Itanhaém e os problemas da cidade em 1954: a foz do rio, os trilhos sobre a ponte ainda de piso de madeira, um caminhão que não aguentou a força da maré na praia e a rodovia Manuel da Nóbrega, parte da atual SP-55, ainda sem finalização, o que demoraria pelo menos 5 a 6 anos além
A última vez que fui foi há cerca de um mês. Obviamente, comparar a cidade de hoje com as fotos acima é até covardia. A cidade cresceu e se modernizou. Até para quem, como eu, que ficou 10 anos sem lá ir, as diferenças são notórias.
Por coincidência, recebi logo em seguida uma reportagem sobre os problemas da cidade no ano de 1954. Mais precisamente, do antigo jornal Diário Popular.
Nessa época se chegava até Itanhaém pela praia. Eu me recordo que até mais ou menos Mongaguá, vindo da Ponte Pensil, chegava-se de carro atravessando diversos córregos não muito limpos. Lá por 1963, já dava para chegar na cidade de Itanhaém pela rodovia Manuel da Nóbrega, já asfaltada. Era ruim, mas era uma estrada de pista única. Uma faixa para ir, outra para voltar. Poucas construções ao longo da rodovia, ainda.
Hoje a estrada é duplicada, tem muitos viadutos sobre ela para alcançar os bairros tanto da direita quanto da esquerda da pista. Muitas construções, dos dois lados. E, claro, pedágios. Seguindo-se a rodovia além de Itanhaém, segue-se próxima a praia até Peruíbe. Dali para a frente, é serra e, depois dela, chega-se à rodovia Regis Bitencourt, onde termina, no bairro de Pedro de Barros, no município de Miracatu.
O artigo dá uma ideia de como estava a cidade de Itanhaém na época. Depois de elogiar suas belezas (toda praia é bonita, mas Itanhaém tem praias simples demais). A Praia do Sonho é a mais famoso e tem suas atrações. Depois, é a praia de Peruíbe, tão sem grandes encantos como o final da Praia Grande, que é justamente a que vem de São Vicente terminando na foz do rio Itanhaém.
Itanhaém era servida pela E. F. Sorocabana, com o seu ramal de Juquiá. O autor do relato afirmava que era "comparável à Cantareira, talvez piores, dado que a estrada de rodagem teve sua construção interrompida". A ferrovia, que nunca foi grande coisa, já estava em seus tempos de decadência. O ponto fraco era justamente a ponte sobre o rio (havia outros pontilhões também), que chegou a desabar pelo menos uma vez, em 1947. A ponte era tanto rodoviária como ferroviária, imaginem o caos que isso causou.
O trens de passageiros seguiram operando até o final de 1997, depois de ter tido o trânsito destes trend interrompido entre 1977 e 1983. Já o tráfego cargueiro seguiu até 2003, quando as cargas se tornaram raridade no ramal. Hoje está tudo debaixo do mato e da areia.
Quem teve sorte foram Santos e São Vicente, onde o ramal começava. em 2015, o leito abandonado da ferrovia transformou-se numa linha de VLTs (bondes, mas em nova versão, para os mais antigos).