pois ela també chegava à nova estação de Cachoeira, vindo do Rio de Janeiro com a bitola larga. Como se sabe, esta última ferrovia foi depois comprada pela ferrovia carioca, então já chamada de E. F. Central do Brasil em 1891 e, alguns anos depois, teve sua bitola alargada de métrica para larga (1,60m) para evitar justamente a "quebra de bitola" em Cachoeira e permitir trens diretos pelo agora chamado Ramal de São Paulo, sem baldeação.

A preparação para a festa em São Paulo tomou alguns dias e muitos anúncios nos jornais da época, inclusive o do A Provincia de S. Paulo (hoje, o "Estadão").

Os trens do dia 8 de julho de 1877 sairiam de Campinas, passariam por São Paulo e seguiriam para Cachoeira, onde mais festas haveria. O trem, usaria, portanto, para isto, também, as linhas da Companhia Paulista e da São Paulo Railway. Os preços deste trem inaugural eram salgados: 10 mil reis para a Primeira Classe e 7 mil reis para a Segunda. Havia trens da Ytuana, desde Ytu e Piracicaba também, que chegariam a Jundiaí.


Haveria também a construção de arquibancadas com camarotes de madeira na estação do Norte (depois chamada de Roosevelt e hoje, de Braz). Vendiam-se muitos artigos relacionados com as festas, marcadas para o dia 8 de julho: colchas para guarnecer janelas próximas à estação do Norte e à saída da linha no Braz também eram anunciadas.

                                       
Eram 25 camarotes de cada lado para cinco pessoas cada. Dentro da estação, havia mais 15 camarotes.

Pois é, a ainda pequena São Paulo vivia de festas, que não eram tantas assim. Esta seria a terceira festa de inauguração de uma ferrovia, depois da São Paulo Railway (1867), da Cia. Paulista (na Luz, 1872) e da Sorocabana (1875).

A pequena E. F. do Norte parece ter gastado demais com as festas. Não demorou muito para que a empresa passasse a gerar prejuízos sobre prejuízos, dado principalmente os custos com a quebra de bitola e má administração. Em 1891, foi vendida para a Central do Brasil.

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