segunda-feira, 31 de julho de 2017
MAPA ATUAL DAS FERROVIAS - SÃO PAULO E PARANÁ
Como já escrevi há uma semana, um novo mapa ferroviário do Brasil foi lançado pela Revista Ferroviária há algum tempo. Recentemente adquiri uma edição.
Comentarei aqui alguma coisa sobre as linhas dos Estados de São Paulo e do Paraná, conforme aparecem no detalhe desse mapa publicado acima.
Os dois Estados são hoje atendidos por três concessionárias. No Paraná, somente a Rumo/ALL - linha métrica, chamada pela empresa como "Malha Sul". Em São Paulo, mesta Malha Sul tem também suas linhas, exatamente as das antigas Sorocabana e Noroeste.
Em São Paulo, também atuam a FCA, a MRS e a própria Rumo/ALL, mas com bitola larga.
No Paraná, lamentavelmente não há linhas de subúrbio para trens metropolitanos (extintas em 1991). Em São Paulo, a CPTM cuida deles, que, aliás, já foram discutidos na postagem de 23 de julho último.
A FCA liga a cidade de Campinas, da estação de Boa Vista, em Campinas, a Araguari, em Minas, seguindo pela antiga linha da Mogiana, continuando, de Minas Gerais, com algumas ramificações para o próprio Estado e para Goiás, que serão vistas depois. A FCA também cuida do ramal de Caldas, que liga Aguaí à estação de Bauxita, em Poços de Caldas. Seus trens prosseguem também pelas linhas da Rumo/ALL, de Boa Vista a Santos. Usa a bitola mista desta última para fazer o percurso, já que a Mogiana e as linhas mineiras e goianas têm esta largura de bitola.
A MRS e a Rumo/ALL têm bitolas largas. A primeira liga Santos e São Paulo ao Rio de Janeiro e Vale do Paraíba utilizando-se das linhas das antigas Santos a Jundiaí e do ramal de São Paulo da antiga Central do Brasil. Também entra pela linha da Rumo/ALL até a região de Bauru quando necessário.
Lembrem-se que há 4 cores no mapa: Azul mostra as linhas de concessão da ALL/Rumo; Verde, da MRS; e roxo, da Ferrooeste e carmim, da FCA.
As linhas que têm-nas pontos acompanhando significa que estão abandonadas e sem tráfego. As que têm linha-pontos intermitentes (como a azul da ALL-Rumo) mostram linhas com obras de duplicação.
A escala do mapa e a espessura das linhas prejudica um pouco a compreensão de alguns pequenos trajetos.
Algumas rodovias também são mostradas no mapa.
A Rumo/ALL, por sua vez, trafega pelas linhas de bitola larga das antigas Companhia Paulista e E. F. Araraquara. Tem a concessão entre Jundiaí e Pradópolis, Itirapina a Bauru e Araraquara até Rondonópolis, no Mato Grosso, pelas linhas da Ferronorte. E, finalmente, a linha Boa Vista-Santos, com bitola mista e que é, talvez, a linha com maior densidade de tráfego no Brasil hoje em dia que corresponde às antigas Mairinque-Santos e ramal de Campinas, ainda do tempo da Sorocabana.
Por outro lado, a concessionária abandonou a linha Bauru-Panorama, estabelecida desde 1959 (considero aqui a linha de bitola larga que substituiu as métricas do Tronco Oeste da Paulista nessa data) e agora está afirmando que vai retomá-las para atender o oeste paulista. Difícil de acreditar.
Finalmente, a "Malha Sul" da Rumo/ALL, ou seja, a bitola métrica, que, no Estado de São Paulo, liga Mairinque a Presidente Epitácio, Iperó a Pinhalzinho e Paratinga a Cajati (ambas ex-Sorocabana).
A malha métrica tem ainda a velha Noroeste (Bauru-Corumbá e Indubrasil-Ponta Porã). Parece muita linha, mas, embora a Noroeste - que chega até o Mato Grosso, na divisa com a Bolivia - tenha tráfego por toda a linha-tronco (raros comboios, está longe de atender a região como deveria ser feito), o ramal de Ponta Porã está parado desde 1997.
