Acima, Santana de Parnaíba em 1939. As outras cidades da Grande SãoPaulo
nao eram muito diferentes em tamnho nessa época.
Fico imaginando como seria a Grande São Paulo se ela existisse como entidade anos atrás. Recuando quase quatrocentos anos, ela teria apenas três municípios em 1625: São Paulo, Parnaíba e Mogi das Cruzes. Todas as outras 37 cidades que existem hoje dentro da área metropolitana estariam inseridas dentro dessas três. Praticamente nenhuma outra existia nem como bairro: apenas Barueri e Carapicuíba, que se tornariam municípios séculos depois, estavam ali, e, mesmo assim, os atuais centros dessas cidades não estão onde eram nessa época.
Somente como curiosidade: mesmo depois da criação do distrito de Carapicuíba, em 1949 (a área era um bairro de Santana de Parnaíba e com a criação do distrito foi subordinado ao novo município de Barueri, criado também nesse ano), a Aldeia de Carapicuíba, do século XVI, pertencia a Cotia. Somente em 1963, com a criação do município, desmembrado de Barueri, a Aldeia foi incorporada ao município que levava seu nome. Aliás, levava o nome não por causa da aldeia, mas por causa da fazenda onde o atual centro da cidade se formou, em volta da estação ferroviária criada nos anos 1920.
De qualquer forma, a região metropolitana de São Paulo somente foi formada quando se viu a necessidade de tal medida. Não sei a data, creio que foi no final dos anos 1960 – alguém me corrija se for o caso. No século 19, embora (obviamente) as distâncias entre os centros das cidades que hoje a formam fosse o mesmo, era tudo mais longe, considerando o tempo para alcançar cada uma delas, com estradas muito ruins e falta de meios de transporte rápidos. Andava-se muito a cavalo, carro de boi e mesmo a pé. Com a chegada da ferrovia, a partir dos anos 1860, não somente se criaram novos núcleos, sendo que alguns passariam mais tarde a municípios, como também se desenvolveram os já existentes.
Quem ficou fora delas não teve a mesma sorte: Santana de Parnaíba, por exemplo, que já vivia em isolamento antes, teve o seu isolamento aumentado e é hoje, dentro das cidades da Grande São Paulo, uma cidade diferenciada, onde se respira séculos passados. Compare-a com Cotia, por exemplo: esta também não tinha via férrea, mas a proximidade com a estrada para Curitiba – hoje Raposo Tavares – acabou por dar-lhe um desenvolvimento maior, embora enfeiando a cidade.
Em 1850 a inexistente Grande São Paulo tinha apenas cinco municípios — São Paulo, Parnaíba, Mogi das Cruzes, Santa Isabel e o já desaparecido Santo Amaro —, que já haviam se transformado em oito, em 1877 — a eles se adicionaram Itapecerica, Cotia e Santa Isabel. Todas cidades pequenas e pobres, com exceção da Capital, que, afinal, tinha, no mínimo, as atividades da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco e as funções administrativas do Governo da Província. Com o café e as linhas férreas, a população de São Paulo já havia duplicado em 1880; neste ano, a emancipação de Guarulhos e, pouco tempo depois, de Juqueri e São Bernardo elevaria o número das cidades da “Grande São Paulo” para onze. Destas onze cidades, apenas São Paulo, Mogi das Cruzes, Parnaíba, Juqueri (hoje Mairiporã), São Bernardo e Cotia tinham ferrovia, sendo que nas quatro últimas, ela passava a uma distância demasiado grande (mais de dez quilômetros) da sede das vilas. Nestes quatro casos, mais tarde todas as estações afastadas tornaram-se novos municípios – respectivamente, Barueri, Franco da Rocha, Santo André e Itapevi.
Os desmembramentos dentro da futura área metropolitana e no Estado criaram força a partir dos anos 1930: de nove municípios na virada do século, hoje são quarenta. Osasco, Santo André e Guarulhos são as maiores cidades, fora São Paulo – lembrando sempre que tamanho de cidade se conta não em área, mas em população.
Hoje, a Grande São Paulo tem diversos municípios conurbados, pouca área rural, esta existente somente nas regiões mais distantes da Praça da Sé, e uma dificuldade de governabilidade muito grande. E olhe que, nos anos 1930, era muito comum se alardear na imprensa que a tendência seria que em pouco tempo os municípios ao redor de São Paulo seriam incorporados à Capital, “para facilitar as coisas”. Deus me livre!!! Somente Santo Amaro foi encampado, em 1934.