terça-feira, 17 de janeiro de 2017

NOS CONFINS DO MARANHÃO

Mapa do IBGE de 1960 mostra a ferrovia em Coroatá mas não mostra o ramal até Peritoró. Na época, Peritoró era apenas um distrito de Coroatá.

Como já disse em meu último artigo aqui escrito, notícias de ferrovias no Nordeste do Brasil que chegam ao sul do país são "avis raras", "elefantes brancos"... usem a expressão que quiserem.

Estava pesquisando sobre um ramal que chegou a ser construído e, segundo se comentou, operou somente por três meses no interior do Maranhão.

Ele foi idealizado para ligar a cidade de Coroatá, no km 236 da linha-tronco da E. F. São Luis a Teresina. Quando, exatamente?

Literatura da site Centro-Oeste diz que as duas estações que foram inauguradas no ramal, a de Engenheiro Freire de Carvalho e a de Peritoró, esta última a 38 km de Coroatá, foram-no em 31 de janeiro de 1957. As informações que consegui foram poucas, no entanto.

Em que arquivos da RFFSA estariam escritas as informações para se desvendar a verdadeira história da construção e operação deste pequeno ramal ferroviário, situado no Estado mais pobre do Brasil?

No site da Wikipedia sobre a cidade de Peritoró (que se tornou município em 1994 e era território de Coroatá), está escrito que a ferrovia começou a operar em 1960 e fê-lo somente por três meses com passageiros e cargas. Mas as estações foram inauguradas três anos antes, então...?

Já nos jornais paulistas, encontrei, por incrível que pareça, algumas notícias sobre o ramal. Esparsas, não dão conclusão alguma sobre o que realmente aconteceu, mas vamos lá:

Em "O Estado de S. Paulo", consegui cinco notícias: em 1940, o Ministro da Viação e Obras Públicas estava distribuindo material ferroviário adquirido pelo Governo (leia-se Getulio Vargas) nos Estados Unidos e uma parte (40 quilômetros de trilhos, duas locomotivas, 13 vagões fechados, 15 pranchas de bordo e 15 pranchas) para "a parte concluída do ramal Coroatá-Peritoró". Realmente, a linha que operou tinha 38 quilômetros, mas isso somente ocorreria no mínimo 17 anos mais tarde!

A segunda notícia é de 1946, quando justificou-se uma emenda apresentada ao Ministério da Viação, que consignava uma verba de 10 milhões de cruzeiros para o prosseguimento da construção do ramal Coroaté-Pedreiras. Pedreiras era a cidade após Peritoró que deveria receber o ramal como estação terminal. Aparentemente, os trilhos nunca chegaram a esta cidade.

Mais uma notícia veio em 1950, quando o Presidente da República assinou decreto aprovando projeto e orçamento para o segundo trecho do ramal Coroatá a Pedreiras. Seria, de novo, o trecho de Peritoró a Pedreiras?

A quarta notícia surge em 1956, quando se reclamava a liberação da verba de 9 milhões e meio de cruzeiros para o ramal Coroatá-Pedreiras e aplaudiu a incorporação do mesmo à E. F. São Luis-Teresina (ué, já não estava?), defendendo também a conclusão do ramal "numa zona produtora".

Finalmente, em 1974, quando o prefeito de Coroatá reclamava providências imediatas para a reativação do ramal que ligava a cidade a Peritoró. Por este pedido, dá apenas para concluir que um dia o ramal realmente havia operado e que o trecho nunca havia passado de Peritoró (embora na Wikipedia conste que a ferrovia havia sido construída até o lugarejo de Independência, que ficava adiante de Peritoró e hoje é um bairro afastado deste município).

Mas por que o ramal funcionou por tão pouco tempo e por que nunca foi completado? A provável explicação está no fato que, em 1958, Peritoró tornou-se o principal entroncamento rodoviário entre São Luís e o sul do País. Ainda por cima, em 1969, essa rodovia recebeu asfalto. Isso acabou com qualquer esperança de ramal econômico para o local.

Finalmente, consta que Peritoró tinha uma estação muito bonita. O que terá acontecido com ela? Ainda existirá?


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