E a Sorocabana? Ora, embora não sejam mostradas as "linhas-pontos" no mapa, a velha Soroca está às traças nos trechos Amador Bueno-Mairinque e no Rubião Junior (em Botucatu) a Presidente Epitácio já há cerca de 2 anos. Os trilhos também se cobrem de mato no ramal de Cajati, sem operação desde 2003. Já o trecho do antigo ramal de Itararé e Apiaí levam trens para o Paraná, cruzando Pinhalzinho, estação na divisa com o Paraná.
E no Paraná? Aqui, as linhas utilizadas são as que ligam Maringá a Paranaguá, Apucarana a Ourinhos, cidade onde se encontra com a linha em São Paulo, atravessando a ponte sobre o Paranapanema), Pinhalzinho a Ponta Grossa, Ponta Grossa a Guarapuava e ainda Curitiba a Rio Branco do Sul, Ponta Grossa a Curitiba e Ponta Grossa a Mafra.
Mas há linhas abandonadas pela concessionária, também: Apucarana-Cianorte, desde o final do século XX; Morretes a Antonina, também sem tráfego há pelo menos 10 anos e Ourinhos a Jaguariaíva, parada desde 2001 e Jaguariaíva a Ponta Grossa, abandonada desde pelo menos uns 7-8 anos. Finalmente, o mapa mostra o ramal de Monte Alegre, ou seja, a linha Piraí do Sul a Telêmaco Borba, como ativa, mas tenho sérias dúvidas: afinal, a linha onde ela desemboca (Jaguariaíva-Ponta Grossa) está no abandono.
E Paraná tem ainda a Ferroeste, que liga Guarapuava a Cascavel.
Existem ainda em São Paulo outras linhas não citadas ou mostradas no mapa:
A Anhumas-Jaguariúna, operada já há quase 40 anos pela ABPF com trens turísticos de forma quase contínua - é parte do tronco da Mogiana construído entre 1926 e 1945 e sem tráfego de trens de passageiros ou cargas desde 1977, sendo esta a razão pela qual a ABPF conseguiu sua concessão.
A E. F. Campos do Jordão, ligando Pindamonhangaba a Campos do Jordão, ferrovia eletrificada em 1924 que tem tráfego diário praticamente desde sua abertura em 1914 (quando ainda utilizava vaporeiras). Um trem é turístico, fazendo o percurso todo, outro é regular, atendendo com 3 viagens de ida e volta por dia aos subúrbios de Pindamonhangaba. Pertence ao Estado.
Há mais duas ferrovias pequenas: a E. F. Perus-Pirapora, com apenas 16 quilômetros, parcialmente ainda com trilhos e operada ocasionalmente em parcas condições para passeios turísticos, situando-se entre os municípios de São Paulo e de Cajamar; e a velha Minas and Rio, cuja parte paulista está entre a estação de Cruzeiro e o túnel que cruza para o Estado de Minas Gerais, no Vale do Paraíba, sem qualquer tráfego desde 2001. Estas duas ferrovias não tem concessão para ninguém, até onde eu saiba. A primeira é particular e tombada pelo CONDEPHAAT; a última pertence ao espólio da RFFSA.
Marcadores:
Cia. Paulista,
E. F. Araraquara,
E. F. Sorocabana,
fca,
Ferroeste,
Mogiana,
MRS,
Rumo ALL
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Ralph, teria como você em uma próxima ocasião mostrar uma ideia de como está a malha férrea aqui no RS. Sou morador de Canoas, RM de Porto Alegre, e aqui, com exceção do Trensurb, a linha de metropolitana que sai do centro da Capital até Novo Hamburgo, o restante e operado pela ALL/Rumo Malha Sul. Aqui no RS, pela noticias que tenho acompanhado, com exceção da Tronco-Sul e a rota para o porto do Rio Grande, o restante está em vias de ser abandonado. Em Cacequi, Uruguaiana e em algumas localidades no estado, existem filas com até 2 quilômetros de vagões abandonados. Acho que ferrovia no RS vai morrer daqui a alguns anos. Como se diz, está na UTI e vai para o cemitério...
