domingo, 19 de abril de 2020

O PROBLEMA DOS NOMES NA HISTÓRIA DAS FERROVIAS BRASILEIRAS (2020)


Acima: estação de Guaiaúna em 1924, durante a revolução desse ano (O Malho).

Um dos maiores problemas no estudo da história das ferrovias e estações  (e também das cidades, municípios, distritos, vilas, bairros, ruas) no Brasil é a constante mudança de nomes nas localidades durante o passado.

Para piorar o cenário, os jornais e mesmo relatórios, principalmente no século XIX e por metade do século XX, é a citação de nomes de sem que sejam indicadas as suas localizações.

No caso das estradas de ferro, vamos fazer uma relação de lugares e de suas mudanças de nomes, nesta primeiro artigo, das estações da velha Central do Brasil no Estado de São Paulo para termos uma ideia de como localizá-las em artigos publicados na imprensa, principalmente. Vamos lá.

A Central teve diversas linhas no Estado paulista: o ramal de São Paulo, que ligava o Rio a São Paulo, parte dele (de Estudantes ao Braz) hoje linha 11 da CPTM - o resto dela (Estudantes-Queluz-Japeri, esta no Rio), linha cargueira. No Estado do Rio, o trecho Pedro II-Japeri também se tornou linha de subúrbios; a variante de Poá, toda ela hoje linha 12 da CPTM; os ramais da Penha, de Piquete e de Bananal, hoje desaparecidos.

Vamos analisar hoje o trecho paulista do ramal de São Paulo, estação por estação. Partindo de São Paulo:

Braz - Já foi Estação do Norte (da E. F. do Norte, que ligava São Paulo a Cachoeira), depois Roosevelt a partir de 1945; desde o advento da CPTM voltou ao nome de Braz e fundida com linha do Metrô e a da ex-Santos-Jundiaí, esta também do Metrô.

Engenheiro São Paulo (entre a Segunda e a Terceira Paradas), do engenheiro da Central. Desaparecida, inicialmente era chamada de Norte-cargas.

As seis paradas (Primeira a Sexta) - todas desaparecidas. As duas únicas que adotaram novos nomes foram a Quarta Parada, que virou Clemente Falcão (diretor de diversas ferrovias) nos anos 1940, e a Sexta Parada, que virou Engenheiro Sebastião Gualberto (engenheiro da Central), ambas desaparecidas também.

Carlos de Campos - Era Guaiaúna até os anos 1960. O Presidente do Estado de S. Paulo (governador) Carlos de Campos usou-a como quartel-general em 1924.

Vila Matilde - Sempre teve este nome até ser suprimida em 2000. Nome do bairro a que atendia.

Patriarca - no seu início, nos anos 1920, era "km 488". Nome do bairro Cidade Patriarca.

Artur Alvim - No início, Engenheiro Artur Alvim, engenheiro da Central.

Itaquera - até mais ou menos 1900 chamava-se São Miguel, nome do bairro a que atendia. Quando o povoado de Itaquera ficou mais habitado, passou ao nome deste. Hoje a estação e a linha da atual CPTM foram transferidas para a estação do Metrô, mais ao sul.

XV de Novembro - Também era chamada de Parada 15. O nome deriva de homenagem ao dia da proclamação da República. Depois a estação nomeou um dos bairros próximos (Parada 15).

Guaianazes - No início era Lageado, depois passou a Carvalho Araújo (diretor da Central) em 1924. Lageado era o nome do bairro em 1875. Em 1946 passou a se chamar Guaianazes, nome novo do bairro.

Gianetti - Foi aberta já no tempo da CPTM (1998), com o nome de Lageado, lembrança do bairro antigo. Logo mudou para Antonio Gianetti Neto.

Ferraz de Vasconcellos - O nome do chefe de distrito da Central substituiu já na sua construção em 1928 o nome do bairro, Romanópolis.

Poá - O nome sempre foi Poá.

Calmon Vianna - O nome do diretor da Central nunca foi alterado.

Suzano - Chamou-se Piedade (1875), depois Guaió (1890), depois o atual (1907), nome de um diretor da Central. Há quem diga que também se chamou Campos da Mirambava e também Concordia.

Jundiapeba - Aberta em 1914 como Santo Ângelo, nome de um hospital aberto na mesma época. Nos anos 1940 passou a se chamar pelo nome atual.

Braz Cubas - A dúvida aqui é o ano de abertura da estação (1914, 1928 ou 1929), que sempre teve o mesmo nome. O homenageado fundou Mogi das Cruzes e também Santos.

Mogi das Cruzes - Um dos municípios mais antigos do planalto, somente São Paulo é mais antigo. A estação nunca mudou de nome.

Estudantes - Estação fundada já na época da RFFSA. Atende a duas universidades da cidade de Mogy, daí o nome.

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