ResponderExcluirLucas, as últimas notícias dizem que a malha sul está sendo vendida para os chineses... se isso vai ser bom para as ferrovias, só Deus sabe. Minha opinião? Acho que não vai mudar nada
ExcluirSim Ralph, concordo com você. No caso do Trensurb, os chineses querem a concessão deste por 30 anos para aumentar a rede, hoje apenas uma linha, e fazer mais 7 linhas por toda a RM de POA. Interessante que ultimamente, o nosso trem vem tido um número maior de falhas, como falhas de sinal, rede aérea, e os próprios trens novos, fabricados pela Alstom, os Séries 200, vieram cheio de defeitos, tanto que ano passado um quase levou a Estação São Pedro abaixo quando o ultimo carro descarrilhou, por sorte estava vazio. Fora isto, as estações do trecho mais antigo (Mercado - Sapucaia), andam em total descaso, como escadas rolantes e elevadores quebrados, falta de sinalização e em algumas até mesmo pichações. Pretexto para acabar com o serviço e venderem a preço de banana para os chineses? Só para constar, a passagem do Trensurb aqui desde 2014 custa R$ 1,70, o que faz o trem ser muito utilizado principalmente pela população mais carente, já que os ônibus em algumas cidades e no mesmo trajeto chegam a custa de R$ 3,40 até 4,20. Veremos o que ocorre...
ExcluirO Ramal do Harmonia que liga Pirai até Telêmaco está abandonado mesmo. A Klabin não utiliza mais o trecho. E de Ponta Grossa até Jaguariaiva só passam raros sucateiros.
ResponderExcluirOlá Ralph. Gostei muito do seu site, excelente conteúdo, acho difícil encontrar informações tão ricas. Sou jornalista e tenho um projeto de reportagem sobre as ferrovias aqui de Goiás. Tenho fotografado algumas que já foram restauradas e outras em total abandono. Parabéns e que você siga escrevendo e criando essa importante memória do Brasil.
ResponderExcluirUm abraço.
Arley
No mês passado percorri o alguns trechos da linha Rubião Jr. a Pres. Epitácio. Tudo muito ruim. Taludes desmoronados, árvores caídas, muito mato alto e etc... e sem visão para voltar a funcionar.
ResponderExcluirOi, Ralph. Embora não assíduo sigo teu blog sempre e o cito como referência sobre história, patrimônio e mil coisas mais. Em São Paulo há também o ramal da antiga CP para Piracicaba, indicado no mapa como abandonado; falam em reativar a linha de passageiros Sampa/Jundiaí/Campinas/Americana e ela bem que podia incluir tal ramal que atravessa Sta.Barbara d'Oeste. É ótimo ter teu blog para conversar e opinar sobre tão valioso patrimônio pouco conhecido pelos jovens. Abç
ResponderExcluirSergio Massaro
Duvido com a renovação da concessão da malha ferroviária paulista vai mudar alguma coisa só vendo pra crer.
ResponderExcluirGostaria de saber sobre linhas para trem de passageiros. Onde posso chegar de trem saindo de sao paulo?
ResponderExcluirRalph, malha Sul Tatuí- Ponta Grossa está bem abandonado . O enorme terminal MULTIMODAL de Tatuí está fechado há alguns anos. Trens não passam por aqui há um tempo, exceção de um ou outro de manutenção, sem carga.
ResponderExcluirImagine se a CCR, que tem a concessão da Via Dutra, decidisse unilateralmente fecha-la , e dar como razão a falta de rentabilidade. Em duas ou três horas o MP forçaria a CCR reabrir, e provavelmente a CCR perderia a concessão. Não entendo porque a RUMO não perde a concessão imediatamente, por falta de uso.
ResponderExcluir